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Dia de Portugal: Oportunidade para reunir e voltar a motivar a comunidade

milenio stadium - desfile laurentino

 

A pandemia parece aos poucos estar ficando para trás, os convívios e as festas já são agora permitidos e a vida vai retomando seu caminho. É também tempo da comunidade portuguesa voltar a juntar-se e celebrar a sua gente e suas conquistas, além de avaliar como manter, e melhorar, suas representatividades.

O momento é oportuno, junho está logo aí e marca o período dedicado para as comemorações da Semana de Portugal, onde uma série de atividades homenageia e relembra o espírito de luta dos primeiros imigrantes a se estabelecerem aqui, e as consequentes gerações de descendentes que mantêm a portugalidade viva nessas terras geladas do Norte.

Para nos falar um pouco sobre a atual situação dos clubes e associações nessa retomada das atividades, a expectativa para as celebrações da Semana de Portugal e nos dar uma visão sobre o que esperar do futuro dessas entidades e a possibilidade da construção de uma única casa, a chamada “Casa de Portugal”, que abrangeria todos essas entidades, estivemos à conversa com o vice-presidente do Conselho de Presidentes da ACAPO (Aliança de Clubes Portugueses e Associações de Ontário), Laurentino Esteves. Ele nos falou sobre a importância ímpar que a celebração do Dia de Portugal neste ano terá e que julga será um “divisor de águas” para reunir e voltar a motivar a comunidade a participar ativamente nos clubes e associações, que lutam para se manterem depois das dificuldades enfrentadas durante o período pandêmico.

milenio stadium - Laurentino Esteves DRmilenio stadium - Laurentino Esteves DRMilénio Stadium: Os mais de dois anos de atividades interrompidas por causa da pandemia com certeza afetaram e trouxeram consequências para os clubes e associações de Ontário. Como está, de maneira geral, a situação dos integrantes da Aliança?
Laurentino Esteves: Esse período de pandemia foi particularmente difícil para aquelas associações que tinham as suas casas próprias e que naturalmente dependiam do público para fazerem suas atividades, como eventos e festas. Como sabemos, a pandemia privou-nos de todo esse tipo de convívio durante um bom tempo e ficamos sem poder associar pessoas, que é o motivo fim de uma associação. Esses mais de dois anos vivendo com restrições criou a todos nós enormes problemas e tivemos infelizmente duas associações que tiveram que fechar as suas sedes porque não conseguiram aguentar os custos das casas: a Casa dos Poveiros e o Rancho da Associação Estrelas do Norte. Ambos se mantêm como associações, porém sem instalações próprias. Essas duas são as que temos conhecimento, mas pode haver outras mais que, se não perderam as casas, atravessaram muitas dificuldades. Sem atividades não é possível criar receitas. Em relação aos subsídios que foram disponibilizadas pelo governo em diferentes níveis, infelizmente nem todas as associações se qualificavam para tanto, além disso, vale destacar que elas teriam que devolver parte desse apoio no futuro.

Milénio Stadium: Aos poucos a pandemia está ficando para trás e as atividades e eventos associativos retornando à normalidade. O que podemos esperar desse retorno e teremos possíveis novidades para a comunidade?
L.E: A situação continua complicada para muitos clubes. A pandemia nos trouxe outro enorme problema: as pessoas durante esse período habituaram-se a ficar em casa, a outras rotinas, portanto vai ser difícil agora conquistá-las de volta. As associações estão a abrir, ainda que com algum receio, mas vão encontrar algumas dificuldades em conseguir o mesmo número de participantes. Os ranchos folclóricos foram muito afetados, desde logo porque é uma atividade em conjunto e que implica contato físico, portanto, faz muito tempo que os grupos não se podem juntar nem para fazer ensaios, que normalmente eram semanais ou quinzenais. Os jovens, a maioria deles integrantes desses grupos, acabaram por mudar suas rotinas e aí existem grandes dificuldades em retomar os ensaios etc. Eu quero crer que as celebrações da Semana de Portugal promovidas pela ACAPO vão ser o grande motivador, e se calhar o grande motivo, para os grupos se juntarem novamente e participarem, quer no desfile do Dia de Portugal, quer no Festival de Folclore “Raízes do nosso povo” nos dias 10, 11 e 12 de junho no Earlscourt Park, junto à intersecção da Caledónia Road com a St. Clair Av., em Toronto. Eu tenho tido a honra de ter apresentado nos últimos tempos esse festival e para se ter uma ideia, em 2019 foram 23 ranchos participantes, este ano serão oito grupos a dançar, mais eu não digo infelizmente. Mas tenho uma visão positiva: essa descida não significa que os grupos acabaram, apenas não estão prontos para dançar porque não tiveram ensaios. Na parada do Dia de Portugal são mais grupos que participarão, mas para o festival em si nem todos estavam aptos. A nossa esperança é que com esse reencontro eles reativem os ensaios, vejam os outros dançarem e se animem também para voltar em pleno às atividades folclóricas.

Milénio Stadium: Quais os principais desafios que os movimentos associativos enfrentam na atualidade? Falta de interesse da comunidade, falta de apoios públicos para que se mantenham abertos?
L.E: A pandemia, além de todas as consequências que já mencionei, financeiras ou de impossibilitar o convívio, deixou as pessoas de modo geral mais desmotivadas. É preciso haver incentivo, e não precisa ser monetário, tem que ser um incentivo para voltarmos a acreditar em nós próprios e voltarmos a juntar as pessoas. E essa é uma tarefa que cabe a todos: aos dirigentes associativos, aos sócios e a comunidade em geral, a comunicação social, todos temos um papel a desempenhar, não podemos ficar só à espera que sejam o presidente da associação ou os diretores a darem um passo, tem que ser um passo em conjunto: os sócios, dirigentes associativos e também os portugueses em geral têm que se unir à volta de sua região, de sua casa ou clube favorito, e há gosto para todos: Norte, Centro e Sul do Continente e as Ilhas dos Açores e da Madeira. E fica aqui nosso agradecimento aos voluntários dessas diferentes associações, que são as pessoas que por trás das cortinas fazem com tudo seja possível, um obrigado especial aos voluntários da ACAPO.

Milénio Stadium: A comunidade portuguesa tem diversas associações e clubes representativos de diferentes regiões do país o que pode provocar algumas divergências. Acredita que ainda é possível criar a tal Casa de Portugal que represente todos os clubes e associações?
L.E: A Casa de Portugal é um sonho antigo e a minha visão é um pouco diferente da maioria das pessoas que ouço falar sobre esse assunto. A Casa de Portugal faz todo o sentido, mas este precisa ser um passo gigante e creio que infelizmente as nossas associações ainda não estão preparadas para tanto. Muitas ainda olham apenas para seus interesses e não veem a “casa maior”, digamos assim. O nosso bairrismo é saudável, mas ao mesmo tempo corta uma visão maior, que é a Casa de Portugal. A minha visão, que já compartilhei outras vezes em público, é de que a Casa só será possível quando as pessoas se aperceberem que o bem maior é de fato a construção dessa Casa, que precisa ser um centro português de excelência, não pode ser apenas mais uma associação, tem que estar acima disso. E só será possível se abarcar um enorme salão para atividades, um centro português com biblioteca, escola para aprendizado da língua, um lar de idosos, restaurantes, um ginásio, piscina, ou seja, um centro de excelência, que consiga se manter com as suas receitas próprias. O Japão por exemplo, tem em grandes centros urbanos, a “House of Japan”, seria um exemplo do que poderíamos fazer.
Também considero que neste momento, depois de uma pandemia, onde as associações estão tentando se reerguer e arranjar formas para manterem suas casas abertas, não é a melhor altura para entrarmos nesse debate. Essa é a minha visão, sei que não é consonante com a de outras pessoas.

Milénio Stadium: A expectativa da comunidade para os festejos da Semana de Portugal este ano é grande. O que pode nos adiantar sobre o programa?
L.E: Os festejos da Semana de Portugal são a manifestação da nossa portugalidade ao nível máximo. É a cereja no topo do bolo, montra maior do que é a nossa tradição, costumes, qualquer português que se identifique tem que vir participar, seja desfilando ou na plateia. E esse ano será ainda mais especial, será o Dia D para nós lançarmos nossa atividade sociocultural na comunidade. E os momentos altos são sem dúvida a Parada do Dia de Portugal, no dia 11 de junho, e no dia 5 de junho a homenagem aos Pioneiros no High Park. Nesta sexta-feira (13), data em que se comemora os 69 anos da imigração oficial portuguesa ao Canadá, a partir das 18h30 será divulgada a programação completa da Semana de Portugal numa celebração na Camões Square, na College St, realizada pela direção da ACAPO, através do presidente Joe Eustáquio.

Lizandra Ongaratto/MS

 

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