Temas de Capa

“Deus é o Boss!” – Romina Rodriguez

Família de Romina e Daniel Rodriguez

 

Uma menina de 15 anos, um rapaz de 12, outro de oito, uma menina de sete e outra de cinco, uma menina de um ano e nove meses e um bebé de quatro meses. Sete filhos. Convenhamos que nos dias de hoje, esta é uma família portuguesa pouco comum. Os pais, Daniel e Romina Rodriguez, já vinham de famílias numerosas e, em grande medida por isso, a ideia que tiveram foi sempre de ter vários filhos, embora sete nunca tenha passado pela cabeça nem do pai, nem da mãe.

Num mundo ocidental que se assusta com as taxas de natalidade baixas e as consequências que daí poderão advir, a família Rodriguez constrói-se muito estruturada na fé e na convicção de que os filhos para além de serem uma bênção, são também uma oportunidade para os pais aprenderem – “com a paz que transmitem”. E, na realidade, foi sem ponta de agitação que Romina Rodriguez, a mãe que deixou de trabalhar ao quarto filho para se dedicar inteiramente à família, nos contou como é vivido o dia a dia de uma família numerosa. As regras são claras para todos (por exemplo, nada de tecnologia durante a semana) e tudo parece tornar-se mais fácil quando todos (os mais velhos, claro) cumprem e ajudam na lida da casa e a cuidar dos irmãos mais novos. Se a família fica por aqui ou se ainda vai aumentar Romina não sabe e garante que “Deus é o Boss”.

Milénio Stadium: Nos dias de hoje não é comum uma família com sete filhos. No vosso caso foi uma decisão vossa – ter uma família numerosa?
Romina Rodriguez: Eu nunca pensei um número. O meu marido dizia que sim, que queria uma família numerosa, mas o “numerosa” na sua mente, era quatro filhos. E eu quando era pequenina dizia que queria cinco filhos, porque éramos cinco irmãos. Na família do meu marido eram quatro irmãos.

MS: Portanto, os dois já estavam habituados a ter a casa cheia…
RR: Exato.

MS: E agora ficou por aqui a família, com as quatro meninas e os três rapazes?
RR: Deus é o Boss (risos). Se eu ficar grávida… fico.

MS: Como se organiza uma casa com sete filhos? Como é o seu dia a dia?
RR: Acordo com o meu marido, preparo o almoço para ele e tomo o meu pequeno-almoço. Depois tenho um pequeno momento de oração e tenho que acordar os meninos às 6h20. Uma das raparigas anda na Escola Francesa e apanha o School Bus às 7h20. Depois tenho que levar a mais velha à High School. Às 9h um dos rapazes vai a caminhar para outra escola e a outra menina vai para a School of Arts e essa eu tenho que a levar. Quando venho é que faço coisas com os meninos mais pequenos.

MS: E quando é que fica um bocadinho sossegada?
RR: Quando os bebés estão a dormir a sesta.

MS: E como é preparar as refeições para todos?
RR: Para mim é normal. Sabe que isto tem sido gradual. Não é acordar e de repente tens sete filhos. Nem se dá conta… tem que se pôr um pouco mais de pasta ou de carne, mas não é muito porque são pequeninos. É como muitas outras coisas que eu faço… é quase inconsciente. Na minha mente está já tudo organizado de tal maneira, que nem dou conta. O meu pai vem ajudar a fazer a “laundry”, porque é muita roupa. Vem uma vez por semana. Para mim é uma grande ajuda.

MS: Por falar em ajuda… o Canadá ajuda as famílias a terem mais filhos?
RR: Eu não tenho nenhuma queixa. Eles dão um benefício para ajudar as pessoas. O meu marido tem um bom trabalho, então eu não preciso de muitos benefícios. A minha situação, acho que é diferente de uma pessoa que tem um trabalho mais humilde. Mas eu acho que há possibilidades. É como tudo, quem precisa tem que procurar. Mas o que se recebe depende do que a família tem de “income”. Eu fiquei em casa depois do quarto filho, deixei de trabalhar, na altura pensava que era impossível continuar a fazer o que fazia. Mas a maneira de pensar muda e Deus prevê. Depois também não tinha Day Care, e o benefício dos meninos subiu também. E, fazendo as contas, é melhor ficar em casa do que ter os meninos no Day Care, sem a mãe. A relação que se tem com os filhos é melhor, estando com eles todos os dias, aprende-se a falar com eles, a interagir com eles, a fazer coisas com eles… quando se trabalha fora a paciência para os filhos é muito menor.

MS: Que tipo de atividades tem com os seus filhos? Quando eles estão todos em casa?
RR: Durante a semana não deixo que eles tenham acesso à tecnologia. Eles têm um piano, tocam, temos jogos de mesa (jogamos muito). Só aos fins de semana podem mexer em computadores ou algo semelhante para brincar.

MS: Mas porque decidiu estabelecer esta regra?
RR: Porque eu vi o efeito da tecnologia neles. E então pensei que era melhor durante a semana para eles fazerem os “homework”, mais concentrados. Portanto, não há tecnologia durante a semana. É que o tempo que eles têm aqui em casa é pouco tempo, chegam, tomam banho, comem… é pouco tempo. Têm que fazer outras coisas e eles ainda têm atividades extracurriculares. Por isso é pouco tempo.

MS: Como é que eles interagem uns com os outros?
RR: Têm as suas birras, mas nada fora do normal entre irmãos. Por isso, sim… relacionam-se bem. Os que têm a idade mais próxima têm melhor relação. As meninas de sete e cinco anos são muito unidas. E todos tomam conta dos mais pequenos. Estão sempre a ver como estão… todos ajudam. Têm que ajudar.

MS: Como se sente como mãe?
RR: Estou sempre a aprender. Todos os dias. Eles dão-nos mais do que nós a eles – o amor, a inocência, as crianças têm um amor incondicional por nós. Além disso, há a paz que elas transmitem. A mim tocam-me no coração.

MS: Ultimamente na GTA têm acontecido casos de violência nas escolas ou fora delas, provocados por jovens ou até podemos dizer quase crianças. Acha que a forma como essas crianças são acompanhadas (ou não acompanhadas) pelos pais influencia depois os filhos e gerar esta agressividade dentro deles?
RR: Acho que sim. Totalmente! Mas não é só isso, é também a cultura. A cultura do país, o que se passa nas redes sociais… é tudo! É também falta de fé, falta de sentido familiar. Há muitas razões importantes, como por exemplo a falta de partilha em família. As coisas materiais estão a tomar o lugar das coisas que valem mais.

Madalena Balça/MS

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