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“Cuidar dos que já cuidaram de nós”

Magellan precisa de $15,2 milhões para passar do sonho à realidade

Com a pandemia da COVID-19 ficou claro que os seniores de Ontário precisam de um lugar digno para residir. No entanto, muito antes da pandemia pôr em evidência esta realidade, foi precisamente com este objetivo em mente que um grupo de pessoas decidiu unir forças e criar um lar para os idosos de origem portuguesa, que residem nesta província. O projeto tem 156 camas e 60 apartamentos de assistance living e affordable housing e para que o Magellan Community Centre passe do sonho à realidade a equipa precisa de angariar $15,2 milhões de dólares.

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Magellan community Centre projeto fachada.

Ulysses Pratas fundou a Presteve Foods, em 1979, uma empresa líder na América do Norte na apanha, transformação e distribuição de peixe de água doce congelado. Atualmente, Ulysses Pratas é o Chair da Magellan Community Foundation e esta semana aceitou dar uma entrevista ao Milénio Stadium. 

Com o escândalo da WE Charity muitos são os que perguntam se valerá a pena doar dinheiro para este tipo de instituições e se as verbas vão ser realmente bem utilizadas. Ulysses Pratas, responsável pela campanha de angariação de fundos, garante que este projeto “é uma oportunidade única para a comunidade portuguesa” e sublinha que “toda a gestão é absolutamente transparente”.

Ulysses Pratas explica ainda que no projeto existe apenas uma pessoa paga a tempo inteiro (Sara Isabel Dias, Diretora Executiva), uma a tempo parcial (Richard Ramos, Project Manager) e assegura que todos os outros nomes são apenas voluntários. Da direção para além de Ulysses Pratas fazem parte os seguintes nomes: Charles Sousa, antigo ministro das Finanças de Ontário; Manuel DaCosta, fundador e proprietário da Viana Roofing; John P. Ferreira, advogado especialista em direito imobiliário; Jack Prazeres, fundador e proprietário do Senso Group Building Supplies; Vítor Fonseca, vice-presidente e tesoureiro da Romspen Investment; Elisabeth Mendes, profissional de políticas públicas e Irene Faria, contabilista certificada (recentemente aposentada do MNP LLP).

Milénio Stadium: Quando é que a campanha de recolha de fundos começa e qual é o objetivo? Quanto é que precisam de angariar e quais são as fases da campanha?

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Ulysses Pratas é o Chair da Magellan Community Foundation. Foto:DR

Ulysses Pratas: Estamos numa fase inicial de recolha de fundos, já temos alguns permits, mas ainda precisamos de mais. Agora estamos na fase do Case for Support, que é o documento que explica o porquê do projeto e só com um bom case of support é que vamos conseguir receber a confiança da comunidade. Esta é a nossa única oportunidade para deixar uma marca portuguesa na cidade de Toronto e GTA. O nosso objetivo é angariar $15,2 milhões e temos apenas dois anos para conseguir juntar esta verba. Agora precisamos que a comunidade conheça melhor o projeto e fale, dando a sua opinião sobre o Magellan Community Centre, porque o sucesso do projeto vai depender da reação da nossa comunidade a esta obra que lhe é dirigida. É fundamental aumentar as receitas. Em 2014 mais de 6 milhões de canadianos tinham 65 anos ou mais, o que representa mais de 15% da população total do país. Em 2030, os idosos vão ultrapassar os 9 milhões de habitantes, mais de 20% da população. A nossa comunidade portuguesa que reside no Ontário não é nenhuma exceção, estamos a envelhecer e precisamos de um espaço digno para cuidar dos que já cuidaram de nós.

MS: A COVID-19 atrasou o sonho? Com o dinheiro que os governos estão a gastar com a pandemia, corre-se o risco de nos próximos anos/décadas não haver tanto investimento público para áreas críticas como a Saúde. Agora, mais do que nunca, cabe à sociedade civil garantir a construção do Magellan?

UP: É evidente que ninguém estava à espera desta pandemia, mas apesar de tudo estamos otimistas, embora não escondamos que veio tornar tudo mais difícil. Na minha perspetiva julgo que a pandemia veio valorizar o Magellan Community Centre porque trouxe ao debate público que a terceira idade precisa de atenção. Vamos ter que ser criativos e adaptarmo-nos aos novos desafios, mas acredito na boa vontade das pessoas. É urgente e necessário criarmos uma boa rede de lares e de cuidados continuados. Ontário criou uma lista de regras novas para este tipo de estrutura que na realidade já tinham sido antecipadas pelos nossos parceiros. Algumas das camas do projeto já estão separadas por paredes, mas obviamente que se for necessário fazermos ajustes no projeto, estamos completamente abertos.

MS: Como é que as pessoas podem doar o dinheiro? Há alguma conta bancária para onde podem transferir o dinheiro? Têm eventos físicos previstos? Há valores mínimos para doar?

UP:  Para já aconselho as pessoas a procurarem ou entrarem em contacto com um dos nossos diretores para obterem mais informações ou então basta entrarem em contacto com a nossa diretora executiva, Sara Isabel Dias, através de telefone ou email: 416-587-3715 ou [email protected]. Mas também podem consultar a nossa webpage e lá vão encontrar informações úteis sobre o nosso projeto – https://magellancommunitycharities.ca/. No futuro vamos realizar eventos públicos, mas para já, por causa da pandemia, como todos sabem, não é possível.  Vamos ter que ser muito criativos ao nível das redes sociais e funcionar mais a nível virtual.

MS: Como é que funciona a gestão de uma conta bancária destas? O valor inicial que conseguirem juntar é para investir em quê?

UP:  A construção está prevista para começar em outubro de 2021, com a abertura oficial planeada para o verão de 2023 para coincidir com o 500º aniversário da expedição histórica de Fernão de Magalhães, o primeiro descobridor a completar uma viagem de circum-navegação ao mundo. Mas até lá temos uma longa maratona pela frente e são necessários muitos permits até que as primeiras paredes comecem a surgir no 640 da Lansdowne Avenue, em Toronto.

MS: Depois do escândalo da WE Charity a confiança dos canadianos neste tipo de instituições foi afetada. A Magellan é diferente da WE? Porque é que podemos confiar neste projeto e como é que garantem que o dinheiro vai ser bem utilizado?

UP:  É importante informar a nossa comunidade que todos os nossos diretores são voluntários sem qualquer tipo de vencimento. Apenas a nossa diretora executiva, a Sara Dias, que conta com vários anos dedicados a causas semelhantes, é que tem uma remuneração fixa. Temos a obrigação de ser transparentes a nível federal, provincial e municipal. Cada um de nós entrou no projeto porque acredita que vai beneficiar toda a comunidade portuguesa e luso-descendentes que residem no Ontário. O Magellan Community Centre vai ser um espaço onde os nossos idosos podem falar português entre si e com os funcionários e a cultura portuguesa vai estar sempre em destaque – seja através da gastronomia ou através da música ou dos trabalhos manuais.  O Magellan vai ser uma casa portuguesa que vai ter interação com a comunidade onde está inserida. As crianças das escolas vão poder interagir com os nossos idosos, o que é extremamente benéfico para as duas gerações. 

Joana Leal/MS

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