Canadá compromete-se a limitar emissões do setor do petróleo e óleo e EUA criticam ausência de China e Rússia
COP26

O Canadá vai impor um limite rígido às emissões do setor do petróleo e óleo. O compromisso foi assumido esta semana pelo primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, que marcou presença na cimeira do clima das Nações Unidas (COP26) que decorreu este ano na Escócia.
Trudeau reconheceu que a meta era ambiciosa para um país produtor de energia fóssil, mas sublinhou que o “grande compromisso” deveria inspirar outros países ricos a reduzirem as suas emissões. A indústria é uma das maiores do Canadá e o primeiro-ministro recém-reeleito quer ajudar a limitar o aquecimento global.
Num discurso de dois minutos em frente a outros líderes mundiais, Trudeau disse que “não é uma tarefa pequena para um grande país produtor de petróleo e óleo, mas é um grande passo que é absolutamente necessário”. As Nações Unidas querem reduzir as emissões para zero até 2050 e a redução das emissões de metano são parte do compromisso.
Em 2019, o sector do petróleo e do óleo do Canadá foi responsável por 191 megatoneladas de emissões de gases com efeito de estufa, o que corresponde a 26% do total das emissões do país. A segunda maior fonte de emissões do país é o sector dos transportes, que emitiu 186 megatoneladas. Desde 1990, as emissões do setor do petróleo e óleo quase que duplicaram, o que se explica pela grande expansão da indústria petrolífera e do óleo.
A Associação Canadiana de Produtores de Petróleo, o grupo que representa os interesses do petróleo e do óleo, argumenta que o Canadá é responsável por menos de 1,5% das emissões mundiais de gases com efeito de estufa e que os esforços globais em matéria de alterações climáticas deveriam ser dirigidos ao carvão, que ainda representa metade de todas as emissões.

Mais de 100 países, entre os quais se incluem Portugal e o Canadá, também se comprometeram esta semana a reduzir até 2030 as emissões de metano até 30%.
O metano é um gás com um poderoso efeito de estufa, muito superior ao dióxido de carbono. O metano é responsável por 30% do aquecimento do planeta desde a revolução industrial e no Canadá a indústria petrolífera e a agricultura são os maiores emissores. A extração de petróleo gera 40% das emissões de metano do Canadá e a agricultura gera quase 30%.
Para além da redução de metano, o grupo de países comprometeu-se também a avançar para a utilização de nova tecnologia que já está disponível no mercado para quantificar as emissões de metano. Isto porque este gás em particular não tem cor nem apresenta cheiro, o que por si só dificulta a sua identificação na atmosfera.
Devido à crise política que se vive em Portugal, o primeiro-ministro António Costa foi um dos ausentes da cimeira, mas China e Rússia também não apareceram. Uma atitude que foi criticada pelo presidente dos EUA, Joe Biden, que disse que os dois países viraram as costas às alterações climáticas. A cimeira ficou ainda marcada pela assinatura de um acordo para travar a desflorestação até 2030 de forma a ajudar a combater as alterações climáticas. Brasil e Rússia, dois dos países acusados de acelerar a desflorestação nos seus territórios, assinaram o documento.
Para os mais críticos estes discursos não passam de boas intenções e o mundo continua a caminhar para aquilo a que o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, chamou de “catástrofe climática”.
As Nações Unidas escolheram este ano um dinossauro como protagonista da sua campanha de sensibilização para as alterações climáticas. O vídeo chama-se “não escolham a extinção” e nele aparece um dinossauro que diz que sabe “uma ou duas coisas sobre extinção”. O animal extinto diz que é altura dos humanos pararem de arranjar desculpas e começarem a fazer mudanças reais.
A cimeira ficou também marcada por várias manifestações de grupos de ativistas que lutam pelo combate às alterações climatéricas. “Líderes mundiais: parem com os jogos climáticos” e “derramem verdade e não combustível” foram alguns dos slogans originais que os ativistas levaram para conseguir a atenção dos líderes e da comunidade internacional na Escócia.
Joana Leal/MS
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