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Campanha política dominada pelas vacinas COVID-19

De acordo com a publicação de investigação em linha Our World in Data, o Canadá é líder mundial em vacinação contra a COVID-19. O país ultrapassou Israel e já vacinou 72% da sua população elegível com a primeira dose. Cerca de 63% da população canadiana está agora totalmente vacinada, os dados são relativos a terça-feira (17) e mostram uma grande diferença em relação ao mês de dezembro quando as primeiras doses da Pfizer, a primeira vacina aprovada pela Health Canada, chegaram ao país para imunizar pessoas ligadas à área da saúde e população indígena que vive em regiões remotas.

Até agora o Canadá aprovou quatro vacinas: Pfizer/BioNTech, Moderna, AstraZeneca/COVISHIELD e Janssen (Johnson & Johnson). Depois de alguma hesitação inicial, que poderá ser atribuída à formação de raros coágulos sanguíneos associados às vacinas da AstraZeneca, os canadianos responderam ao apelo de líderes políticos e de autoridades de saúde e a grande maioria percebeu que as vacinas COIVD-19 são a melhor arma contra o novo vírus e a única forma de voltar a ter uma vida normal, ou pelo menos sem tantas restrições.

Campanha política dominada  pelas vacinas COVID-canada-mileniostadium
Créditos: DR.

Depois de muito se especular se as vacinas deveriam ou não ser obrigatórias, o governo federal anunciou na passada sexta-feira (13) que os trabalhadores federais afetos a determinados setores, nomeadamente companhias aéreas e empresas ferroviárias, iam precisar de ser vacinados contra a COVID-19. Caso contrário estes trabalhadores vão precisar de apresentar testes negativos periodicamente. O anúncio de Otava aconteceu poucos dias depois do Quebec confirmar que em setembro vai criar um passaporte doméstico de vacinação COVID-19. Para o Premier, François Legault, o documento é necessário para evitar novos confinamentos e para proteger o serviço de saúde. Os habitantes do Quebec passam assim a ter de provar que têm as duas doses da vacina COVID-19 antes de terem acesso a restaurantes, salas de cinema, ginásios e concertos.

O primeiro-ministro Justin Trudeau confirmou que no início do outono os canadianos vão ter um passaporte internacional de vacinação COVID-19. O documento vai ser disponibilizado em papel ou em versão digital e o ministro da Imigração, Marco Mendicino, confirmou que nele vão constar informações sobre a data e o tipo de vacina que a pessoa recebeu. Se as províncias e territórios assim o entenderem, vão poder utilizar o mesmo documento nas suas respetivas jurisdições.

Dezenas de países de todo o mundo têm requisitos de vacinas COVID-19 para viagens e muitos lançaram recentemente a sua própria versão de um passaporte de imunização. A maioria, como é o caso da União Europeia, são digitais, enquanto outros, como a versão japonesa revelada em finais de julho, estão a começar no papel. O Quebec e Manitoba optaram por seguir este caminho, mas outras províncias insistem que não faz sentido tornar a vacina obrigatória porque devem ser os canadianos a decidir se querem ou não ser vacinados contra a COVID-19.

Alberta é uma das províncias que se opõe completamente contra a obrigatoriedade da vacina, mas Ontário, depois de defender o mesmo ponto de vista, esta semana criou uma regra semelhante à que foi definida por Otava em relação a dois setores específicos.

O governo da província mais populosa do país, onde residem mais de 14 milhões de habitantes, anunciou na terça-feira (17) que os trabalhadores do setor da saúde e da educação vão precisar de apresentar comprovativo de vacinação junto do seu empregador e aqueles que não quiserem vão ser obrigados a fazer um teste rápido à COVID-19 entre duas a três vezes por semana. A mudança surge depois de várias pressões para tornar a vacina obrigatória e surge alinhada com o que tem vindo a ser defendido pelo líder nacional do PC. Erin O’Toole acredita que os canadianos não devem ser obrigados a serem vacinados e que devem antes ser testados à COVID-19 se entenderem não receber a vacina.

Depois de muito se falar sobre a necessidade de administrar uma terceira dose para reforçar a proteção contra a COVID-19, o principal médico de Ontário, Kieran Moore, confirmou na terça-feira (17) que a província vai disponibilizar a terceira dose para as pessoas com mais risco de desenvolverem doenças graves, o que inclui idosos que residem em lares de terceira idade. Ele confirmou que a terceira dose vai ser disponibilizada para esse grupo de idosos cinco meses depois de receberem a segunda dose. Algumas destas doses extra começaram a ser administradas esta semana. 

Nos últimos meses a imprensa já tinha divulgado que Trudeau deveria convocar em breve eleições e antes da confirmação da data oficial a Chefe de Saúde Pública do Canadá, Theresa Tam, já tinha dado garantias de que era possível votar presencialmente em segurança apesar da pandemia. Segundo ela existe a possibilidade de ajustar os protocolos de saúde que estão em vigor em todo o país em conjunto com as elevadas taxas de vacinação para proteger os eleitores no local do voto.

Para a Chefe de Saúde Pública do Canadá, as eleições que foram realizadas em julho provam que os protocolos de segurança funcionam. Na primeira vez que Tam se pronunciou sobre a segurança em torno do ato eleitoral a responsável levantou a hipótese de se ajustar os protocolos de saúde pública de acordo com as taxas locais de COVID-19. 

Tam diz que os eleitores que sentirem que correm riscos de saúde no ato do voto devem fazê-lo por correspondência. A contagem dos votos pode demorar alguns dias devido ao elevado número previsto de votos por correspondência.

A Elections Canada vai entregar equipamento de proteção individual a todos os trabalhadores que estiverem nas mesas de voto e o local de voto vai ser desinfetado com regularidade. As mesas de voto vão cumprir a distância física e em cada uma delas vai estar apenas um funcionário. A Elections Canada diz que as províncias vão decidir se querem que os eleitores usem máscara na votação presencial.

Por causa da pandemia a agência antecipa dificuldades para recrutar trabalhadores para as urnas e refere que tem capacidade para processar até cinco milhões de boletins de voto por correspondência.

A vacinação tem dividido os partidos nos primeiros dias de campanha e enquanto que o líder dos Liberais, Justin Trudeau, defende que as vacinas são o caminho para sair da pandemia, o líder dos Conservadores, Erin O’Toole, argumenta que os canadianos não deveriam ser obrigados à imunização. 

Nos EUA a politização da vacina fez com os americanos não respondessem aos apelos das autoridades de saúde para receberem as duas doses da vacina COVID-19, quem o diz é o diretor do Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas dos EUA, Anthony Fauci. O diretor acredita que os canadianos são diferentes dos americanos porque não recusam as vacinas “com base na ideologia e na persuasão política”.

Estima-se que mais de cinco milhões de canadianos ainda não tenham recebido nenhuma dose da vacina apesar de uma elevada oferta. A última eleição federal do Canadá foi em outubro de 2019, cinco meses antes da Organização Mundial de Saúde declarar a COVID-19 como pandemia mundial.

Joana Leal/MS

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