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Bancos alimentares no Canadá: Quem são aqueles que buscam por ajuda

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Os números tendem a ser precisos e frios. Esses no caso, nos apontam a dimensão real de uma situação que parece só aumentar nesse país, considerado um dos mais ricos do mundo. No mês de março deste ano 1,5 milhão de canadianos se viram sem alternativa e tiveram que recorrer aos bancos alimentares, espalhados pelo Canadá, para se alimentar ou colocar comida na mesa da família.

O dado revelado pelo mais recente relatório do Food Banks Canada repercutiu nacionalmente, não só por se tratar do maior número já registrado por essas organizações, mas também porque expôs uma dura realidade: afinal, como num país desenvolvido como este, é possível que milhares de cidadãos não tenham condições financeiras para o básico, comprar alimentos? A resposta dessa questão passa por diferentes aspectos econômicos e sociais.

Segundo esse mesmo relatório, a maioria dos clientes que recorreram aos bancos alimentares, não importa a região do país, tem um perfil socioeconômico parecido. São grupos que possuem renda fixa, tal como idosos e empregados que ganham o salário-mínimo, estudantes e deficientes que dependem de benefícios sociais. Essa parcela da população está entre a mais atingida porque os salários não conseguem acompanhar o ritmo da inflação, segundo especialistas. O relatório mostrou que cerca de 500 mil clientes de bancos de alimentos – cerca de um terço – são crianças, o que representa cerca de 20% da população total do país.

Além de expor esses números e dados o documento elaborado pelo Food Banks Canada também enumera algumas sugestões a curto e longo prazo para que a necessidade do uso dessas instituições possa diminuir. Entre elas se destacam a criação de um piso de renda mínima universal para os canadianos de baixa renda, fornecimento de moradias mais acessíveis e com aluguel assistido além de reformas no seguro de emprego e nos programas de Benefícios dos Trabalhadores Canadianos.

Em Ontário, um grupo em particular, o de pessoas que recebem os benefícios do Ontario Disability Support Program, vem pedindo há anos por aumentos no subsídio, já que sobreviver com essa renda está sendo um desafio cada vez mais difícil de ser transposto. Atualmente são mais de 380 mil pessoas nessa condição e muitos dizem recorrer frequentemente aos bancos alimentares, já que o que ganham não basta. Nossa reportagem questionou o Governo de Ontário sobre a situação, e numa nota enviada pelo Ministério da Infância, Comunidade e Serviços Sociais alegou que recentemente, no mês de setembro o benefício foi alterado: “Nosso governo fez o maior aumento no Programa de Apoio à Deficiência de Ontário (ODSP) em décadas. Este aumento ajuda os clientes do ODSP a cobrir os custos crescentes das despesas diárias, tais como compras e aluguel. As futuras taxas do ODSP também serão ajustadas à inflação para proteger contra o aumento dos custos de vida que se avizinha. Teremos mais a dizer sobre isto nos próximos dias e semanas.”

Nessa mesma nota o governo provincial destacou que introduziu programas como o Imposto de Renda Individual e Familiar de Baixa Renda (LIFT) e os créditos fiscais para Crianças em Risco de Exploração (CARE), que devolveu o dinheiro aos bolsos de 1,7 milhões de pessoas – incluindo aquelas em assistência social.

Outra reivindicação dos grupos que dependem de assistência do governo e que as atuais dificuldades econômicas trouxeram à discussão novamente, foi a urgência da criação de um Benefício por Incapacidade a nível nacional, que serviria de complemento ao que já é de responsabilidade das províncias. Essa aliás foi uma das sugestões contidas no relatório do Food Banks Canada. Atualmente a aprovação dessa legislação, conhecida como Bill C-22, e que criaria um complemento de renda federal para pessoas de baixa renda em idade de trabalhar e que tenham alguma deficiência, está em discussão na Câmara dos Comuns.

Enquanto essas modificações e alterações de facto não saem do papel, aqueles que precisam seguem indo buscar ajuda nos bancos alimentares, que diante desse aumento tão expressivo na procura fazem o que podem, e apelam a boa vontade e doações da comunidade, para continuar ajudando a pôr comida na mesa de tantas famílias no país.

Lizandra Ongaratto/MS

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