As consequências do bullying para quem intimida e para quem é intimidado são graves “Cada aluno merece frequentar a escola num ambiente seguro e agradável” Ryan Bird – TDSB
Bullying é um termo da língua inglesa (bully = “valentão”) que se refere a todas as formas de atitudes agressivas, verbais ou físicas, intencionais e repetitivas, que ocorrem sem motivação evidente e são exercidas por um ou mais indivíduos, causando dor e angústia, com o objetivo de intimidar ou agredir outra pessoa sem ter a possibilidade ou capacidade de se defender, sendo realizadas dentro de uma relação desigual de forças ou poder. Ainda que esse tipo de agressão tenha sempre existido, o termo foi cunhado na década de 70 pelo psicólogo sueco Dan Olweus.
Categorias
O bullying divide-se em duas categorias: a) bullying direto, que é a forma mais comum entre os agressores masculinos e b) bullying indireto, sendo essa a forma mais comum entre mulheres e crianças, tendo como característica o isolamento social da vítima. Em geral, a vítima teme o(a) agressor(a) em razão das ameaças ou mesmo a concretização da violência, física ou sexual, ou a perda dos meios de subsistência.
Este comportamento social é um problema mundial, podendo ocorrer em praticamente qualquer contexto no qual as pessoas interajam, tais como escola, faculdade/universidade, família, mas pode ocorrer também no local de trabalho e entre vizinhos.
As pessoas que testemunham o bullying, na grande maioria alunos, convivem com a violência e se silenciam em razão de temerem se tornar as “próximas vítimas” do agressor. No espaço escolar, quando não ocorre uma efetiva intervenção contra o bullying, o ambiente fica contaminado e os alunos, sem exceção, são afetados negativamente, experimentando sentimentos de medo e ansiedade.
Uma série de mitos sobre o bullying continuam a circular, levando as pessoas a acreditarem que esse tipo de comportamento é normal da infância. Mas os fatos demonstram que este é um problema complexo que requer uma infinidade de abordagens.
As crianças ou adolescentes que sofrem bullying podem se tornar adultos com sentimentos negativos e baixa autoestima. Tendem a adquirir sérios problemas de relacionamento, podendo, inclusive, contrair comportamento agressivo. Em casos extremos, a vítima poderá tentar ou cometer suicídio.
O(s) autor(es) das agressões geralmente são pessoas que têm pouca empatia, pertencentes à famílias desestruturadas, em que o relacionamento afetivo entre seus membros tende a ser escasso ou precário. Por outro lado, o alvo dos agressores geralmente são pessoas pouco sociáveis, com baixa capacidade de reação ou de fazer cessar os atos prejudiciais contra si e possuem forte sentimento de insegurança, o que os impede de solicitar ajuda.
Para ilustrar um lado dessa situação, de acordo com um dos principais pesquisadores que estuda e pesquisa sobre o assunto, 60% dos meninos que frequentemente intimidavam outros na escola primária tinham cadastro criminal aos 24 anos.
De acordo com uma pesquisa recente da Organização Mundial da Saúde, o Canadá classificou-se em 26º e 27º lugar entre os 35 países que investem em programas de educação no combate ao bullying.
A baixa classificação internacional do Canadá sugere que outros países têm evitado problemas de bullying mais eficazmente do que no Canadá. Uma das razões para isso é a falta de uma campanha nacional para resolver este tipo de problema.
Soluções
- A identificação precoce e a intervenção do bullying irão prevenir padrões de interações agressivas de se formarem. Os adultos precisam estar cientes de que o bullying muda com a idade e pode tornar-se mais difícil de detectar.
- Para garantir que as crianças tenham relacionamentos saudáveis e produtivos são necessários programas e estratégias de prevenção que incluem os que intimidam e os que são intimidados, inclusive os que testemunham a situação.
- As crianças precisam de ser encorajadas a denunciar o bullying e a receber múltiplas estratégias sobre como reportar a situação.
- Adultos responsáveis devem transmitir a mensagem de que eles querem e precisam saber sobre as experiências das crianças e que é papel dos adultos esse tipo de interferência.
- As crianças precisam ser orientadas de que podem ajudar quem estiver sendo intimidado e tomar uma posição com o intuito de desarmar o bullying.
- A responsabilidade de proteger as crianças de todas as formas de abuso, incluindo o bullying, é dos pais, professores e outros adultos da comunidade que estão em contato com crianças e jovens.
- Riscos para as crianças que fazem bullying
- Crianças que intimidam estão aprendendo a usar o poder e a agressão para controlar e vitimizar outras crianças.
- Se o seu comportamento não for abordado, correm o risco de crescer sem conhecer a diferença entre o certo e o errado.
- São altas as chances de delinquência, abuso de substâncias químicas, problemas académicos e um futuro no mundo do crime.
- Poderão ter problemas e dificuldades de relacionamentos na vida adulta.
Riscos para as crianças que estão sendo intimidadas
- As crianças que estão a ser intimidadas sentem-se cada vez mais impotentes e ficam presas em relações em que estão a serem abusadas por conta da baixa auto-estima.
- Poderão experimentar episódios recorrentes de ansiedade social, solidão e síndrome do pânico.
- Evitam a escola, baixando seu desempenho acadêmico e aumentando o seu isolamento.
- As crianças que estão sendo intimidadas aumentam o risco de depressão e são mais suscetíveis de tentar ou cometer suicídio.
O papel dos pais
- Os pais são responsáveis por criar ambientes positivos que promovam o bem-estar das crianças.
- Capacidade de criar e manter relacionamentos saudáveis. Ajudar as crianças a desenvolverem habilidades sociais essenciais para gerenciar conflitos entre os colegas e minimizando as oportunidades de interações negativas.
- Os pais podem ajudar a ajustar o desequilíbrio inerente a relações de bullying.
O Papel do Professor
- É absolutamente importante que os professores levem o bullying a sério, intervindo quando necessário encorajando habilidades para um relacionamento saudável.
- Os professores precisam estar cientes de que o comportamento de bullying que as crianças experimentam ou adotam dentro das relações entre os colegas de classe, irá se transferir para outras relações à medida que eles passam da adolescência para a idade adulta.
- Os professores influenciam como os alunos desenvolvem habilidades sociais, empatia, responsabilidade social e cidadania.
- As habilidades de relacionamento são tão essenciais quanto saber ler e escrever.
- Quando as crianças são ensinadas a reconhecer e gerir as suas emoções, como tomar decisões e como se comportar de forma ética e responsável, eles estão melhor equipados para se envolverem em relacionamentos saudáveis.
Cyberbullying
Este tipo de intimidação é um tipo de violência praticada contra alguém através da internet ou de outras tecnologias relacionadas.
Praticar cyberbullying significa usar o espaço virtual para intimidar e hostilizar uma pessoa (colega de escola, professores, ou mesmo desconhecidos), difamando, insultando ou atacando covardemente.
Etimologicamente, o termo é formado a partir da junção das palavras “cyber”, palavra de origem inglesa e que é associada a todo o tipo de comunicação virtual usando mídias digitais, como a internet, e bullying que é o ato de intimidar ou humilhar uma pessoa. Assim, a pessoa que comete esse tipo de ato é conhecida como cyberbully.
Conversámos com Ryan Bird da Toronto District School Board, que é Manager Corporate and Social Media Relations, sobre este tema tão importante. “Cada aluno merece frequentar a escola num ambiente seguro e agradável. As escolas TDSB estão cheias de adultos profissionais atenciosos que podem ajudar a apoiar os alunos que estão enfrentando desafios como o bullying. Se os alunos estão a ser intimidados ou veem outra pessoa a ser intimidada, nós encorajamo-los a falar com um adulto na sua escola para os sensibilizar. Se os pais ou responsáveis sentirem que o seu filho está a ser intimidado, encorajamo-los a falar sobre isso com o seu filho e a contactar o pessoal da escola para que estejam conscientes”.
Ele também comentou sobre os planos de ação das escolas. “Cada escola e Conselho em Ontário é obrigado a ter um plano abrangente de Prevenção e Intervenção do Bullying. Quer o bullying tenha acontecido na escola, quer seja entre alunos fora da propriedade da escola ou online. Se tiver impacto na segurança dos alunos, a escola deve investigar e responder a quaisquer relatórios. O TDSB leva o bullying muito a sério. Como sistema, concentramos os nossos esforços na prevenção e na criação de uma comunidade escolar acolhedora. O pessoal e os alunos são educados sobre como é o bullying e como denunciar. Eles são envolvidos através de eventos, atividades e programas de prevenção e encorajados a assumir papéis de liderança para melhorar a comunidade escolar”.
Bird também opinou a respeito da greve de professores no início do próximo ano letivo. “No que diz respeito à possível ação de greve ao trabalho no novo ano letivo, não posso especular, mas acredito que todos os lados querem evitar qualquer ação desse tipo”.
Adriana Marques
Fonte: Prevnet
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