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Sex Trafficking: Aqui, bem perto de nós!

A Organização Internacional do Trabalho estima que haja cerca de 40 milhões de pessoas vítimas de tráfico de seres humanos no mundo inteiro. Segundo o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime, UNODC, em janeiro deste ano cerca de 59% destas vítimas foram traficadas com o objetivo de serem exploradas sexualmente.

O tráfico sexual é composto de dois aspetos: a escravidão sexual e o tráfico de seres humanos. Os dois representam respetivamente a oferta e a procura da indústria do tráfico sexual. Esta exploração é baseada na interação entre o traficante vendendo uma vítima (o indivíduo traficado e explorado sexualmente) para que os clientes executem serviços sexuais.

O tráfico de mulheres e crianças é o crime com maior aumento no mundo inteiro e o Canadá não é exceção. De acordo com um relatório da Equality Now, uma organização que se dedica ao combate às desigualdades entre sexos, a indústria de tráfico e exploração sexual é um negócio mundial que representa mais de 100 mil milhões de dólares por ano. É considerado mais lucrativo que a venda de armas ou drogas. Os Serviços de Criminalidade do Canadá (CISC) revelaram que um traficante pode obter ganhos na ordem dos 280.000 mil dólares por ano através de serviços sexuais de uma vítima apenas. Segundo vários estudos realizados no país, 93% das vítimas são cidadãos canadianos, 90% são do sexo feminino e a idade média das pessoas traficadas e exploradas sexualmente é de 17 anos.

Apesar do tráfico e exploração sexual de pessoas poder acontecer a qualquer um, independentemente da sua idade, etnia, cultura, rendimento, estatuto social, orientação religiosa e política, sexo ou a cidade em que vive, os jovens vulneráveis com baixos rendimentos e de zonas pobres e as mulheres aborígenes são os seus alvos preferenciais. 50% das vítimas de tráfico e exploração sexual no Canadá são aborígenes.

O crime relacionado com o tráfico de pessoas só foi introduzido no Código Penal do Canadá em 2005. Em junho de 2012, o Governo canadiano apresentou o Plano de Ação Nacional de Combate ao Tráfico Humano. Este plano criou as primeiras equipas de autoridade exclusivamente dedicadas a este tipo de crime no país e no estrangeiro. Apesar de ter sido o primeiro passo no combate organizado a este flagelo do mundo moderno, os números não deixam dúvidas. Este género de crime está a aumentar e é ainda muito subvalorizado e ignorado pela sociedade.

A Agência de Estatísticas do Canadá (StatsCan) revelou que 30% das vítimas foram recrutadas por homens que julgavam serem seus parceiros e 25% das vítimas por pessoas que julgavam serem suas amigas. Dois terços dos casos relatados no Canadá, entre 2009 e 2016, aconteceram no Ontário. Apenas 27% dos casos levados a tribunal resultaram em condenações por tráfico humano.

A Polícia de Toronto criou a Human Trafficking Enforcement Team em 2014 e nos últimos cinco anos foram relatados 1100 casos somente em Toronto. Na maioria dos casos, o recrutamento aconteceu em apenas 48 horas e foi resultado de atividades tão simples como a ida a um estabelecimento de diversão noturna ou conversas online com amigos.  O desenvolvimento das redes sociais nos últimos anos trouxe desafios acrescidos para as forças policiais. O recrutamento foi facilitado pelas novas tecnologias, tornando-se bastante difícil até mesmo para os pais e familiares, muitas das vezes, conseguirem detetar atempadamente as investidas dos traficantes, que fizeram das redes sociais um dos seus habitats preferenciais para recrutarem novas pessoas.

Neste particular é preciso educar os pais e todos os que rodeiam os mais novos, especialmente daqueles em situação vulnerável, para os perigos do uso da novas tecnologias. Este é um problema que nos rodeia silenciosamente no dia a dia e sobre o qual devemos combinar esforços para que definitivamente possamos reverter números tão preocupantes.

A Human Trafficking Enforcement Team deixa alguns conselhos sobre mudanças nos hábitos dos mais novos, que nos deveriam deixar em alerta:

  • Interesse súbito num rapaz ou homem mais velho
  • Presentes ou o uso de roupas e joalheria novas sem que haja explicação para que tal aconteça
  • Dormidas constantes em casa de amigos
  • Mudanças na maneira de vestir e de se pintarem
  • Novo círculo de amigos e corte de relações com o grupo de amigos anterior
  • Mudança de atitude na escola, familiares e amigos e desinteresse por atividades regulares, como por exemplo, desporto
  • Descida súbita no aproveitamento escolar
  • Aparecimento de cortes ou arranhões na pele e nódoas negras sem explicação plausível
  • Uso de mais do que um telefone móvel

A Human Trafficking Enforcement Team pode ser contactada por telefone, através do número 416-808-2222.

Carlos Monteiro/MS

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