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Ambassador Bridge foi desimpedida, mas manifestantes continuam em Otava

milenio stadium Presença de crianças na manifestação em Otava tem condicionado o trabalho da polícia. Emergencies Act proibe crianças em manifestações ilegais
Presença de crianças na manifestação em Otava tem condicionado o trabalho da polícia. Emergencies Act proibe crianças em manifestações ilegais. Créditos: DR.

 

Para o presidente da Câmara Municipal de Windsor, Drew Dilkens, as consequências económicas e sociais de continuar a manter a Ambassador Bridge encerrada seriam catastróficas. Dilkens disse ao Milénio Stadium que o seu maior receio é que as manifestações tornem o Canadá e a região menos atrativa para as empresas investirem. “Se o Canadá se tornar conhecido como uma jurisdição difícil para fazer negócios – para transportar mercadorias para dentro e para fora, por exemplo – então as cadeias de abastecimento vão evoluir e vão reconfigurar-se para remover este elemento de risco e evitar Windsor-Essex”, disse.

A preocupação de Dilkens foi endereçada pelo Premier Ford na conferência de segunda-feira (14) onde sublinhou que os empresários podem confiar no governo porque a província está aberta para negócios.
Depois de a Ambassador Bridge reabrir ao trânsito o autarca agradeceu o trabalho da polícia que diz ter sido “determinante” e sublinhou que “apesar do Canadá ser uma nação que acredita no direito à liberdade de expressão, também está vinculado pelo Estado de direito”.

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Presidente da Câmara Municipal de Windsor, Drew Dilkens. Créditos: DR.

Dilkens diz que desde que foi eleito presidente da autarquia de Windsor que nunca viveu um período tão difícil, nem com o tornado de 2016, nem as cheias de 2017, nem com a crise de saúde pública dos últimos dois anos. O autarca disse ainda que “atos ilegais, bloqueios e discurso de ódio não devem ser tolerados e devem ser denunciados”.

Na terça-feira (15) Dilkens escreveu no Facebook que depois de o bloqueio ter chegado a um fim pacífico na Ambassador Bridge, está ansioso “por trabalhar com os governos provinciais e federais para proteger esta infraestrutura vital para assegurar que tal ocupação nunca mais acontece”.

A Ambassador Bridge em Windsor, Ont. é o principal corredor comercial da América do Norte e por aqui passa diariamente mais de 25% de todo o comércio de mercadorias que circula entre os EUA e o Canadá. Em termos financeiros, todos os dias passam mercadorias na ponte entre Windsor e Detroit que representam mais de $450 milhões. Em Windsor, o setor de transportes e armazenagem conta com mais de 2.600 empresas que empregam 10.000 pessoas.

Apesar dos trabalhos da polícia em Windsor terem conseguido desimpedir a Ambassador Bridge, em Otava a situação é mais complexa. O autarca anunciou que no fim de semana tinha conseguido chegar a acordo com o grupo de manifestantes para que retirassem os camiões das áreas residenciais e o Freedom Convoy concordou em deslocar a manifestação para a Rua Wellington, entre a Rua Elgin e a Rua Sir John A. Macdonald Parkway.
Um dia depois do governo federal anunciar a ativação do Emergency Act, o chefe da polícia de Otava apresentou a sua demissão. O antigo chefe, Peter Sloly, foi criticado pela forma como lidou com os manifestantes, foi acusado de bullying e de ter prejudicado as relações com a liderança sénior e de ter comprometido a capacidade da polícia para lidar com os manifestantes.

Os media canadianos dão conta que Sloly é acusado de repreender os seus oficiais superiores da Polícia de Otava em frente dos seus colegas e de não apresentar um plano sólido para acabar com as manifestações. Sloly terá entrado ainda em conflito com membros da OPP e da RCMP que foram encarregues de ajudar a polícia local a acabar com a manifestação.

O ministro da Emergency Preparedness, Bill Blair, reagiu à demissão de Sloly e disse que tinha trabalhado com ele durante 25 anos e afirmou que era com grande pena que via Peter Sloly sair das suas funções. “Um homem com um trabalho muito difícil pela frente”, disse Blair que se referia à manifestação que tem ocupado as ruas de Otava.

Peter Sloly divulgou um comunicado onde explica que desde que as manifestações começaram que fez tudo o que estava ao seu alcance para manter a cidade segura e para pôr fim a esta crise sem precedentes. “Adquirimos novos recursos e instrumentos de execução e erguemos o novo Centro de Comando Integrado. Estou confiante que o Serviço de Polícia de Otava está agora melhor posicionado para pôr fim a esta ocupação”, afirmou. Depois de Sloly se demitir o Deputy Chef Steve Bell foi nomeado chefe interino da polícia de Otava.

 

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Autarca de Otava, Jim Watson. Créditos: DR.

O autarca de Otava, Jim Watson, agradeceu num comunicado os mais de 30 anos que Sloly dedicou à polícia de Toronto e de Otava, mas disse que “infelizmente se tornou claro que muitos membros do Police Board, City Council e púbico em geral não estavam satisfeitos com a resposta que a polícia teve para acabar com a ocupação”. Watson disse que aceitava a demissão de Sloly e afirmou que estava ansioso por trabalhar com o chefe interino e com o governo federal e provincial para terminar com a ocupação num futuro próximo.
Otava tem cerca de 1 milhão de habitantes e o número de polícias municipais é inferior a 1.500 agentes. Depois da cidade declarar estado de emergência Sloly pediu um reforço de 1,800 polícias, mas esse reforço acabou por não chegar. Sloly disse várias vezes que não tinha recursos suficientes para lidar com uma manifestação tão grande.

Segundo as últimas informações divulgadas, a maioria das doações que foram feitas para apoiar estes manifestantes revelam que a maior contribuição foi feita por um empresário tecnológico americano e canadianos ricos também estão na lista dos maiores doadores. Thomas M. Siebel doou para o Freedom Convoy cerca de $90.000. Brad Howland, presidente de uma empresa sediada em New Brunswick que fabrica pressure washers, doou cerca de $75.000. O canadiano diz que se “orgulha de apoiar estes manifestantes que defendem a Canadian Charter of Rights and Freedoms”.

Na sequência da demissão do chefe da polícia de Otava, a RCMP e a OPP (Polícia Provincial de Ontário) assumiram o controlo da aplicação da lei na capital e o ministro da Segurança Pública Marco Mendicino revelou que foi criado um centro de comando integrado para que a RCMP e a OPP possam partilhar o comando.
A chair da Ottawa Police Services Board disse numa conferência de imprensa na terça-feira (15) que “a polícia de Otava tem sido incapaz de conseguir aplicar as leis e que os residentes continuam aterrorizados”. Diane Deans informou também que na terça-feira (15) estavam estacionados nas imediações do Parlamento mais camiões do que na segunda-feira (14). Deans disse ser “confuso e frustrante de entender que a polícia de Otava tenha sido incapaz de fazer mais com os recursos atuais”.

Na última atualização a polícia da capital informou que 18 pessoas tinham sido presas e que as autoridades tinham emitido 3.000 multas. No início das manifestações existiam 4.000 camiões e veículos parados em Otava e agora menos de 360 continuam estacionados na capital. Segundo a polícia apenas um pequeno número de camiões e veículos saiu das imediações do Parlamento para a Rua Wellington.

O Emergencies Act proíbe os manifestantes de trazerem crianças para bloqueios ilegais e as multas podem superar os $5.000 ou os cinco anos de prisão. A mesma lei determina ainda que participar em manifestações ou levar ajuda como comida e combustível a manifestantes também é ilegal. A presença de crianças nas manifestações tem sido um dos problemas que tem impedido as autoridades de segurança pública de fazerem o seu trabalho.

Quando perguntado na quarta-feira (16) se seria necessário usar a força para evacuar os manifestantes do centro da cidade, o primeiro-ministro Justin Trudeau disse aos jornalistas que essa decisão competia à polícia.
No início da manifestação em Otava a polícia tinha estimado custos diários de $785.000, mas, entretanto, o valor aumentou para $800.000. Em 18 dias de manifestações a polícia de Otava gastou $14,1 milhões com as manifestações. Um número que não inclui os custos da RCMP e da OPP que têm estado no terreno a apoiar as operações e que, entretanto, assumiram o controlo da seguranca pública.

Joana Leal/MS

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