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Ajudar a reerguer

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Não foram só as estruturas de casas e prédios que desabaram – também a vida e esperança de muitas pessoas que viram aquilo que batalharam durante toda a vida para conseguir reduzir-se a entulho ou que perderam familiares ou entes queridos na tragédia que assolou a Turquia e a Síria no passado dia 6 de fevereiro. Pessoas que se veem com as mãos cheias de nada e no coração um vazio que nem o tempo e a esperança de dias melhores parece poder preencher.

Os sismos, que tiveram lugar em dois locais distintos do sudeste da Turquia, junto à fronteira com a Síria, atingiram magnitudes de 7,8 e 7,5 na escala de Richter e registaram fortes réplicas.

Na quinta-feira (16) a agência de gestão de emergências e desastres da Turquia (AFAD) avançou o número de mortes se situa agora nas 36.187 e que cerca de 108 mil pessoas ficaram feridas na Turquia, o que faz deste o mais grave desastre no país nos últimos 100 anos – em 1939, o terramoto de Erzican fez 33 mil mortos. Já na Síria o balanço mais recente aponta para os cinco mil mortos.

A UNICEF divulgou que mais de sete milhões de crianças foram afetadas pelos sismos – destas, teme-se que milhares tenham morrido e ainda se desconhece quantas ficaram órfãs, ainda que pelo menos 1.362 tenham sido separadas das suas famílias nas áreas afetadas da Turquia.

OS INCRÍVEIS SOBREVIVENTES E O RISCO DE SAÚDE PÚBLICA

Mais de uma semana depois dos sismos ainda continuam a ser encontrados sobreviventes. Depois de 248 horas debaixo dos escombros de um prédio, uma jovem de 17 anos foi resgatada com vida. Antes, na quarta-feira (15), haviam sido também salvas quatro mulheres e duas crianças após mais de 220 horas. Especialistas apontam as baixas temperaturas que se fazem sentir na região como um factor que facilita e potencia uma maior probabilidade de sobrevivência das pessoas: por um lado, os escombros protegem contra o frio extremo e, por outro, o corpo não desidrata já que não existe calor como, por exemplo, no verão – nesse caso, as chances de sobrevivência seriam de apenas dois ou três dias.

Ainda assim, outras não tiveram tanta sorte e acredita-se que existem dezenas de milhares de cadáveres sob os escombros e muitos deles não serão resgatados tão rapidamente quanto se esperaria – e também isso levanta outro problema. Para além da sarna (que já é uma realidade pois as pessoas não conseguem fazer a sua higiene desde o dia em que os sismos aconteceram), há que ter em conta um possível surgimento de um surto de cólera, caso não sejam tomadas as medidas necessárias, o risco de diarreia devido à contaminação das águas e ainda a transmissão para humanos de doenças de animais que morreram no terramoto.

Na Síria, conforme alertou nesta quarta-feira (15) a ONU, existem cerca de 40 mil grávidas em risco de darem à luz sem condições sanitárias nos próximos meses – a grande maioria das unidades de saúde foi afetada, ficando sem equipamento básico necessário e medicamentos.

A CRUZ VERMELHA

Perante este cenário de horror, foram vários os países e instituições que prontamente se mostraram disponíveis para ajudar, quer através do envio de equipas especializadas de busca e salvamento, como também angariando fundos vitais para ajudar a reerguer estes territórios.

A Cruz Vermelha Canadiana (CVC) é uma dessas organizações: parte da maior rede humanitária do mundo, a CVC tem como grande e principal missão ajudar pessoas e comunidades não só no Canadá como em todo o mundo quando estas mais necessitam.

Milénio Stadium: Perante a situação de catástrofe na Turquia e na Síria – o que é que todos nós podemos fazer para ajudar? E como o podemos fazer?
Cruz Vermelha Canadiana: As pessoas no Canadá que desejem ajudar são encorajadas a fazer uma doação ao Apelo da Cruz Vermelha Canadiana na Turquia e na Síria. Os donativos podem ser feitos online em www.redcross.ca ou através do telefone 1-800-418-1111.

MS: Como é que os donativos recebidos pela Cruz Vermelha são aplicados na Turquia e Síria?
CVC: As equipas locais Red Crescent da Cruz Vermelha estão no terreno a fornecer ajuda humanitária vital às pessoas afetadas pelos terramotos. As equipas estão a fornecer ajuda de emergência o mais rapidamente possível. A equipa está a prestar apoio com busca e salvamento, apoio psicossocial e primeiros socorros. Estão também a distribuir artigos de ajuda de emergência, incluindo água, cobertores, sacos-cama, aquecedores, conjuntos de cozinha e tendas de inverno. O dinheiro angariado permitirá à Red Crescent da Cruz Vermelha fornecer alívio imediato, esforços de recuperação contínuos e atividades de resiliência e preparação nas áreas impactadas e circundantes.

MS: Quantos funcionários e/ou voluntários da Cruz Vermelha Canadiana se deslocaram à Turquia e à Síria para prestar apoio? Que tipo de ajuda lhes tem sido solicitada?
CVC: A força do movimento do Red Crescent da Cruz Vermelha está na nossa combinação de apoio baseado na comunidade e global. O Red Crescent da Cruz Vermelha é a maior organização de ajuda em catástrofes do mundo. Quando uma emergência é demasiado grave para que os sistemas de apoio locais possam responder, a resposta global do Red Crescent da Cruz Vermelha é iniciada rapidamente.
Tanto o Red Crescent turco como o Red Crescent árabe da Síria têm uma forte presença no terreno e acesso às comunidades afetadas através de milhares de voluntários ativos, programação contínua e fortes relações com a comunidade.
Temos três representantes da Cruz Vermelha Canadiana no terreno na Síria, como parte da resposta do Movimento Internacional da Cruz Vermelha e do Red Crescent. Mantemo-nos em estreito contacto com os nossos parceiros do movimento do Red Crescent da Cruz Vermelha e estamos prontos a responder conforme necessário.

MS: Depois de um primeiro apoio direto de 10 milhões de dólares, o governo federal anunciou que igualará as doações que os canadianos fizerem à Cruz Vermelha, até um máximo de 10 milhões de dólares. Como viram esta iniciativa?
CVC: Estamos gratos ao Governo do Canadá pelo seu fundo de contrapartida, que correspondia a donativos individuais até 10 milhões de dólares. O montante da doação correspondente através do Governo do Canadá foi atingido a de 12 de fevereiro.
Estamos muito gratos pelo apoio contínuo das pessoas que vivem no Canadá. Todos os donativos feitos irão no sentido de apoiar as pessoas afetadas pelos terramotos na Turquia e Síria.

MS: Conseguem fornecer um valor estimado dos donativos que receberam até ao momento? Existe algum valor-alvo que necessitem de atingir?
CVC: Até 15 de fevereiro, graças à generosidade das pessoas que vivem no Canadá, a Cruz Vermelha Canadiana angariou 16,5 milhões de dólares para o Apelo Sísmico da Turquia e da Síria. Este montante não inclui fundos correspondentes.

MS: Sentem que os canadianos se mobilizaram para ajudar nesta causa e que têm mostrado o seu espírito solidário?
CVC: As pessoas que vivem no Canadá têm demonstrado repetidamente a sua generosidade em tempos de crise. Os recentes terramotos na Turquia e na Síria não foram exceção.

Inês Barbosa / MS

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