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A segurança em tempos inseguros

A segurança em tempos inseguros
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Imagens transmitidas em tempo real para o mundo todo. E que já entraram para a história. No prédio que concentra o Governo da nação, que se classifica como a “maior democracia do mundo”, reinou o caos, a desordem e a violência. Sob diversos aspectos é possível analisar a invasão de apoiadores, do ainda Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao Capitólio na semana que passou. Incitados pelo próprio, que não aceita a derrota nas urnas, a multidão fez do espaço o que quis, zombando das autoridades e de qualquer espécie de respeito pelas leis e instituições. A ação foi toda planeada pelas redes sociais. Nada poderia ser mais atual, nesse universo online, e que muitas vezes é terreno fértil para disseminação de ideias tortas e ajuntamento de mentes confusas, e mal intencionadas. O próprio Donald Trump, é acusado de ter incitado esses apoiadores extremistas, que pertencem em grande parte ao grupo Proud Boys, e enfrenta punições impostas pelos responsáveis por diferentes redes sociais. Foi barrado do Facebook e Twitter. O Youtube também suspendeu por sete dias a conta do Presidente cessante, sob a alegação de que os conteúdos iriam contra as políticas de não- violência, defendida pela empresa.  

A atitude da polícia norte-americana também foi muito contestada, e a força de segurança do Capitólio esteve sob escrutínio depois do ataque, e uma das acusações foi de não ter levado a sério as ameaças explícitas que vinham sendo feitas pelos grupos extremistas defensores de Trump, e estar mais bem preparada para o que poderia acontecer. Como consequência, e já que respostas públicas foram exigidas, figuras do alto escalão da entidade perderam os cargos. Além disso, nessa semana o FBI dava conta que mais de 70 pessoas já tinham sido indiciadas pela invasão ao Capitólio e que já tinham sido abertos mais de 170 processos relativos ao motim.

O episódio gerou grandes debates a cerca da fragilidade na segurança do local que supostamente deveria ser muito protegido, e suscita a questão de que, se algo parecido poderia um dia a acontecer no Canadá.  A equipa do Milénio Stadium entrou em contato com o departamento de imprensa do Serviço de Proteção do Parliament Hill e obteve a seguinte declaração: “O Serviço de Proteção do Parlamento(The Parliamentary Protective Service), monitora continuamente possíveis ameaças ao país, tanto domésticas quanto do exterior, e ajusta a segurança do Parlamento, e da sua área, de acordo com as necessidades que se apresentam. Rotineiramente, o serviço revisa possíveis incidentes de segurança e implementa novas ações e práticas sempre que necessário. Juntamente com nossos parceiros continuamos a monitorar a situação e estamos prontos para responder a qualquer eventualidade”. 

Para analisar esse violento ataque a democracia norte-americana, e as consequências que isso reserva a outras nações, como o Canadá, nossa equipa também tentou contato com o ministro de Segurança Pública do país, Bill Blair, e as respostas às questões enviadas vieram através da assessora de imprensa do Ministério, Mary-Liz Power. 

Milénio Stadium: O Governo federal canadiano está estudando a possibilidade de classificar o grupo Proud Boys como uma organização terrorista. Existe alguma razão para esse grupo ser uma ameaça para o Canadá? 

Ministério da Segurança Pública: Como disse o ministro Blair, denunciamos veementemente “extremistas com motivação ideológica, incluindo grupos como os Proud Boys, supremacistas brancos, anti-semitas, grupos islamofóbicos e misóginos”. Intolerância e ódio não têm lugar em nossa sociedade. 

Nossa maior responsabilidade é manter os canadianos seguros. Para cumprir essa responsabilidade, nosso Governo e agências devem acompanhar a evolução das ameaças e tendências globais, como a supremacia branca.  Nossas agências de segurança nacional e de aplicação da lei estão ativamente comprometidas no controlo das atividades desses grupos e na recolha de evidências necessárias para ajudar a identificar os grupos que representem ameaça à segurança pública e fazem parte da lista de Organizações Terroristas.  Classificar uma organização como terrorista não é um exercício político, é uma decisão baseada em processos legais que requerem evidências e informações concretas. Essa lista [de organizações terroristas] envia uma mensagem forte de que o Canadá não vai tolerar tais atos de violência. Concretamente, fazer a listagem desses grupos, pode ajudar a apoiar possíveis investigações criminais e os processos contra delitos que possam ser cometidos. Quando uma entidade é incluída na lista, as instituições financeiras congelam os seus ativos e torna-se crime negociar intencionalmente com os membros de uma entidade que integre essa lista. 

M.S: Grupos extremistas, tal como os Proud Boys, geralmente disseminam suas crenças e organizam ações através das redes sociais. Qual o papel das autoridades de segurança publica em prevenir futuros ataques, como esse que aconteceu no Capitólio?

M.S.P: Os canadianos usam plataformas de mídia social para se conectar, manter-se informado e compartilhar suas ideias. No entanto, as plataformas online também podem ser usadas para prejudicar outras pessoas, especialmente as mais vulneráveis em nossa sociedade.

A internet e as redes sociais podem desempenhar um papel importante no processo de radicalização da violência. Através de propaganda online e das plataformas de mídias sociais, os indivíduos podem ser ativamente encorajados ou radicalizados a conduzir ataques violentos.

É por isso que estamos trabalhando em novos regulamentos para plataformas online, com uma clara intenção de responsabilizá-los e exigir que eliminem o conteúdo ilegal, incluindo discurso de ódio, propaganda terrorista, conteúdo violento e pornografia infantil. Nosso objetivo é propor regulamentos o mais rápido possível este ano. Nossa abordagem irá garantir que o conteúdo ilegal seja removido rapidamente, que as plataformas sejam monitoradas e que as vítimas tenham acesso a um processo de denúncia simplificado, transparente e independente. Será possível confirmar o que vai fazer parte dos regulamentos propostos assim que a legislação for apresentada no Parlamento.

M.S: Como os cidadãos canadianos podem ter certeza de que algo desse tipo (ataque no Capitólio), não acontecerá aqui no país? Para assegurar a democracia, podemos esperar que, no futuro, possa haver um controle maior sob a sociedade canadiana? Nas fronteiras, por exemplo?

M.S.P: Os motins e a violência extremista que testemunhamos no Capitólio dos EUA são odiosos e inaceitáveis. Essas ações não refletem a América que nós, canadianos, conhecemos.

Partilhamos uma das maiores fronteiras físicas do mundo com os EUA. Em circunstâncias normais, essa fronteira veria milhões de pessoas, caminhões e carros passando todos os dias. Nossa proximidade com nosso maior parceiro comercial não permite apenas altos níveis de comércio entre nossos dois países, mas também o compartilhamento de cultura, ideias, idioma e amizade. Sabemos que o Canadá não está imune à ameaça de extremismo violento com motivação ideológica. Uma salvaguarda contra essa ameaça é a força e a integridade de nossas instituições democráticas.

Na esteira das eleições de 2019, o Governo do Canadá lançou a Declaração do Canadá sobre Integridade Eleitoral Online, estabelecendo um entendimento comum com as plataformas sobre suas responsabilidades no espaço democrático online. Com base nesse trabalho, nosso Governo continua a se envolver com plataformas de mídia social para lidar com a desinformação a cerca da COVID-19. Todos os dias, nossas agências de segurança monitoram as ameaças de perto, e os canadianos podem ter certeza de que essas nunca hesitarão em agir para manter nosso país e nossas instituições democráticas seguras, não importa o que aconteça. Para proteger nossa democracia, devemos permanecer vigilantes. É responsabilidade de todos os líderes, políticos e outros, se levantar contra qualquer pessoa ou grupo que escolha qualquer outro grupo como inimigo, seja com base em raça, gênero, crenças políticas ou qualquer outra coisa.

Lizandra Ongaratto/MS

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