Temas de Capa

A receita do meu Natal

A base é sempre a mesma. Começamos com uma dose generosa de doces que agradem a gregos e a troianos, “amassamos” o juízo a pensar numa refeição de peixe, por tradição bacalhau, que “não tenha pedaços de cebola muito grandes”, que não tenha “uma consistência esquisita” e que “não suje muito a cozinha”, misturamos tudo com refrigerantes para os mais novos, vinho para os mais velhos e, quem sabe, um “licorzito” para acabar de atar os molhos no final da refeição e finalizamos com uma típica partida de sueca.

Pelo meio, há sempre espaço para a criatividade. E aí, como em qualquer receita, pode correr bem… ou não. Mas, como em tudo, passa sempre por fazer as coisas com carinho, fazer figas e acreditar que vai acabar tudo bem.

Isto é o meu Natal: saber com o que se conta – não só o bom mas também o mau – e mesmo assim todos os anos ficar ansiosa por saber que a época se está novamente a aproximar. Sim, há barulho, uma discussão aqui e ali, confusão, stress… Mas também existem muitas gargalhadas, amor e nostalgia em relembrarmos o que já foi e, infelizmente, quem também já não se vem sentar à mesa connosco.

Não me digam que têm uma família perfeita, porque eu não acredito. Nenhuma o é. E não há nada de errado nisso – é aí, aliás, que está a beleza e o que distingue a minha família da de todos vós. Cada uma tem as suas singularidades – e o mesmo acontece no Natal. O meu, com certeza, não será nada igual ao vosso.

Para mim, Natal é acordar e já me sentir cansada sabendo o que por aí vem, mas mesmo assim estar feliz. Sentir o cheiro a fritos, ouvir o exaustor na potência máxima, os tachos a empilharem-se uns em cima dos outros… É “andar numa fona” e adorar quando, finalmente, está tudo pronto e recebemos a família em casa. Muitas vezes ainda de pijama mas, como diria a minha mãe, “também não vem cá o Presidente Marcelo”. Se bem que, cada vez mais, não podemos ter muitas certezas disso…

Muito se fala (e eu até consigo concordar) do consumismo a que assistimos nesta época – que no meio de tanto “espírito natalício”, de querermos “retribuir” aquilo que nos foi dado, acabamos por nos esquecer do que é invisível aos olhos, do que vai além dos presentes materiais. Os supermercados e centros comerciais recebem autênticas avalanches de pessoas em busca da prenda perfeita e o caos instala-se.

Na minha família sempre tivemos por hábito trocar presentes e se me perguntarem se vejo algum mal nisso eu dar-vos-ei como resposta um categórico não. Assim como também não concordo que haja mal em abusarmos mais um pouco na comida – é claro que quando falo em “abusar mais um pouco” não quero necessariamente dizer que devemos ter mais sete quilos no final das festas… O equilíbrio é a chave, basta que encontrem o vosso. Na comida, nos presentes, em família.

E se o Natal for “apenas” uma desculpa para juntar a família e passar bons momentos – mesmo que no final estejamos com os níveis de açúcar um pouco alterados -,… será uma coisa assim tão má? Aproveitemos os momentos e as pessoas, seja no Natal ou em que ocasião for. Seja qual for a vossa receita de Natal, lambuzem-se! E, como diria Mallory Hopkins, “life is short! Smile while you still have teeth”!.

Inês Barbosa/MS

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