Temas de Capa

A Rádio “Fala” e, para receber a mensagem, é somente necessário Ouvir.

“A Rádio renasce, ressuscita, desenvolve novas formas sempre que anunciam a sua morte. A sua crescente portabilidade como media, amplifica a forma como as metamorfoses de comunicação se desenvolvem. Afinal, o que são podcasts senão rádio? Ou como se poderia desenvolver um projeto como o Tosta Mista escutado em todos os cantos do mundo? Em Portugal, a tendência de reposição no panorama audiovisual cresce e os players sabem que podem contar com as novas tecnologias incorporadas no todo da rádio para os seus projetos e iniciativas! Gaga? Só a Lady!” Álvaro Costa

 

 

As primeiras experiências de radiodifusão, feitas por Marconi em 1894, abriram caminho para as inúmeras emissões rádio dos nossos tempos. Teriam os artistas e os promotores no tempo de Marconi aqui uma casa às ordens?

Com a evolução tecnológica e com o aparecimento de várias plataformas de divulgação de música, a rádio – e sobretudo a recomendação dos seus animadores – têm ainda um papel importante na “vida dos artistas”. Na antiga rádio não havia uma playlist, mas sim animadores loucos por música. Eram eles que iam divulgando as músicas novas que iam surgindo e os ouvintes e artistas agradeciam.

A rádio chega a Portugal num período em que a cultura progride lentamente. Começa a expandir-se, mas só nas classes altas, isto porque na altura era muito dispendioso a compra de um aparelho radiofónico. Mais tarde, a radiodifusão chega aos locais menos desenvolvidos do país, onde a maioria da população era camponesa e analfabeta e é no meio destas pessoas que em Portugal a rádio começa a ter relevância, sublinhando o seu papel de companhia e a sua utilidade. Para as pessoas não-letradas a rádio era um fenómeno, pois mesmo não sabendo ler nem escrever conseguiam acompanhar as notícias e acompanhar os acontecimentos que marcavam o dia-a-dia da época através destes aparelhos. Ouvir rádio era de tal modo uma rotina nos hábitos de casa de cada um, que acabava por nem se notar a sua presença.

A música e a rádio andaram sempre de mãos dadas e os top’s alimentavam a indústria musical. Eram de tal modo marcantes que hoje é possível saber qual a música estava no top das emissoras no dia que você nasceu. O site Playback.fm reuniu as canções mais tocadas desde 1946.

Nos tempos recentes, a verdade é que ainda continuamos a entrar todos os dias no carro e ligamos o rádio. E lá vamos, a escutar. É o som da rádio que nos acompanha durante toda a viagem. A primeira música que ouvimos é aquela que andará connosco, todo o dia, a tocar na nossa cabeça e a sair em forma de assobio. Será uma playlist pessoal? Ou um meio de promoção não pensada da música? É, simplesmente, a magia da rádio.

Ok!!! A TV tem mais facilidade em captar e manter a atenção, mas a rádio tem algo que faz com maestria: o despertar da imaginação de quem está a ouvir. A rádio transformou-se e tornou-se portátil. Num caráter social, a linguagem radiofónica é muito mais direta, persuasiva e intimista sendo mesmo considerada a “oitava arte”. Desenvolveu como nunca as suas potencialidades, tornou-se centro das atenções de artistas e promotores, passando de uma rádio/necessidade a uma rádio/entretenimento e promoção. Ainda hoje é quase obrigatório um artista conseguir que a sua música passe numa rádio, mesmo com tantas outras possibilidades de que hoje dispomos. A influência de uma rádio com uma linguagem direcionada e que aposta numa playlist é a forma de estar mais perto do seu público-alvo. Torna-se assim quase uma “encomenda” por parte das editoras que necessitam de uma rampa de lançamento para um determinado artista. Pensar a contribuição da rádio para a projeção de um artista é pensar em promoção com um amplo e flexível alcance, ou seja, um desempenho eficaz e a baixos custos quando comparado com outros media. Em tempo real sente-se o comportamento dos ouvintes. É possível conhecer melhor os mesmos e, como tal, direcionar os artistas à partida mais relevantes. Possibilita uma maior precisão na definição das tabelas de top de vendas, facilitando o encontro de expectativas entre os espetáculos e o grande público. A venda de discos, essa, quase que desapareceu. Um artista atualmente precisa é de concertos e a rádio, consegue fornecer ferramentas de análise concretas, que permitem maior eficácia na escolha dos artistas para os grandes eventos. Os que lideram as ondas hertzianas por vezes fazem os fãs mais cultos da rádio sentirem até uma nostalgia dos programas de autor. Quase que parece existir um casulo obrigatório de playlists. Será a playlist inimiga da rádio? Hoje em dia as pessoas que ligam uma rádio esperam ouvir o que está na moda de uma forma quase regular. Ouvem-se muitas vezes os poucos temas de que se gosta muito. A playlist permite não perder horas à procura de discos numa discoteca e a elaborar alinhamentos definidos pelos gestores de antena, programadores, editoras e até promotores. Os ouvintes sem se aperceberem estão, em grande medida, a ser orientados pela indústria das editoras discográficas.

Hoje, depois do world wide web ter consolidado o lado comercial e, cada vez mais, massivo, a questão da rádio reveste-se ainda de maior importância. Os cada vez mais multifacetados artistas irão sempre ganhar se continuarem a passar nas rádios adaptando-se e evoluindo no mundo empresarial. A rádio irá continuar a auxiliá-los na promoção dos mesmos, mesmo que emissoras mais tradicionais demonstrem dificuldade em reconhecer esta tendência.

A modernidade reconfigura a lógica radiofónica e impõem novos desafios existindo mais continuidade do que o fim da rádio… mesmo lutando com o padrão digital. A velhinha rádio até tem um dia mundial, celebra-se a 13 de fevereiro. Uma data instituída pela UNESCO em 2011 e que continua a ser celebrada anualmente por todo o mundo. Os artistas vão continuar a orgulhar-se de ouvir a sua música a passar na rádio. A sintonia nunca acabará.

Paulo Perdiz

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