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“A minha esposa está retida na China há mais de 20 dias”

O coronavírus está a deixar os torontonianos preocupados e desde que surgiram as primeiras notícias do COVID-19, como é agora designado, alguns restaurantes chineses na GTA já sofreram quebras entre 30% e 80%. A informação foi avançada Catherine Hou, presidente da Chinese Cuisine and Hospitality Association of Canada ao The Globe and Mail.

O empresário com a esposa Lina que está retida na China há mais de 20 dias.

O novo vírus já começou a afetar a economia canadiana e para Rocco Rossi, presidente e CEO da Ontario Chamber of Commerce, a manufatura e as companhias aéreas vão ser os setores mais afetados. “Até agora, o surto de coronavírus (COVID-19) teve um efeito mínimo nas economias do Canadá e do Ontário. No entanto, devido ao armazenamento, podemos não ver o impacto total da interrupção por alguns meses”, disse à CBC.

Miguel Braga, da Kubebath, uma empresa especialista em louça sanitária e móveis de casa de banho, trabalha diretamente com a China e contou-nos como têm sido os últimos dias da esposa. ”A Lina está fechada em casa, na China, há mais de 20 dias, ela está muito longe de Wuhan e até agora ainda não foram registados casos naquela cidade. Quando falamos pela internet tem dias em que o sinal é fraco e sempre que um dos membros da família vai à rua comprar produtos tem de ir completamente isolado com fato, luvas e máscara. Ela já pode sair da cidade, mas tem medo de ser infetada”, informou ao nosso jornal.

O casal viaja com regularidade para a China porque é lá que a Kubebath tem fábricas. ”A minha esposa não estava presente nas comemorações do Ano Chinês na China há cerca de 12 anos e o nosso plano era encontrarmo-nos lá e passarmos o Dia dos Namorados juntos. Uma das nossas fábricas, que opera com 30 trabalhadores na cidade de Zheijiang, vai abrir na próxima segunda-feira (24) com seis empregados porque são os trabalhadores que moram próximo, os outros têm de ficar em casa porque moram longe”, contou.

A empresa tem armazéns no Canadá e nos EUA que estão completamente cheios e as fábricas têm estado encerradas devido às comemorações do Ano Novo Chinês. Contudo, o empresário está preocupado com o que pode vir a acontecer. “Espero que, no melhor dos cenários, tudo resolva dentro de dois meses, mas não sei se irá demorar mais tempo. Estou em Portugal desde o Natal e aproveitei para comprar máscaras, tentei comprar nos distribuidores, mas já está tudo esgotado. Para comprar 2,300 máscaras devo ter ido a mais de 30 farmácias do Douro para cima”, adiantou.

Para conter o surto do coronavírus, a China anunciou, no passado fim de semana, que vai começar a limpar a moeda do país, o yuan, e deu ordem para destruir o dinheiro potencialmente infetado, uma medida que para o empresário não vai surtir muito efeito. “Na China pouca gente usa dinheiro, quase toda a gente paga através de uma app. O WeChat é uma das aplicações mais populares do país e na última vez que lá fui levei dinheiro chinês e acabei por nem o usar. Acho que os países deviam ter cancelado os voos de e para a China muito mais cedo. O controlo da temperatura nos aeroportos não funciona porque o vírus não se manifesta logo. Os portugueses e os canadianos acham estranho, mas o uso da máscara é muito frequente na cultura chinesa, quando alguém está doente é quase que um dever colocar uma máscara para evitar que outras pessoas fiquem constipadas”, disse.

Até à hora da publicação deste jornal, existiam em todo o mundo mais de 75 mil casos de infeção confirmados.

Joana Leal/MS

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