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A Festa e a despedida da Banda Sagres

Sagres

 

Domingo é dia de Festa! Sem dúvida! Mas para os elementos da Banda Sagres, e todos os que durante muitos anos dançaram ao som da sua música, esta Festa vai ter um sabor agridoce.

É que domingo, dia 14 de maio, em pleno Portugal The Festa, uma celebração histórica na Nathan Philips Square, em honra dos primeiros portugueses a chegarem ao Canadá com o estatuto de imigrantes oficiais, a Banda Sagres vai apresentar-se ao público pela última vez.

Carlos Janeiro, vocalista da Banda Sagres desde a sua fundação em 2013, mas que durante 35 anos se dedicou à música com paixão, acedeu falar connosco sobre a sua história de vida ligada à música e, em particular, da Banda que guardará os instrumentos depois de domingo (14).

Milénio Stadium: Gostava que nos contasse como nasceu a Banda Sagres.
Carlos Janeiro: Em 2013, o meu irmão Armando perguntou-me se eu queria fazer parte dum novo projeto musical, com o filho dele, o meu sobrinho Patrick, na bateria! Convidámos o nosso primo Paulo Milheirao para ser o nosso teclista e também o nosso amigo Scott Leitão nas guitarras.
Decidimos gravar um cd com músicas originais, onde o nosso sucesso foi “Praia de Mira (Noiva do Mar)”, uma canção dedicada à terra onde eu e o meu irmão nascemos, Praia de Mira! Hoje, a Banda Sagres tem como novos membros, Nuno Maltez nos teclados e Mike Nazario nas guitarras.

MS: Como foi possível conciliar esta paixão pela música e a vida profissional de cada um dos membros da Banda?
CJ: O facto de fazermos parte dum conjunto musical, não o fazemos a tempo inteiro… cada um de nós tem o seu emprego.
Por muito que fosse bom fazermos vida da música, não dá para sustentar uma família!
Por essa razão, fazemos os nossos espetáculos aos fins de semana, e claro, durante a semana, cada um de nós faz o seu trabalho, alguns na construção, outros na engenharia!
Durante alguns dias da semana, para manter a nossa criatividade musical, fazemos alguns ensaios para aprender novos temas musicais.

MS: E a família? Imagino que não tenha sido fácil articular tudo.
CJ: Não é fácil fazer parte dum conjunto musical sem o apoio excecional das nossas famílias…pois quando vamos fazer um espetáculo, praticamente passamos o fim de semana fora das famílias! Claro que, várias vezes, as nossas esposas e filhos/filhas nos acompanham, mas nem sempre o podem fazer!

MS: Decidir pôr um ponto final a 35 anos de dedicação à música (como é o seu caso) não deve ter sido fácil. Qual foi a razão principal que vos levou a esta decisão?
CJ: Já faço parte de bandas na nossa comunidade há uns 35 anos!! Comecei com os Português Suave, depois fui vocalista dos Mexe Mexe, e até hoje vocalista da Banda Sagres!!
Depois de 10 anos, algumas saídas e entradas de novos membros, chegou a altura de terminar a minha carreira com a Banda Sagres!! Uma decisão que não foi fácil, mas fico muito contente com a nossa contribuição em termos de espetáculos feitos não só pelo Canadá, como também pelos Estados Unidos.

MS: A paragem forçada pela pandemia contribuiu para a Banda Sagres decidir terminar esta caminhada pela música?
CJ: Não vou dizer que a paragem devido à Covid contribuiu para a nossa decisão, mas claro que ajudou!
Estávamos prestes a gravar o nosso segundo CD, mas quando os espetáculos acabaram durante dois anos, ficou muito difícil em termos monetários para concluir a nossa gravação.

MS: Ao longo destes anos a Banda Sagres manteve uma ligação forte com a comunidade portuguesa residente no Ontário. De certo modo, a comunidade ajudou a que conseguissem esta carreira tão bem sucedida?
CJ: Fazendo parte dum conjunto musical, nada seria possível sem o apoio dos nossos clubes! Alguns mais acolhedores que outros, mas sempre prontos para nos convidarem para fazer parte das suas festas. Espero que a nossa gente continue a apoiar os nossos clubes, pois são estes clubes que continuam a manter a nossa cultura portuguesa!

MS: O que significa para vós fazer a última atuação numa Festa em que se celebram 70 de imigração portuguesa no Canadá?
CJ: É uma enorme honra fazer parte desta festa que vai celebrar 70 anos de imigração portuguesa no Canadá!
Pois eu também sou imigrante desde que vim para o Canadá com os meus pais e irmãos! Graças àqueles que vieram para o Canadá há 70 anos. Foram eles que abriram as portas para todos nós!
Vai ser a nossa última atuação, e todos os membros da Banda Sagres – Carlos Janeiro, Armando Janeiro, Patrick Janeiro, Nuno Maltez e Mike Nazario – queremos agradecer a toda a comunidade portuguesa por todo o carinho e amor que nos deram durante esta nossa aventura!

Madalena Balça/MS

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