2024 não deixa saudade
Ao olhar para trás, para o ano que ainda agora acabou, 2024 é comparável à estátua de sal que se formou depois da mulher de Lot olhar pela última vez para a cidade de Sodoma, como nos diz o livro do Génesis na Bíblia. Difícil encontrar um ano tão mau. Vou destacar alguns acontecimentos e perceber-se-á, de seguida, o motivo desta minha deceção com o que nos trouxe 2024.
Morreu Celeste Caeiro, a senhora que distribuiu os cravos no 25 de abril de 1974 pelos soldados, parece que também as conquistas de abril morreram um pouco com a recente operação musculada da PSP que aconteceu no Martim Moniz, assim como com a morte de Odair Moniz e a consequente violência e distúrbios na grande Lisboa.
O resultado histórico de André Ventura e do seu Partido Chega, que foram os grandes vencedores das últimas legislativas de 2024 com número recorde de deputados, 50 eleitos. As eleições europeias de junho confirmaram um avanço da direita nacionalista e radical em França, na Alemanha, na Bélgica, na Áustria, nos Países Baixos e na Itália. Na Áustria, o Parlamento elegeu uma figura da extrema-direita como líder pela primeira vez, em outubro, após a vitória histórica do Partido da Liberdade nas eleições legislativas de setembro. Em França, uma frente republicana formada para as eleições legislativas impediu que o partido de extrema-direita, Reagrupamento Nacional, chegasse ao poder, mas desencadeou uma crise política. A Alternativa para a Alemanha, de extrema-direita, venceu uma votação regional pela primeira vez em setembro e obteve bons resultados em outras duas (quem diria depois de Hitler). Dezenas de cidades na Inglaterra e na Irlanda do Norte ficaram em 2024 marcadas por manifestações contra a imigração comandadas por dirigentes de extrema-direita.
A fuga de Vale Judeus, os incêndios de setembro e a crise no INEM são acontecimentos de uma grande marca negativa. Quanto ao INEM, infelizmente, teve como consequência a morte de mais de uma dezena de pessoas fruto de 2300 chamadas não atendidas aliadas a 2 greves no setor.
A nível internacional, a vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos, até à queda de Bashar al Assad, passando pelas guerras no Médio Oriente e Ucrânia. Julgo negativa a eleição de Trump, porque a vejo como um perigo para a democracia, mas Trump teve uma vitória em toda a linha, derrotando a democrata Kamala Harris, que, lembre-se, entrou na disputa eleitoral após o abandono do ainda presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. Trump terá maioria na Câmara de Representantes e no Senado. Para ver em 2025 se o presidente será Trump ou o bilionário Elon Musk. Vladimir Putin iniciou o seu quinto mandato na Rússia em maio, após vencer mais uma eleição presidencial, entretanto o seu principal opositor, Alexei Navalny, morreu em fevereiro provavelmente assassinado. A guerra na Ucrânia continuou durante todo o ano sem sinais de abrandamento. A queda de Bashar al Assad na Síria liderada, pelo Estado Islâmico, ainda requer muitas provas dadas, pois esta organização, na minha opinião, não é de confiar embora o novo governo tenha anunciado os direitos de todas as religiões no país. No Médio Oriente, cada vez a guerra toma proporções mais dramáticas, tudo começou em Gaza, mas rapidamente se alastrou e foi além do território israelita ou palestiniano, chegando ao Líbano, à Síria, ao Irão e ao Egipto.
Que 2025 nos traga paz, justiça liberdade e igualdade. Aproveito para desejar um excelente 2025 ao leitor do Milénio.
“Tenho um sonho, apenas um sonho, a sonhar. Sonho com a liberdade, sonho com a justiça, sonho com a igualdade e gostaria de não ter de sonhar mais.”- Martin Luther King
Vítor Silva/MS
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