Violência sobre as mulheres aumentou durante a segunda vaga

Desde setembro, o número de acolhimentos com quadro de agressão física e psicológica reiterada disparou.
O número de atendimentos e acolhimentos registados na Rede Nacional de Apoio às Vítimas de Violência Doméstica (RNAVVD), desde setembro e até à data, está ao nível dos registados na primeira fase da pandemia. A informação é do gabinete da secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade, Rosa Monteiro, e foi revelada esta quarta-feira (25), Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as mulheres.
Segundo o Relatório Anual da Segurança Interna, os crimes de violência doméstica aumentaram 10,6% entre 2018 e 2019, totalizando, no ano passado, 29 498 casos. Desses, 76% das vítimas eram mulheres.
Já no total dos 54 403 atendimentos efetuados pela Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV), 79% envolveram violência doméstica e 8394 referiam-se a vítimas femininas.
O problema agravou-se este ano. Até ao fim do terceiro trimestre, registaram-se 19 homicídios, 15 dos quais sobre mulheres. E aumentou 45,11% o número de pessoas (1898) em Programas para Agressores em Violência Doméstica.
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O número de atendimentos e de acolhimentos na RNAVVD tem seguido a mesma linha. De acordo com o gabinete da secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade houve 25 mil atendimentos, 848 acolhimentos (499 mulheres, 328 menores e 21 homens) e 370 autonomizações na primeira vaga da covid-19.
Já na segunda fase da pandemia, a rede nacional registou, desde setembro, 12 500 atendimentos, 625 acolhimentos (309 mulheres, 304 menores e 12 homens) e 150 autonomizações. “Na maioria, as vítimas são acolhidas com crianças e registam quadros de violência física e psicológica reiterada”, assinala o gabinete de Rosa Monteiro. Já as linhas de apoio receberam, desde 19 de março, 1400 pedidos de ajuda, “um aumento muito significativo” face a período homólogo”.
800 suspeitos
A PSP sinalizou este ano cerca de 800 suspeitos da prática de crime de violência doméstica e já elaborou mais de 32 mil planos de segurança individual neste contexto.
Novos centros de apoio
Desde abril, o Governo aposta na expansão da rede. Criou estruturas de acolhimento especializadas para mulheres com deficiência ou problemas de saúde mental, para pessoas LGBTI e homens vítimas de violência sexual. Em junho, foram assinados protocolos para a abertura de três estruturas residenciais para idosas vítimas de violência (120 vagas).
Sensibilização
Em abril, a secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade criou duas novas estruturas temporárias de acolhimento de emergência para mais 100 pessoas. E lançou uma campanha de alerta e de informação sobre serviços e linhas de apoio.
JN/MS
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