Tempo de eleições em Portugal
18 Partidos em dezenas de debates políticos, nenhum partido menciona ou dedica qualquer atenção aos assuntos da diáspora!...

Como dizia o saudoso, José Mário Coelho, – “ Eu saí de Portugal, mas Portugal nunca saiu de mim!“
Gosto muito e volto sempre a Portugal! Não gosto que façam mal ao meu País, Portugal, não gosto nada das pessoas, dos políticos, daqueles que deveriam servir bem Portugal, mas só e apenas se servem a eles próprios.
Quase me vejo impelido a comentar o tema que o Laurentino Esteves muito a propósito se refere, ou seja tempo de Eleições Legislativas em Portugal, tempo de debates políticos e… nenhum partido menciona ou dedica qualquer atenção aos assuntos da Diáspora, para os quais altamente apregoam serem também sua grande preocupação.
Era mais cómodo ficar calado, todavia, depois de muitos anos de trabalho, esforço e dedicação de tantos voluntários, nos quais me incluo, pela causa Portugal, é difícil conter a frustração ao constatar a atitude pretensiosa de certos candidatos em quererem ser “nossos” representantes e isso a qualquer preço, já que tal eleição é garante de um tacho bem remunerado e cheio de mordomias. Quanto às obrigações do cargo, programa, logo se vê, arranja-se um mapa de viagens para todo o sítio onde haja emigração portuguesa, um saco de medalhas e pronto, tudo se resolve.
É urgente que nós como Comunidade nos mantenhamos atentos, de sobreaviso e precavidos contra os oportunistas e sem carácter, dos vilões que tentam aldrabar a Sociedade, que não permitamos a alguém que depois de ter representado o partido X, neste caso o PSD por mais de 30 anos e porque foi posto de lado, tenha a ousadia e desplante de se apresentar também aqui no Canadá, como candidato pela Emigração mas por outro partido, neste caso o CDS, o que só demonstra falta de honradez e seriedade, tanto da parte do pseudo candidato como do partido que tal permite e que sem qualquer pejo, tenta abusar da nossa confiança e espírito aberto. Para estes, só o voto e o tacho conta… a qualquer preço… e isto aconteceu nas últimas eleições.
É tempo de dizermos alto e bom som a todos esses pretensos candidatos, que os tempos mudaram, que hoje não mais se aceita o velho discurso trivial, o das costumadas promessas de que os serviços consulares vão melhorar, que o ensino da língua portuguesa vai merecer mais atenção por parte do Governo e que continuemos a mandar as poupanças para Portugal, pois a banca portuguesa oferece todas as garantias, até mesmo a de se perder tudo, como desgraçadamente aconteceu a tantos conterrâneos, vítimas de banqueiros corruptos e sem escrúpulos, que tudo fizeram para convencer os simples e menos avisados a lhes entregar as poupanças de uma vida, para depois tudo lhes subtrair condenando assim tantas famílias à miséria e ao desespero e que nem ao menos puderam contar com o auxílio do Governo ou com o apoio dos ditos representantes deputados pela Emigração que se limitaram a um condenável virar de costas.
Uma vez mais não se vislumbra neste quadro de pretensos candidatos, a indicação, preocupação ou talvez capacidade criativa para apresentarem ideias ou solução capaz para os problemas que se repetem nos tempos, apesar da maioria dos mesmos terem já sido discutidos, pasme-se, no Congresso Mundial da Emigração Portuguesa e que teve lugar em Lisboa no longínquo ano de 1980, no qual participamos em representação do Canadá, problemas e anseios esses que acreditamos irão continuar a subsistir.
O nosso espírito crítico como Comunidade tem de ser constante, ir ao ponto de questionarmos até a oportunidade e “timing” da visita, quanto a nós extemporânea, da Secretária de Estado da Emigração, que aconteceu por alturas do fim de Novembro e primeira semana de Dezembro passado. Não se percebe bem, como é que a Senhora Secretária de Estado da Emigração, que fazendo parte de um Governo destituído, portanto com funções suspensas, decide continuar com suas visitas ao estrangeiro, e pelo que foi noticiado, relatado e comentado pela imprensa local, sem qualquer agenda de importância ou referência aos tais assuntos pendentes e que certamente já serão da conta do futuro Executivo, portanto do futuro Governo que decididamente irá escolher e nomear a sua própria equipa.
Naturalmente a Sra. Secretária de Estado da Emigração decidiu manter a visita, muito útil para conhecer um pouco do País- Canadá e certamente como tanto apraz aos políticos, oportunidade para os tais discursos fáceis e palavras de ocasião, mas que e dadas as circunstâncias, esquecendo-se de justificar ou explicar a utilidade de tal decisão. Como cidadãos contribuintes, há que exigir transparência e responsabilidade a este Governo e sua Geringonça.
Quanto às eleições e método de votação, nada mudou em 40 anos… Como de costume, dos candidatos que agora se perfilam, para além de oferecerem uma mão cheia de nada, atrevem-se a apontar o dedo a todos nós, exigindo que nos esforcemos, que temos de votar em massa, para que esses “pseudos” tenham maior poder de representação, para que eles tenham mais força, para que façam mais viagens, mais ajudas de representação, pois então. Esquecem-se do pequeno pormenor, que enquanto em Portugal ninguém se desloca em média mais de 2 km para a mesa de voto, por cá a média é de centenas e mais quilómetros até ao Consulado, único local onde se pode votar, com exceção para os de Toronto e arredores que mesmo assim é sempre à volta dos 20 km e mais.
Para quando o voto eletrónico? O atual voto por correspondência, que obriga a deslocação aos correios, etc., temos dois votos que aguardamos cheguem a tempo, continua a ser uma pobre solução e que acabada esta primeira geração, não terá mais qualquer utilidade porque o complicado processo a que obriga o votante é desmotivador e por tal, não irá constituirá apelo suficiente para nossos filhos ou gerações futuras, para quem Portugal continuará lá longe, uma bela recordação.
Tenhamos em conta também a vastidão do Ontário e o fato do território em que estamos inseridos ser duas vezes e meia o tamanho da França e sabemos que há portugueses espalhados por toda a Província. Quando nenhum dos candidatos se refere a tão momentoso problema, é porque não está a par da missão que o espera, é não estar ciente da realidade difícil que é exercer o direito de voto a quem está fora de Portugal. A curta visão destes candidatos, a mania de que a boa vontade tudo resolve, contribui para o afastamento e desinteresse que há muito se verifica por parte da comunidade votante e há que trabalhar se é que ainda vamos a tempo para reverter tal situação.
O “problema” do voto, se querem, poderia simplificar-se, desmistificando a obrigação de ser o Consulado o único ponto de recolha do voto, quando temos centenas de Associações e Clubes espalhados por todas as Províncias Canadianas, com facilidades, instalações e condições à altura e que muito facilmente se poderia aproveitar para tal tarefa, haja vontade e interesse em encontrar a melhor solução, ou seja querer levar o voto ao votante. É assim que se faz no Canadá, é assim que se exerce a democracia, facilitando e dando oportunidade de voto ao cidadão.
Ainda uma abordagem à TAP, que para além de ser um poço sem fundo, sorvedouro crónico de biliões de euros dos contribuintes, nunca demonstrou qualquer preocupação com a Diáspora, nem mesmo depois da extraordinário ação épica e trabalho espetacular desta Comunidade, através do First Portuguese, que 1980-81 organizou a celebre Petição ao Governo Canadiano a pedir autorização para a TAP voar para Toronto, 84,000 assinaturas recolhidas porta a porta, por associações, clubes, comércio, igrejas, centros de terceira idade, em Toronto e outras Cidades do Ontário, em Montreal- Quebec, em Winnipeg -Manitoba, em Calgary e Edmonton – Alberta, em Vancouver e Victoria – Colúmbia Britânica, e que se traduziu no SIM do Governo Federal, decisão muito desejada por Portugal e pela Tap, que durante cerca de cinco anos tentaram mas não conheceram sucesso na obtenção de tão valiosa licença.
Conseguida a autorização para os “Landing Rights to Pearson International ”- Como será do conhecimento geral ou talvez não, a TAP voou durante 13 anos, voos regulares para Toronto, o que antes só acontecia para Montreal, ficando a ligação para Toronto a cargo da Canadian Pacific e por fim pela Air Canadá e que representava menor retenção financeira, ou seja divisão de lucros.
A “nossa” Companhia de Bandeira, TAP, como pagamento à Comunidade luso-canadiana, em 1994 e não obstante o esforço da Comunidade enviando uma Delegação a Lisboa para contactar o Governo Português, incluindo Primeiro Ministro, Ministro dos Transportes, Ministro dos Negócios Estrangeiros e Presidente da República e naturalmente através de diversas reuniões com a Gerência da Companhia, apesar de tudo a TAP decide abandonar a rota Lisboa-Toronto, que sempre deu lucro e provado, para substituir pela nova ligação Lisboa -Moscovo, que apenas e sempre produziu perdas financeiras significativas. Em relação à delegação acima mencionado e para que conste, todas as despesas da deslocação e estadia da Delegação a e em Lisboa, foram da conta de cada delegado cujos nomes e para conhecimento público ficam aqui mencionados: – Manuel Brito Fialho, Dr. Tomás Ferreira, Leo Pereira, Manuel Batista – diretor do Jornal Voice – Toronto, e ainda o delegado de Montreal, cujo nome de momento não consigo identificar.
A TAP, anos volvidos, restabelece a ligação Lisboa-Toronto, graças à decisão do Governo Federal Canadiano que em atenção à Comunidade luso-canadiana, decidiu reinstituir a licença.
Como aceitar tudo isso? Alguém foi chamado a contas? Nem por isso.
Por aqui se entende e são estas algumas das razões que têm contribuído para o alheamento e indiferença de muitos luso-canadianos e muitos outros lusos pelo mundo além em relação aos Políticos e certas Decisões Políticas que tanto prejudicam o nosso País.
Mas Portugal pode certamente continuar a contar connosco!
Leo Pereira
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