Solução “made in” Portugal permite eliminar vírus em tecidos
Seis meses de trabalho resultaram na descoberta de uma solução que permite, com recurso a uma tecnologia sustentável, eliminar vírus em tecidos de colchões, lençóis e fronhas. Trata-se de um projeto de investigação e desenvolvido promovido pela Maroco, empresa sediada em Paços de Ferreira, e por dois centros portugueses, que nasceu com a missão de aumentar o grau de segurança de produtos usados no setor hoteleiro, nomeadamente ao nível têxtil.
Iniciado em setembro, o Safety4Guest contou com a colaboração de Centro de Nanotecnologia e Materiais Técnicos, Funcionais e Inteligentes (CeNTI) e do Instituto Nacional de Engenharia Biomédica (INEB). A formulação descoberta recorre a uma tecnologia de aplicação em spray (um “spray coating” ou uma camada de spray), uma técnica emergente na indústria têxtil, mais ecológica do que outras técnicas convencionais: utiliza menos água, energia e matéria-prima. Já foi testada em várias lavagens domésticas e mantém a eficácia após cinco ciclos de lavagem a 40 graus com um detergente comum.
Nos testes, foi utilizado um bacteriófago “estruturalmente semelhante” ao SARS-CoV-2, mas que infeta “única e exclusivamente bactérias” e que, por isso, reduz o risco para o utilizador, explica Joana Barros, investigadora do INEB.
Cumpre-se agora a fase de ensaios de validação e certificação da solução segundo os requisitos da indústria hoteleira e hospitalar. O objetivo passa colocar a fórmula o “mais brevemente possível” no mercado para comercialização, revela Miguel Costa, administrador da Maroco, empresa especializada em produtos para a indústria de estofos e mobiliário.
O responsável diz aguardar uma reunião com a Direção-Geral da Saúde para que o produto possa também ser usado no tratamento da roupa dos profissionais de saúde.
O projeto conta com um investimento de cerca de um milhão de euros, metade dos quais financiaram a compra da máquina que tem como função espalhar o spray sobre os tecidos, permitindo a formação de uma camada que elimina o vírus e evita a sua reprodução.
A Maroco dispõe de uma “uma grande capacidade de produção e de aplicação” da solução desenvolvida, conseguindo fazer o tratamento “de 100 a 150 metros de tecido a cada dois minutos”, garante Miguel Costa, acrescentando que o próximo objetivo do projeto é conferir proteção aos tecidos usados nas máscaras reutilizáveis.
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