Portugal

PSD ultrapassa PS, mas só há maioria à Direita com o Chega

PSD: Luís Montenegro fala sobre o caso da demissão da CEO da TAP
O presidente do Partido Social Democrata (PSD), Luís Montenegro, fala aos jornalistas na conferência de imprensa sobre o caso da demissão da CEO da TAP, que decorreu na sede do partido, no Porto, 05 de abril de 20232. FERNANDO VELUDO/LUSA

 

Sociais-democratas crescem à custa dos Liberais e Chega mantém terceiro lugar. Socialistas perdem 13 pontos face às legislativas.

O PSD de Luís Montenegro (28,6%) ultrapassou o PS de António Costa (28,3%). São escassas três décimas, num cenário em que os socialistas também estancam as perdas e até registam uma pequena recuperação face a janeiro passado. De acordo com a sondagem da Aximage para o JN, DN e TSF, o Chega mantém-se num sólido terceiro lugar (12,1%). Bem mais para baixo surge o BE (6,3%), que ultrapassa a Iniciativa Liberal (6,1%). Segue-se o PAN (4,5%), que parece ressurgir das sombras, ao contrário da CDU (3,5%), que se afunda um pouco mais. Fecham a tabela o Livre (2,7%) e um agonizante CDS (1,3%).

A sondagem dá indicações contraditórias sobre a capacidade de Luís Montenegro de conduzir o PSD à vitória nas legislativas (que, por enquanto, são virtuais). Se compararmos com a última pesquisa da Aximage, em janeiro passado, os sociais-democratas crescem quase quatro pontos percentuais (copo meio cheio). No entanto, se a comparação se fizer com as últimas eleições legislativas, ainda está meio ponto abaixo (copo meio vazio).

QUAL É A ALTERNATIVA?

São, igualmente, duvidosas as conclusões que se podem retirar relativamente à construção de uma alternativa. Se utilizarmos a terminologia que Marcelo Rebelo de Sousa impôs no espaço público, é certo que existe uma alternativa aritmética à Direita. Somados os resultados do PSD, do Chega, da Iniciativa Liberal e até do CDS, daria 48 pontos percentuais, mais do que suficiente para uma maioria parlamentar. Até porque a Esquerda (PS, BE, CDU e Livre) só ficaria umas décimas acima dos 40 pontos.

A situação é bem diferente quando se fazem as contas a uma alternativa política (ou seja, na terminologia do presidente-comentador, sem a extrema-direita do Chega): o resultado conjugado de PSD, Liberais e CDS seria de 36 pontos percentuais (os mesmos que em janeiro passado, uma vez que os ganhos do PSD são equivalentes às perdas da IL). Mas talvez seja importante começar a olhar para o PAN, o partido que diz que não é de Esquerda nem de Direita. Aqui somados, já daria para ultrapassar os 40 pontos.

NEM PS, NEM GERINGONÇA

 

Ainda assim, o copo de Montenegro está, agora, mais cheio do que o copo de Costa, facto quase inédito nesta série de barómetros (desde de julho de 2020, o PS esteve sempre na frente, com uma única exceção, em plena campanha eleitoral para as legislativas de 2022). Os socialistas estão muito longe da maioria absoluta. Mesmo que tenham ganho 1,2 pontos face à última sondagem, estão mais de 13 pontos abaixo do que conseguiram nas últimas eleições.

Não se vislumbra, sequer, uma alternativa aritmética à Esquerda (e ainda menos uma alternativa política): a soma da antiga geringonça ficaria por 38 pontos. Se lhe juntarmos o Livre, chegaria aos 40. Mesmo com o PAN, seriam 45 pontos. Menos do que a metade mais à Direita do hemiciclo (48 pontos), que está na frente desde outubro do ano passado.

 

BLOCO CENTRAL MAIS FRACO

Outra das leituras possíveis desta sondagem é que o país se continua a afastar da hegemonia do chamado Bloco Central. Nas últimas legislativas, PS e PSD valiam 69 pontos percentuais e mais de dois terços dos deputados. Apesar de alguma recuperação, ficariam, agora, pelos 57 pontos. O reforço da fragmentação partidária nestas eleições virtuais é uma evidência. Sendo certo que o terceiro lugar tem um dono incontestado: o Chega, de André Ventura, até perde umas décimas face ao barómetro de janeiro passado, mas continua a ser o partido com maior crescimento, se a comparação se fizer com as últimas eleições (mais cinco pontos).

Daí para baixo também há movimentações, embora, em alguns casos, de apenas escassas décimas. Com destaque para o PAN de Inês Sousa Real que, depois de uma descida até ao patamar do deputado único, nas últimas legislativas, parece ensaiar um ressurgimento. É o segundo partido que mais cresce de janeiro para abril (mais 1,4 pontos) e, ainda mais significativo, é o segundo que mais cresce relativamente às últimas eleições (mais 2,9 pontos).

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Ainda assim, o partido ambientalista e animalista continua abaixo do Bloco de Esquerda, que ganha 1,9 pontos face às legislativas, e da Iniciativa Liberal que, apesar de continuar acima do que conseguiu nas eleições (mais 1,2 pontos), acusa a mudança de líder (a troca de João Cotrim Figueiredo por Rui Rocha coincidiu com uma perda de 3,4 pontos entre as sondagens de janeiro e abril deste ano).

Também a mudança de líder dos comunistas não parece trazer boas notícias: quase seis meses depois de Paulo Raimundo ter sido escolhido para secretário-geral, o PCP (ou CDU, a sua marca eleitoral) afunda-se para os 3,5%, perdendo 1,3 pontos face a janeiro deste ano e quase um ponto relativamente às legislativas. Ao ponto de já se ver ameaçado pelo Livre de Rui Tavares que, apesar de também estar em queda este ano, cresce 1,4 pontos face às eleições de 2022.

Do CDS, o último na tabela, há pouco para dizer. Um ano de liderança de Nuno Melo não acrescentou nada, pelo menos em termos de intenções de voto. Continuaria, provavelmente, de fora do Parlamento.

Em detalhe

Divisão Norte/Sul
Há uma fronteira bem definida entre PSD e PS: os sociais-democratas lideram no Norte e no Centro, conquistando a Área Metropolitana do Porto (a região em que o PS mais perdeu). Os socialistas continuam à frente de Lisboa para Sul.

O caso do Porto
A Área Metropolitana do Porto também é palco de uma exceção: é a única região em que o Chega não consegue o terceiro lugar. É a Iniciativa Liberal que ali ocupa o terceiro lugar do pódio, reforçando até a sua votação face a janeiro passado.

Testosterona no Chega
Tem sido quase sempre assim, mas, nesta sondagem, reforça-se a primazia do eleitorado masculino no Chega: por cada mulher que escolhe o partido de André Ventura, há dois homens a anunciar o voto nos populistas de Direita.

Socialistas mais velhos
Quando a análise incide na idade, percebe-se que o PS já só lidera entre os que têm 65 ou mais anos. Mas também que foi o único escalão em que perdeu apoio de janeiro para abril (os inquéritos foram recolhidos antes do anúncio de novo aumento de pensões).

Liberais mais jovens
A Iniciativa Liberal arranca o terceiro lugar entre os eleitores mais jovens. É o único escalão etário que o Chega deixa escapar. A extrema-direita leva aliás uma vantagem de dez pontos sobre o quarto classificado (o BE) nos que têm entre 35 e 49 anos.

Classes sociais
Foi no que se pode classificar como classe média baixa (o segundo de quatro escalões) que o PSD mais cresceu entre janeiro e abril. Mas é ainda o PS que vai à frente, também aí. Os sociais-democratas só lideram entre quem tem melhores rendimentos.

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