Privados dão nega ao SNS para tratar doentes covid-19 em Lisboa

DR LUIS PISCO COORDENADOR DA MISSAO PARA OS CUIDADOS DE SAUDE PRIMARIOS
GONCALO VILLAVERDE
20080729
Os hospitais privados de Lisboa e Vale do Tejo manifestaram-se indisponíveis para receber doentes covid-19 transferidos do SNS. A informação foi avançada pelo presidente da Administração Regional de Saúde, Luís Pisco, após uma reunião com o presidente da Associação Portuguesa de Hospitalização Privada esta quarta-feira.
Na reunião entre a ARS Lisboa e Vale do Tejo e a Associação Portuguesa de Hospitalização Privada (APHP), estiveram presentes representantes de grupos privados de saúde que se terão mostrado indisponíveis para tratar doentes covid-19 oriundos do Serviço Nacional de Saúde de modo a ajudar a aliviar os hospitais públicos, alegando terem de dar prioridade à sua atividade programada.
Contactada pelo JN, a APHP diz que não há recusa, mas a necessidade de planear porque “soluções avulsas” não servem.
“Todos referiram que não tinham possibilidade de aceitar doentes com covid-19”, afirmou, ao JN, Luís Pisco, presidente da ARS de Lisboa e Vale do Tejo. Em causa, adiantou, estava a possibilidade de contratar algumas dezenas de camas de enfermaria para aliviar os hospitais do SNS. Mas os privados terão argumentado com a necessidade de darem resposta à sua atividade programada não-covid e não estarem a contar receber doentes do público. Ainda assim, segundo Luís Pisco,mostraram disponibilidade para repensar a posição, se a pandemia se agravar muito.
Esta semana, a ministra da Saúde Marta Temido disse que a tutela iria tentar falar com os privados para que os doentes não-Covid-19 que vejam as suas consultas, exames ou cirurgias no Serviço Nacional de Saúde (SNS) serem desmarcados face ao agravamento da pandemia possam ser encaminhados para os setores privado e social.
A ministra disse que o esforço de recuperação da atividade deixada para trás nos primeiros meses da pandemia foi significativo. “Nos hospitais, o cenário também foi de melhoria, mas não tão vantajoso. E tínhamos programas de recuperação da atividade assistencial com incentivos diretos aos profissionais de saúde. Mas, se isso não chegar – e admitindo que não chegue, face à desprogramação de atividade que teremos de fazer – o encaminhamento para os outros setores convencionados ocorrerá de acordo com aquilo que forem as necessidades e o interesse dos doentes”, afirmou.
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