Portugal tem 144 empresas com potencial para ascenderem a grandes companhias
Associação Business Roundtable Portugal, em parceria com a consultora Informa D&B, identifica um conjunto de “empresas adolescentes” como oportunidades de crescimento da economia nacional. 40% são do setor industrial.
Portugal tem pouco mais de mil grandes empresas – menos de 1% do tecido empresarial -, sendo que 30% delas eram de média dimensão há apenas cinco anos. Em contrapartida, há hoje 144 entidades que poderão ser as grandes empresas do futuro. Em conjunto, faturam cerca de 5,4 mil milhões de euros, dão emprego a 14 mil pessoas e exportam qualquer coisa como 1,5 mil milhões de euros.
Estas são as “empresas adolescentes”, identificadas pela Associação Business Roundtable Portugal, em parceria com a Informa D&B, como sendo as que estão em “melhores condições” para crescer, aportando à economia nacional “os benefícios que só as grandes empresas conseguem”.
O que são, então, empresas adolescentes? São companhias que estão no topo das médias empresas, que registam um volume de negócios de 30 a 50 milhões de euros, sendo as que “mais cresceram” em faturação e em emprego.
Indica o estudo da Informa D&B que o volume de vendas das empresas adolescentes registou um crescimento médio anual de 12,7%, entre 2018 e 2022, “muito superior aos outros segmentos de empresas. A título de exemplo, no mesmo período, a faturação das grandes empresas aumentou 8,7% ao ano, enquanto o tecido empresarial português como um todo cresceu 7,6%.
As “adolescentes” reforçaram os seus quadros de pessoal, aumentando o emprego, em média, 6,2% ao ano, entre 2018 e 2022, o que compara com um crescimento de 2,1%, quer no número de trabalhadores das grandes empresas quer no total do tecido empresarial.
“Outros indicadores financeiros, como a autonomia financeira, rácio de solvabilidade e rentabilidade dos capitais próprios são também superiores nas empresas adolescentes, quando comparados com os outros segmentos de empresas”, refere o estudo, concluindo que estas entidades, de grande potencial, têm “uma resiliência financeira consideravelmente superior a todos os outros segmentos, com 90% delas a registar níveis de resiliência elevado ou médio-alto”.
Quanto às suas áreas de atividade, as 144 empresas “adolescentes” identificadas estão concentradas em três setores: indústria (40%), comércio grossista (29%) e retalhista (19%). São maioritariamente (78%) empresas maduras, com 20 anos ou mais, “uma antiguidade muito semelhante à que encontramos entre as grandes empresas”, sendo que, cerca de um terço delas, tem uma gestão familiar, diz ainda a Informa D&B.
Com representatividade em todo o país, as empresas “adolescentes” estão mais fortemente concentradas no litoral, em especial nos distritos de Lisboa (23), Porto (19), Aveiro (15), Braga (12), Leiria (10) e Setúbal (10). Têm uma forte vocação exportadora, com quase seis em cada dez destas empresas a manterem negócios com o exterior, sendo que os mercados externos correspondem, em média, a 27% da sua faturação total.
Por fim, o estudo conclui que 13% destas entidades são consideradas empresas inovadoras, pelo perfil dos seus investimentos em tecnologia e I&D, uma percentagem que no tecido empresarial em geral é de apenas 0,4%.
“É urgente garantir as condições para que estas empresas passem rapidamente a fronteira para grandes empresas. Portugal precisa de mais grandes empresas – que são mais produtivas, investem e inovam mais, criam maior riqueza e pagam melhores salários. Este estudo confirma que temos muitos e bons candidatos a serem as próximas grandes empresas, cujo crescimento será fundamental para acelerar o crescimento económico e social de Portugal, e garantir um país mais justo, próspero e sustentável”, defende o presidente da Associação Business Roundtable Portugal, entidade que dispõe de um programa de apadrinhamento de empresas adolescentes. “Consiste num acompanhamento personalizado por parte de um CEO da Associação BRP ao CEO da empresa adolescente selecionada”, explica Carlos Moreira da Silva, sustentando que “queremos acelerar as empresas médias de elevado potencial de crescimento, oferecendo todo o nosso conhecimento e experiência de empresas líderes e globais”.
Já a diretora-geral da Informa D&B considera que “num tecido empresarial como o nosso, com uma enorme quantidade de empresas de reduzida dimensão e onde é difícil crescer sucessivamente e ganhar dimensão, estas empresas que identificamos como ‘adolescentes’ merecem uma atenção especial pois são as que estão mais preparadas para serem grandes empresas, com todos os benefícios que isso significa para a economia do país”.
DV/MS
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