Portugal

Metade dos jornalistas portugueses em risco de burnout

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O excesso de trabalho, os salários baixos, a deterioração da qualidade de trabalho e a dificuldade de conciliação entre a vida profissional e a familiar são algumas das condições de trabalho dos atuais jornalistas portugueses, colocando estes profissionais em risco de burnout. Metade tem níveis elevados de esgotamento.

Estas conclusões resultam do Inquérito Nacional às Condições de Vida e de Trabalho dos Jornalistas em Portugal, desenvolvido pelo Sindicato dos Jornalistas (SJ), a Casa da Imprensa e a Associação Portuguesa de Imprensa (API), e vão ser apresentadas esta segunda-feira, às 11 horas, na Casa da Imprensa.

Os indicadores extraídos do inquérito demonstram que a saúde mental dos jornalistas portugueses está em risco. Dos 866 jornalistas que responderam ao inquérito, cerca de 18% apresentam valores de exaustão emocional muito elevado e extremamente elevado. Mais: Metade (48%) apresenta níveis elevados de esgotamento. Ganham em média 1225 euros líquidos por mês.

Estes fatores que estão também a prejudicar a vida familiar destes profissionais. A média de filhos dos jornalistas portugueses (1,04) – o mais baixo das carreiras analisadas pelo Observatório para a Condições de Vida e Trabalho-, está abaixo da média nacional de 1,38 filhos por mulher.

Em comunicado enviado às redações, o Sindicato dos Jornalistas salienta que os “jornalistas portugueses vivem em conflito constante com o tempo, as metas definidas e os resultados exigidos, nada coincidentes com a disponibilidade, a qualidade e a formação de que dispõem para a execução das suas tarefas. São sintomas de uma atividade precária e desprofissionalizada, agravados pela pandemia global, pela guerra na Europa, pela recessão económica internacional e pelo surgimento crescente da inteligência artificial”.
Maioria sofre de assédio moral por parte das chefias 
A maioria (93%) dos inquiridos diz ser alvo de assédio moral por parte das chefias e/ou patrões, sendo uma minoria (7%) por colegas e 49% afirmam ter vivido situações de censura ou autocensura.
Segundo o inquérito, metade declarou trabalhar mais de 40 horas por semana e mais de dez horas semanais em períodos noturnos. Cerca de 82% afirmam que o ritmo de trabalho transformou as rotinas produtivas e metade (48%) sentem-se inseguros com a sua situação precária. Por fim, 62% admitem que não encontram apoio na resolução de questões éticas das rotinas laborais.
“O estudo permite perceber que quem recebe menos está mais desgastado, cenário que piora quando há ameaça de desemprego. Também o assédio moral contribui significativamente para a situação de desgaste, que se agrava com os conflitos com a hierarquia que é mais evidente nas mulheres”, lê-se no comunicado.

O inquérito recolheu um total de 866 questionários e foi realizado entre abril e maio de 2022. A média dos participantes foi de 44,8 anos e a maioria (80%) possui formação superior.

O trabalho foi realizado por uma equipa de investigadores universitários coordenada por Raquel Varela e Roberto della Santa, da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Duarte Rolo, João Areosa e José António Antunes, do Observatório para as Condições de Vida e Trabalho, FCSH/UNL, e Henrique Silveira, Miguel Amaral e Beatriz Santiago, do Instituto Superior Técnico, da Universidade de Lisboa, são coautores do trabalho.

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