O inquérito divulgado ontem pelo Instituto para os Comportamentos Aditivos e as Dependências (ICAD) teve mais de 90 mil respostas válidas dos jovens com 18 anos que participaram no Dia da Defesa Nacional.
De forma transversal, estão a diminuir os consumos de álcool e de substâncias como o tabaco ou drogas, ainda que haja indicadores que continuem a ser alvo da atenção.
Um deles é o consumo “binge”, ou embriaguez, que nas mulheres significa tomar cinco ou mais bebidas no mesmo dia e, nos homens, é seis ou mais.
Nos últimos 12 meses, mais de metade dos jovens (51%) admite ter-se embriagado. Destes, 62% apenas ficou alegre, ou seja, embriagou-se ligeiramente. Os restantes 36% passaram por, pelo menos, uma embriaguez severa, que significa beber até cambalear, ter dificuldade em falar, vomitar ou não se recordar do que ocorreu.
Segundo o inquérito, o consumo “binge” é ligeiramente maior nos rapazes (53%) do que nas raparigas (50%). Quanto à severidade, a embriaguez ligeira é um pouco superior nas mulheres e a severa é maior nos homens.
Eles jogam mais online
De referir que estes dados são referentes ao ano de 2023 e a boa notícia é que em 2022 a situação era pior. Aliás, como refere o relatório, “a evolução entre 2022 e 2023 contraria a tendência predominante de aumento dos consumos, verificada entre 2015 e 2022”. Isto aconteceu com os consumos de tabaco, de álcool, de drogas e de substâncias tranquilizantes ou sedativas sem receita.
O inquérito do ICAD analisou ainda os hábitos de utilização de internet. Tem-se assistido, desde 2016, a um “incremento sucessivo da implementação do jogo online, entre os jovens de 18 anos, até 2022, diminuindo ligeiramente em 2023”. Assim, em 2015, 54% dos jovens admitia jogar online, enquanto que esse número foi de 61%, em 2023.
Ou seja, em cada dez jovens com 18 anos, seis jogam online e, destes, dois jogam a dinheiro, sobretudo, os homens e em apostas. No que toca ao jogo online, a disparidade entre homens e mulheres é grande. Embora a média seja de 61%, a prevalência nos homens é de 82,2% e nas mulheres é de 38,1%.
O relatório do ICAD ressalva que o tempo passado na internet não é necessariamente nocivo, mas é “significativo” que 40% passem cinco horas ou mais, por dia, online.
Outros dados do inquérito
As drogas mais frequentes
Entre 2015 e 2023 aumentaram as prevalências de consumo mais frequente de anfetaminas e metanfetaminas, cocaína, alucinogénios e tranquilizantes ou sedativos sem receita médica, enquanto diminuíram as de tabaco, canábis e opiáceos.
Todas diminuíram
No último ano, contudo, a prevalência de todas estas substâncias diminuiu, com particular ênfase na redução de opiáceos.
Encomendam na net
Um em cada cinco jovens de 18 anos que são consumidores regulares de canábis admitem que encomendam a substância pela internet.
29% experimentaram
Embora tenha diminuído, o número de jovens que já experimentou algum tipo de droga ilícita ainda é de 29%, sendo que 27% admitem ter experimentado canábis.
Redes sociais lideram
As raparigas passam mais tempo nas redes sociais, a pesquisar e a ver filmes, vídeos ou tutoriais, enquanto os rapazes passam mais tempo a jogar.
Problemas em 36%
Entre os inquiridos, 36% admitiram ter problemas relacionados com a utilização da internet. O mal-estar emocional é o problema mais recorrente, mas a diminuição da capacidade para estudar ou trabalhar também é frequente.
JN/MS
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