A partir desta quarta-feira, Lisboa tem 86 pontos de encontro nas várias freguesias da cidade, para onde se deve dirigir a população afetada por qualquer acidente grave ou catástrofe. A ideia é que esta lista possa ser atualizada ao longo do tempo.
Lisboa, uma das capitais europeias mais suscetíveis a catástrofes naturais como sismos e tsunamis, tem, a partir desta quarta-feira, identificados 86 pontos oficiais de encontro espalhados pelas várias freguesias, numa área total de 112,66 hectares. Estes espaços públicos têm a capacidade de concentrar mais de 600 mil pessoas em caso de qualquer acidente grave ou de catástrofe, como sismos, tsunamis, incêndios e inundações, bem como outros que possam significar a perda de habitação.
Já antes do sismo de agosto, que se fez sentir um pouco por todo o país, mas afetou principalmente as regiões de Setúbal e Lisboa, tinha sido iniciada esta identificação, sublinhou o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas. Acabaram por ser acordados, com as várias juntas de freguesia e a proteção civil, s 86 pontos pela cidade, onde os lisboetas devem aguardar, com os respetivos kits de emergência, até à chegada dos meios de assistência e socorro. O trabalho não terminou por aqui, será “contínuo”, garantiu o autarca numa apresentação que decorreu esta quarta-feira de manhã na câmara lisboeta.
Vários fatores tidos em conta
Nos locais, será colocada em breve uma sinalética específica, adiantou Margarida Castro Martins, diretora do Serviço Municipal de Proteção Civil de Lisboa, que deixou também o alerta à população para não confundir as futuras placas com as que foram espalhadas, desde o início do ano, para identificar os locais na zona da frente-ribeirinha da capital onde as pessoas deverão dirigir-se em caso de tsunami. A ideia é que este mapa, que fica esta quarta-feira disponível à população, seja “dinâmico”, ou seja, atualizado ao longo do tempo, acrescentou.
Os espaços amplos e ao ar livre foram escolhidos depois de serem avaliados múltiplos riscos, desde logo naturais, como o tipo de solos, a suscetibilidade a sismos e a vulnerabilidade muito elevada de inundação nos locais, explicou a responsável. Riscos de explosão e de derrames nas zonas perto de estações e a proximidade de estruturas de apoio à emergência também foram fatores tidos em conta, bem como a população residente e a densidade populacional.
Risco sísmico dos edifícios
Ficará também disponível esta quarta-feira a plataforma online LxReSist, criada após o sismo de agosto e também disponível na versão de aplicação móvel. O objetivo é informar os cidadãos sobre os comportamentos que devem adotar para minimizar o impacto de um sismo. Serve também para elencar as prováveis vulnerabilidades sísmicas de um determinado edifício, tendo em conta a sua idade, e que ações podem ser adotadas para prevenir esse risco.
“Um lisboeta hoje tem informação personalizada sobre onde reside, o edifício onde vive, o que é que deve fazer. E saber o que é que deve fazer é saber primeiro se vive num edifício em que deve ter alguma cautela, quem deve contratar, quem são os engenheiros em Portugal que estão inscritos na Ordem dos Engenheiros e que podem ajudar. E sobre quais são as pequenas coisas que pode fazer para reforçar a segurança antissísmica”, afirmou Moedas. Toda a informação que consta na plataforma estará disponível em inglês e no futuro também noutros idiomas, tendo em conta a grande entrada de turistas na cidade ao longo de todo o ano.
Túneis de drenagem está “mais ou menos a meio”
Salientando que “obviamente não se pode prever uma catástrofe”, Carlos Moedas garantiu que Lisboa está preparada. Questionado sobre um ponto de situação dos túneis de drenagem de água, o autarca assegurou que a obra, a maior que a câmara tem neste momento em mãos, “está mais ou menos a meio”. Recorde-se que a obra, no valor de 150 milhões de euros, foi acelerada na sequência das chuvas intensas que se fizeram sentir em dezembro de 2022.
“Entre 5% e 10%” dos edifícios sem proteção
Em jeito de balanço daquela que tem sido a avaliação e preparação da autarquia nos últimos três anos em caso de situação sísmica, Carlos Moedas revelou ainda que já foram avaliados mais de 1400 edifícios municipais, dos quais “entre 5% e 10%” não têm a proteção necessária e, por isso, “serão reforçados”. Acrescenta ainda que já foram formados mais de 700 engenheiros para a prevenção antissísmica. No que diz respeito à preparação, foram distribuídos mais de 2500 kits de emergência em várias escolas do 1.º ciclo e ensino básico pela capital. O autarca lisboeta recordou ainda que, desde 2022, foram instalados duas sirenes de alerta de tsunami em Lisboa e que ainda serão colocados mais oito nos próximos anos.
A população pode também receber os avisos e as recomendações do Serviço Municipal de Proteção Civil de Lisboa. Para isso, cada cidadão deve inscrever-se ao enviar uma SMS com o texto “AVISOSLX” através do número 927 944 000.
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