Portugal

Lares de Vila do Conde com salários em atraso e falta de higiene

lares - milenio stadium

 

Baratas na cozinha e nos quartos, comida fora de prazo, salários liquidados “às pinguinhas”, subsídios de férias por pagar, nem um cêntimo dos retroativos de 2021 e das horas extras feitas durante a pandemia, uma direção que os manda “comer relva”. Está assim a Venerável Ordem Terceira de São Francisco, em Vila do Conde. A denúncia é do Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP). A instituição não reagiu ao JN.

“Têm surgido, frequentamente, baratas na instituição, há produtos fora de prazo a serem confecionados e os trabalhadores estão preocupados com a segurança deles e dos utentes”, explicou, ao JN, Célia Vareiro, do CESP, que, esta quarta-feira de manhã, se juntou às cerca de 40 trabalhadoras que se manifestaram à porta da Ordem Terceira e, em sinal de protesto, levaram um saco de relva. Quem lá trabalha, teme represálias e recusa falar das baratas e da comida fora de prazo, mas denuncia “as más condições” laborais.

“Tem sido muito difícil pagarem.. Em dezembro, não havia dinheiro. Depois, em fevereiro, a Câmara deu 40 mil euros para pagar os salários e, em abril, recebemos metade e a outra metade só chegou, agora, no dia 9. E, cada vez que fazemos alguma pergunta, somos logo atacadas pela direção que até já nos disse: se não têm que comer, vão comer relva”, contou Conceição Silva, que, aos 50 anos, nunca imaginou ver a instituição numa situação tão má.

“Há muita falta de pessoal. O trabalho é duro e ganhamos 660 euros por mês”, continua a contar.

Ana Fangueiro tem 53 anos e 15 anos de casa. “Nunca passei por uma direção tão baixa. O ambiente de trabalho é mau. Os idosos são bem tratados, porque somos nós que temos compaixão e fazemos, senão não sei o que seria”, diz. Ali, não há fins de semana, nem feriados, nem noites. O trabalho é duro, as cargas horárias pesadas e “as funções de duas ou três são feitas por uma”. No final, para casa, leva-se o salário mínimo.

“Os novos que entram ganham tanto como nós que estamos aqui há 15 anos. Se dizemos o que está mal, somos perseguidas, mudadas de setor, trocadas de horário”, continua a contar Ana Fangueiro, desiludida.

“Dinheiro não chega”

Nos três lares da Ordem – S. Francisco, S. Domingos e Santo António – vivem cerca de 120 idosos e há cerca de uma centena de funcionários.

“Há muito poucos trabalhadores para atender tantos utentes. Os trabalhadores sentem-se desrespeitados, porque não são bem tratados, falta-lhes o dinheiro, as condições de trabalho são violentas física e psicologicamente e ganham salários mínimos, que não chegam para colocar comida na mesa”, explica ainda Célia Vareiro, acrescentando que muitos fazem, na instituição, a uma refeição completa do dia, “porque o dinheiro não chega para tudo”.

Esta manhã, depois do protesto, o CESP rumou à Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS) para entregar as mais de 300 assinaturas, recolhidas nos concelhos do distrito a norte do Porto a exigir um aumento de salário de 75 euros para quem trabalha no setor social.

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