Índice de transmissibilidade da covid-19 a crescer desde meados de fevereiro
Um relatório da Direção-Geral da Saúde (DGS) e do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA) mostra que o Rt (índice de transmissibilidade) situou-se acima de 1 (1,02), entre 31 de março e 4 de abril, o que mostra “uma tendência crescente” da transmissão do vírus.
“Tanto a nível nacional como a nível das regiões de saúde do continente, tem-se observado um aumento paulatino do valor do Rt desde meados do mês de fevereiro”, lê-se no relatório, mais propriamente a partir de 10 de fevereiro.
Ao contrário do relatório do passado sábado, 3 de março, em que o Algarve registava um aumento do Rt (1,19), hoje a região mantém-se acima do 1, mas com uma descida (1,05). Apesar da melhoria, o Algarve continua a ser a região do país mais próxima da zona vermelha, com 112 casos por 100 mil habitantes, por incidência cumulativa a 14 dias, entre 24 de março e 7 de abril. De recordar que a linha vermelha é atingida a partir do momento em que se ultrapassa os 120 casos por 100 mil habitantes, de acordo com a matriz de risco definida pelas autoridades de saúde.
No resto de Portugal, o Norte, o Centro e Lisboa e Vale do Tejo aumentaram também o seu Rt face ao fim de semana de Páscoa. Apenas o Alentejo está abaixo do 1 com 0,99, sendo a região com o mais baixo índice de transmissibilidade.
O número de novos casos de covid-19 por 100 mil habitantes, “acumulado nos últimos 14 dias, foi de 66”, informa o mesmo documento. Segundo a DGS e o Instituto Dr. Ricardo Jorge, ” estima-se que o tempo de duplicação da incidência seja de 86 dias, o que significa que, à atual taxa de crescimento, será preciso dois ou mais meses para atingir a linha de 120 casos por 100 mil habitantes“.
Já nos hospitais, mais propriamente nas unidades de cuidados intensivos (UCI), o número diário de casos internados tem diminuído. “A 7 de abril de 2021, o número de casos de covid-19 internados em UCI era de 122, inferior ao valor crítico definido (245 camas ocupadas)”, detalha o relatório.
De 2 a 8 de abril, a proporção de testes positivos (num universo de 238 821 realizados) ficou nos 1,5%, abaixo do limiar dos 4%, o que mostra uma estabilização dos números. A notificação de casos confirmados com atraso “mantém a tendência decrescente” nos últimos sete dias. “Todos os casos de infeção (…) foram isolados em menos de 24 horas após a notificação, e foram rastreados e isolados 95,0% dos seus contactos”, lê-se.
Para o Instituto Dr. Ricardo Jorge e a Direção-Geral da Saúde, “a probabilidade de ocorrência” das mutações da SARS-CoV-2 “aumenta com o incremento da circulação do vírus na comunidade e com o número de indivíduos parcialmente imunizados”.
A variante britânica, em sequência das amostras analisadas pelo INSA de 28 de fevereiro a 15 de março, representava 82,9% dos casos de infeção.
Até 8 de abril foram registados 52 casos da variante da África do Sul, correspondente a 2,5%, e 27 casos da variante de Manaus (Brasil), correspondente a 0,4%. “Até à data, encontra-se em investigação o link epidemiológico de cinco casos desta variante [Manaus], não havendo evidência de transmissão comunitária sustentada em Portugal”, precisa o relatório.
Para as duas entidades, a transmissão comunitária da variante associada à África do Sul poderá existir, mas é “baixa expressão”.
Para concluir, tanto a DGS como o INSA, informam que “a análise global dos diversos indicadores sugere uma situação epidemiológica com transmissão comunitária de moderada intensidade e reduzida pressão nos serviços de saúde”. No entanto, há um aviso: “o recente período pascal e o início do desconfinamento” podem explicar os números e terão reflexos nas “próximas semanas”.
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