Portugal

Incêndio que teve início em Gondomar pinta concelho de negro

JN

O incêndio que começou em Gondomar e se espalhou entre segunda e quarta-feira resultou em danos significativos, com cerca de 28% da área florestal do concelho queimada, o que equivale a aproximadamente 18% da área total do concelho.

Os prejuízos estimados ultrapassam milhões de euros, representando um golpe devastador para a região. A recuperação e o reflorestamento serão desafios importantes nos próximos anos para restaurar a beleza natural e a biodiversidade afetadas pelo incêndio.

A semana que passsou oo início da manhã desta terça-feira (Setembro 17), os moradores de Jovim, em Gondomar, acordaram com as chamas de um incêndio que se alastra desde ontem. Com baldes e mangueiras saíram à rua para combater o fogo, que já cercava as habitações. As horas na freguesia têm sido assustadoras, complicadas e de aflição.

“Foi assustador, parecia que ainda era noite quando acordamos”, conta Paulo Carvalho, um dos moradores da Quinta das Luzes, em Jovim, que saiu à rua para combater o fogo. De balde, mangueira ou ramos de árvores na mão, praticamente todos os moradores da freguesia ajudaram no combate aos incêndios. Corriam de um lado para o outro à medida que se acendiam novos focos. Quem já estava a trabalhar voltou a casa, os amigos e os vizinhos apareceram.

“As últimas 24 horas foram muito duras para Jovim. O segredo para conseguirmos fazer com que o fogo não chegue às casas é sermos muitos e muito rápidos”, afirma Jorge Ferreira.

Enquanto uns tentavam evitar que o fogo se propagasse, outros iam molhando as casas para as proteger. “Saímos todos à rua, para retirar os carros, para molhar as casas, com medo que chegasse aqui”, afirma Sónia Lago. “Tem sido um desassossego desde ontem”, sublinha a moradora.

Desespero

Uns quilómetros ao lado, na zona do Largo da Vessada, o desespero assolava os moradores. O vento já arrastava as chamas até aos terrenos de algumas casas. Teresa Ramos, de 52 anos, viu o fogo a aproximar-se cada vez mais da casa onde vive desde que nasceu. Assustada, garante que “nunca houve um fogo assim”.  “Vim cá fora de manhã cedo e vi um clarão enorme. De repente, começou tudo a arder aqui à volta”, sublinha.

Foram muitos os vizinhos, do lado e de outras ruas, que se mobilizaram para ajudar Teresa e outros moradores. Houve ainda ajudantes de outros municípios, que estavam de passagem e pararam para ajudar quem precisava.

Vítor Moutinho e o irmão, residentes em Penafiel, foram em direção a Gondomar para ajudar um amigo. No entanto, devido ao corte de estradas não conseguiram lá chegar. Com um trator, com uma pulverizadora e uma cisterna, os irmãos juntaram-se ao resto da população, que estava desesperada. “Vi que aqui precisavam de ajuda e parei. Não há meios, não há bombeiros. Já ontem, ajudamos a combater os fogos na zona de São Pedro”, conta Vítor Moutinho.

Algumas famílias optaram por retirar crianças e idosos da freguesia para os proteger. Os bombeiros só conseguiram chegar ao final da manhã às duas zonas da freguesia. “Os bombeiros chegaram quando puderam, nós não podíamos exigir mais. Nós, com o pouco que tínhamos conseguimos mobilizar isto”, garante Paulo Carvalho.

Fogo noutras freguesias de Gondomar

Não só Jovim estava coberto pelas chamas. Melres, Foz do Sousa e Covelo foram algumas das localidades mais afetadas. “Não há meios e os meios aéreos não conseguem atuar com este fumo. Já vieram cá várias vezes e não conseguiram. É uma situação muito complicada. A prioridade neste momento é salvar pessoas e a seguir as habitações”, garantiu, ao JN, Marco Martins, presidente da Câmara de Gondomar.

Em Branzelo, que pertence à União de Freguesias de Melres e Medas, os moradores tiveram que ser retirados das casas durante a manhã de terça-feira, devido à proximidade do fogo às habitações. A situação ficou controlada a meio da tarde, sendo que o fogo se alastrou a outras zonas do município.

No município vizinho, em Paredes, a situação não era melhor: em Aguiar de Sousa e Sarnada eram muitos os focos de incêndio ativos na tarde de terça-feira.

JN/MS

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