Portugal

Granito do Porto nomeado Património da Humanidade

Edifício da Câmara foi construído com granito do Porto. Foto: Igor Martins / Arquivo

Distinção da UNESCO resulta de candidatura iniciada há mais de uma década pela geóloga Maria Ângela Almeida.

O que têm em comum a Torre dos Clérigos, a Câmara do Porto, a Catedral da Sé ou o Hospital de St.º António? Todos estes edifícios históricos da Invicta foram construídos com granito do Porto, que foi reconhecido pela UNESCO como Pedra Património da Humanidade.

O anúncio oficial decorreu recentemente no Congresso Geológico Internacional, na Coreia da Sul, organizado pela União Internacional das Ciências, e no qual a UNESCO atribuiu ao granito do Porto um diploma que assim o certifica. A distinção é o corolário de uma candidatura, iniciada em 2013, por Maria Ângela Almeida, geóloga e professora da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, e responsável por este feito.

A investigadora confidenciou ao JN a alegria que sentiu quando “num domingo, por volta do meio-dia”, abriu o e-mail que anunciava a classificação pela UNESCO. “Nem estava a perceber bem o que era. Mas depois, fiquei naturalmente muito emocionada”, sublinhou. “Este foi um trabalho a que me dediquei realmente com muita paixão”.

Não baixou os braços

Foi com um artigo publicado em 2015 sobre a importância histórica e cultural do granito do Porto que a professora universitária tentou, pela primeira vez, que o granito do Porto fosse reconhecido. Todavia, o facto de não existirem pedreiras ativas com granito na cidade do Porto – um dos requisitos solicitados à candidatura – dificultou a missão. Mas a investigadora não baixou os braços.

Sendo certo que exemplos de granito do Porto não faltam pela cidade, como a Muralha Fernandina, a Reitoria da Universidade do Porto, as igrejas do Carmo e das Carmelitas ou as escarpas do rio Douro.

Pedra da Reitoria da Universidade do Porto foi limpa muito recentamente. Foto: Carlos Carneiro / Arquivo

“A esperança voltou”

No ano passado, desafiada pelo colega Luís Lopes, da Universidade de Évora e presidente da Associação Portuguesa de Geólogos, que aconselhou Maria Ângela a “tentar de novo” a candidatura, “a esperança voltou”. À falta de pedreiras ativas na cidade, a investigadora juntou à nova candidatura várias fotografias, comprovando a existência “de afloramentos”, não só na Avenida D. Afonso Henriques, como na Rua do Monte Pedral. Aliás, de acordo com a geóloga, “o Hospital de Santo António foi, praticamente, todo construído com granito vindo de uma enorme pedreira que existia no Monte Pedral e outra parte com pedras da muralha antiga”.

A estes elementos mais detalhados, Maria Ângela Almeida anexou o artigo publicado em 2015 sobre a importância histórica da pedra e, assim, conseguiu com que o granito do Porto integrasse a lista das 55 primeiras pedras mundiais consideradas património pela UNESCO.

Em Portugal, o granito do Porto e o calcário de Ançã, este ano distinguidos, juntam-se aos mármores de Estremoz (2017), ao calcário Lioz (2019) e à brecha da Arrábida (2022), que já contavam com as designações de Pedra Património Mundial.

JN/MS

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