Estudantes dizem que canais de denúncia de assédio funcionam mal
A Federação Académica de Lisboa (FAL) alertou, esta quarta-feira, para as falhas no funcionamento dos canais de denúncia de assédio criadas pelas instituições de ensino superior, que “não estão preparadas para agir” quando surgem casos.
Segundo a presidente da FAL, Catarina Ruivo, várias faculdades criaram recentemente mecanismos para que as vítimas possam denunciar casos de assédio sexual ou moral, mas as instituições “não estão preparadas para agir caso haja uma queixa”.
“Na minha faculdade criaram um formulário no próprio site, mas pediram-nos para que não o divulgássemos, porque não estavam preparados para agir caso houvesse queixas”, contou à Lusa a aluna da Faculdade de Farmácia, da Universidade de Lisboa.
A presidente da FAL garantiu que esta situação se “repete noutras faculdades”, que também criaram canais de denúncia, mas “não têm profissionais qualificados nem treinados para responder a quem pede ajuda“.
Catarina Ruivo explicou à Lusa que a maioria destes serviços surgiu na sequência dos polémicos casos de assédio ocorridos na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa (UL).
Há exatamente um ano, um relatório do Conselho Pedagógico da Faculdade de Direito dava conta de 50 queixas de assédio e discriminação recebidos em apenas um mês.
Entretanto, também a FAL realizou um inquérito em dezembro do ano passado, que veio revelar que dois em cada dez estudantes universitários já tinham sido vítimas ou testemunhas de casos de assédio.
De acordo com os resultados, baseados nas respostas de 2120 pessoas, 13% dos inquiridos já tinham sido vítimas e 7% tinham sido testemunhas de casos.
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