Portugal

Empresa portuguesa envolvida em escândalo de corrupção da Huawei em Bruxelas

Créditos: JN

A polícia belga fez buscas em várias moradas, na quinta-feira (13), no âmbito de uma investigação sobre alegada corrupção “sob o pretexto de lóbi comercial” da Huawei. As buscas estendem-se à região de Bruxelas, Flandres, Valónia e também a Portugal. Várias pessoas foram detidas, disse o Ministério Público Federal, acrescentando que também foi realizada uma busca em Portugal.

O jornal belga “Le Soir” adiantou que a investigação estava ligada à gigante tecnológica chinesa Huawei e às suas atividades em Bruxelas desde 2021. Numa operação com o nome de código “Geração”, cerca de 100 agentes, liderados por investigadores do Gabinete Central de Repressão da Corrupção (OCRC), fizeram buscas a casas e escritórios de vários lobistas que trabalharam ou ainda trabalham para a Huawei, como parte de um caso aberto por acusações de “corrupção”, “falsificação e uso de documentos falsos”, “lavagem de dinheiro” e “organização criminosa”.

O mesmo jornal adianta que foram detidos vários lobistas suspeitos de terem subornado atuais ou antigos eurodeputados para promover a política comercial da empresa na Europa. Os detidos serão interrogados e, possivelmente, posteriormente apresentados ao juiz de instrução. No entanto, segundo o jornal, o principal alvo da investigação será Valerio Ottati, de 41 anos, diretor de relações públicas do escritório da Huawei na União Europeia desde 2019. Valerio Ottati trabalhou anteriormente como assistente parlamentar de dois ex-eurodeputados italianos – um do EPP (direita) e um do S&D (social-democrata) – durante 10 anos. “Ele foi contratado pelos seus contactos”, disse uma fonte que pediu anonimato ao meio de comunicação de investigação “Follow The Money”. “Ele organizou muitas reuniões com eurodeputados e pôde convidar pessoas para eventos”.

O Ministério Público Federal suspeita que “convites para eventos” eram a parte legal das operações de relações públicas iniciadas pelo funcionário da Huawei e os seus possíveis cúmplices. Segundo o mesmo jornal, a suposta corrupção terá assumido a forma de oferta de objetos de valor, incluindo smartphones Huawei, bilhetes para jogos de futebol ou transferências de alguns milhares de euros. De acordo com o código de conduta dos eurodeputados, qualquer presente oferecido por terceiros no valor superior a 150 euros deve ser declarado e listado publicamente no registo de presentes.

“A corrupção teria sido praticada de forma regular e muito discreta desde 2021 até os dias atuais, sob o pretexto de lóbi comercial e assumindo diversas formas, como remuneração por cargos políticos ou mesmo presentes excessivos, como alimentação e despesas de viagem, ou mesmo convites regulares para jogos de futebol”, confirmou o Ministério Público Federal.

Já as transferências para um ou mais deputados europeus terão sido feitas através de uma empresa portuguesa. Contactada pela Lusa, a Procuradoria-Geral da República (PGR) confirmou a realização de buscas em Portugal no âmbito da investigação das autoridades belgas. 

Os investigadores têm suspeitas concretas de corrupção que envolvem atuais ou antigos representantes eleitos de vários partidos políticos e cerca de quinze eurodeputados. Porém, nenhum eurodeputado foi ainda identificado.

JN/MS

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