Portugal

DGS preocupada com aumento do consumo de tabaco aquecido entre os jovens

Tabaco nas escolas
Guimarães, 20/09/2016 – Reportagem sobre o consumo de tabaco nas escolas.
(Miguel Pereira/Global Imagens)

 

A diretora do Programa Nacional para a Prevenção e Controlo do Tabagismo da Direção-Geral da Saúde (DGS), Emília Nunes, mostrou-se preocupada como o aumento do consumo de tabaco aquecido entre os jovens, alertando que também é causa de dependência. ​​​​​A partir de hoje, as escolas têm um novo manual para prevenir o consumo de tabaco entre os menores.

Apesar de o consumo de tabaco entre os jovens a frequentar os 6.º, 8.º e 10.º anos estar a diminuir, o tabaco aquecido está a ser cada vez mais popular entre os mais novos, apontou Emília Nunes, durante uma apresentação do novo manual que decorreu, esta quarta-feira, na escola secundária D. Pedro V., em Lisboa, para assinalar o Dia Mundial Sem Tabaco. “É preciso desconstruir a ideia de que há produtos de tabaco mais seguros. Nenhum produto de tabaco é seguro”, defendeu a responsável.

Perante um auditório cheio de jovens, Emília Nunes fez vários apelos sobre os riscos para a saúde e a dependência do tabaco que, em Portugal, é adquirida, na maior parte dos casos, antes dos 18 anos. ​​​​​​”A nicotina é uma substância que vos vai retirar liberdade e autonomia e aumenta a suscetibilidade de consumirem outras substâncias”, alertou a responsável. Emília Nunes sublinhou ainda que a prevenção do tabagismo nas escolas pode reduzir a prevalência do consumo em 30 a 70% entre os jovens.

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Para ajudar nessa prevenção, a DGS e a DGE apresentaram um novo manual com vista à mudança de hábitos dos jovens. Mais do que orientações, o E-STOPS (“Escolas Sem Tabaco, Olhar a Promoção da Saúde”), desenvolvido no âmbito do Programa Nacional para a Prevenção e Controlo do Tabagismo, dá às escolas ferramentas didáticas, desde fichas de trabalho a atividades, como jogos de cooperação, para os professores adotarem nas aulas das várias disciplinas.

O documento será entregue nas escolas, mas também estará disponível na página oficial da DGS. A DGE admite que está disponível para realizar formações aos professores sobre o novo manual. O objetivo é que a curto prazo os jovens possam alterar os comportamentos e que essas escolhas se reflitam nas próximas décadas no decréscimo das doenças provocadas pelo tabagismo. A longo prazo, espera-se que vidas possam vir a ser poupadas, o que se irá verificar com a redução da mortalidade no país.

O manual – da autoria do médico João Diegues e da enfermeira Vânia Luís – resulta da experiência levada a cabo entre o ano letivo de 2013/2014 e 2019/2020 que abrangeu 47 turmas do 7º ao 9º ano de três escolas do concelho de Palmela. Apesar dos constrangimentos trazidos pela pandemia, quase todas as turmas conseguiram cumprir as 20 sessões programadas e, nas avaliações finais, os resultados foram promissores com uma mudança de comportamentos, apontou Vânia Luís.

Governo quer geração sem tabaco até 2040

Ao JN, Emília Nunes apontou que o manual ajudará os professores e a comunidade educativa a informar e a capacitar os alunos para que “sejam depois capazes de fazer as suas próprias escolhas e formados conscientes e com responsabilidade”.

A implementação deste manual nas escolas é uma das medidas com vista à meta do Governo que Portugal tenha uma geração livre de tabaco até 204O. “Temos a convicção de que conseguiremos trazer a prevalência do consumo de tabaco para menos de 5%. Sabemos que não será zero, mas que o consumo seja residual na população e não tão massificado como é hoje”, explicou. De acordo com o último Inquérito Nacional de Saúde, em 2019 17% da população residente em Portugal com 15 ou mais anos fumava diaria ou ocasionalmente, embora este valor tenha melhorado (-3%) face a 2014.

No dia em que se reforça a importância do fim do uso do tabaco, o jornal Público noticiou que o impacto da lei do tabaco não foi avaliado na última década. De acordo com a lei, esta avaliação deveria ser feita de cinco em cinco anos, mas o último concurso para que fosse realizado, em 2022, acabou por não ser adjudicado.

À margem do evento, Emília Nunes, esclareceu, ao JN, que, apesar de o último relatório detalhado ter sido realizado em 2011, o programa nacional tem continuado a publicar relatórios todos os anos na página da DGS. “Esse relatório, que decorre da lei, não foi feito porque a lei foi obrigatoriamente modificada com a diretiva de 2014. Não houve uma falha, houve uma sucessão de alterações na lei nesse intervalo”, explicou.

A nova lei do tabaco estabelece que esta avaliação seja feita obrigatoriamente de três em três anos. Para Emília Nunes, depois de aprovada a nova proposta de lei do Governo que deu entrada na Assembleia da República “será o tempo certo para se fazer uma avaliação mais aprofundada e global”, advertiu.

Quanto ao facto de o Governo ter recuado na proibição da venda de tabaco nos postos de abastecimento de combustível, ao contrário do que tinha sido inicialmente anunciado, a responsável escusou-se a comentar a opção, sublinhado que ainda será discutida e votada na Assembleia da República.

Tabaco é muito acessível

“De facto, o tabaco é um produto que está muito acessível e que se vende em muitos locais. É quase [como se fosse] um produto de primeira necessidade e, portanto, a ideia seria diminuir a visibilidade do produto e tornar os pontos de venda locais mais específicos, como de resto já acontece em vários outros países”, resumiu.

O evento que decorreu esta manhã naquela escola secundária contou ainda com as intervenções do subdiretor-geral da Saúde, Rui Portugal, o diretor-geral da educação, Pedro Cunha e a secretária de estado da Promoção da Saúde, Margarida Tavares.

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