Bebidas alcoólicas podem vir a ter mensagens choque

As bebidas alcoólicas podem vir a ter rótulos com mensagens contra o consumo como acontece nos maços de tabaco, desde 2016. A proposta, que resulta de um estudo feito no âmbito do projeto AlHaMBRA, coordenado pelo Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD) deve ser enviada à Comissão Europeia em fevereiro.

“A ideia é que os rótulos tenham avisos de risco para a saúde, eventualmente com a apresentação de imagens, como acontece no tabaco”, admitiu ao JN o subdiretor-geral do SICAD. Podem ser de três tipos, revelou Manuel Cardoso: pictogramas como o desenho de uma grávida a beber; uma mensagem como “o álcool causa cancro” ou uma imagem “impactante” como de um cancro no fígado, por exemplo.
Manuel Cardoso, que coordenou o AlHaMBRA, considera que a aprovação desta rotulagem “é um passo para ajudar a reduzir o consumo”. No entanto, frisa, este é um combate em que “uma só medida é sempre insuficiente”. “Tem de haver sempre um conjunto de ações articuladas como uma política de preços, trabalho preventivo junto das comunidades ou redução da acessibilidade às bebidas”.

Controlar influencers

O AlHaMBRA é um projeto europeu financiado por fundos comunitários que apoiou a realização de três estudos: além da pesquisa sobre a introdução de mensagens nos rótulos das garrafas, também foram avaliadas a publicidade e marketing digital e os padrões de consumo de bebidas com baixo teor alcoólico.

A Comissão Europeia, explica Manuel Cardoso, queria saber como se pode fiscalizar, regular, a publicidade feita por bloggers, influencers ou empresas nas redes sociais que levaram a “um aumento de consumo mesmo nos países onde o controlo é maior”. “É muito complicado”, frisa. A proposta que será enviada a Bruxelas, na sequência dos resultados do estudo, é a proibição de publicidade a bebidas alcoólicas em qualquer meio, incluindo o digital. Pode haver exceções nas horas, admitiu.

Um dos resultados preliminares do estudo aos padrões de consumo de bebidas com baixo teor de álcool é que são compradas para substituir as outras, o que traduz uma diminuição no consumo, aponta Manuel Cardoso. As designações de bebidas com menos álcool terão de ser uniformizadas em termos internacionais e institucionais, avança.

JN/MS