Aguiar-Branco diz que Pedro Nuno “fez pior à democracia em seis dias” do que Ventura em seis anos

Aguiar-Branco acusou o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, de ter feito “pior à democracia em seis dias do que André Ventura em seis anos”, numa intervenção no Conselho Nacional do PSD.
Segundo fontes presentes na reunião, que decorre à porta fechada, e salientando falar na qualidade de militante e não na de presidente da Assembleia da República, o antigo ministro da Justiça considerou que a polémica das últimas semanas sobre a empresa Spinumviva, atualmente detida pelos filhos de Luís Montenegro, “é uma questão de regime”.
José Pedro Aguiar-Branco disse não considerar normal que um deputado possa definir o que é um valor justo para serviços prestados por uma empresa, que “um líder de um partido fundador da democracia” possa dizer o que se pode ou não fazer fora da política ou que um deputado se possa “substituir à Polícia Judiciária ou ao Ministério Público, para perseguir outros deputados, ministros ou primeiros-ministros”
O antigo líder parlamentar do PSD defendeu que foi aberta uma “porta perigosa” quando se começaram a utilizar as comissões parlamentares de inquérito para “atacar pessoas” e “para efeitos de devassa e voyeurismo”.
Aguiar-Branco referiu-se, em particular, à comissão de inquérito imposta pelo Chega sobre o caso das gémeas luso-brasileiras, dizendo se quis colocar “o Presidente da República a responder pelos filhos”, e agora, no caso da Spinumviva, se pretendia “pôr os filhos a responder pelo pai”.
“O Chega inventou a técnica, o PS institucionalizou. O Pedro Nuno Santos fez pior à democracia em seis dias do que André Ventura em seis anos”, considerou.
Aguiar-Branco considerou que Luís Montenegro até “foi longe de mais” nas explicações e que o problema “não é este ou aquele primeiro-ministro”, mas “uma questão de regime”.
O Conselho Nacional do PSD – numa reunião muito mais participada do que habitualmente e com muitos membros do Governo presentes – realiza-se um dia depois de a Assembleia da República ter chumbado uma moção de confiança ao Governo, provocando a demissão do executivo minoritário PSD/CDS-PP, numa crise que deverá resultar em eleições antecipadas.
A moção de confiança ao Governo foi anunciada pelo primeiro-ministro a 05 de março, na abertura do debate da moção de censura do PCP ao seu executivo, perante dúvidas levantadas quanto à vida patrimonial e profissional de Luís Montenegro e foi rejeitada na terça-feira com os votos contra do PS, Chega, BE, PCP, Livre e deputada única do PAN, Inês Sousa Real. A favor estiveram o PSD, CDS-PP e a Iniciativa Liberal.
JN/MS
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