Agressão a brasileiros motiva manifestação antirracismo no Porto
A Casa Odara, um centro cultural fundado por brasileiros no Porto, vai promover uma manifestação ao final da tarde desta quarta-feira.
A iniciativa decorrerá depois de, na terça-feira, dois colaboradores da instituição, também de nacionalidade brasileira, terem sido agredidos por dois homens, portugueses, durante uma performance artística, realizado na rua. Os responsáveis da instituição estão convencidos de que as agressões foram motivadas por questões racistas e xenófobas e fizeram queixa na PSP.
“Fomos agredidos num ato racista e xenófobo. Já tínhamos sido alvo de comentários racistas, mas nunca com este nível de violência”, refere, ao JN, a gestora administrativa da Casa Odara, Janaína Kruger.
A mesma responsável, que denunciou o caso nas redes sociais, refere que, pelas 18 horas de terça-feira, o bailarino brasileiro Ítalo Augusto iniciou o espetáculo “Cartas para ninguém”, na esplanada de um café da rua das Oliveiras, no Porto, de onde se deveria dirigir até à Casa Odara, na rua Mártires da Liberdade. Contudo, tudo terminaria de forma rápida e abrupta.
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“Os nossos colaboradores estavam a filmar a performance e um senhor veio do outro lado da rua a dizer, de forma agressiva, que estávamos a violar a lei. Explicámos que só estávamos a gravar as pessoas da esplanada, que tinham dado autorização, mas ele continuou”, descreve Janaína Kruger.
Um vídeo gravado por um membro da Casa Odara, iniciado após a alegada abordagem agressiva, mostra o homem visivelmente alterado. “Tu vais falar na Justiça. Tu vais falar com o polícia”, afirma em direção a quem gravava. Depois, acrescenta: “Eu estou no meu país. Vai para o teu país”.
Ao longo de 3 minutos e 20 segundos, o homem foi gritando que tem o direito “de não ser gravado” e, confrontado com a hipótese de estar a ter uma atitude racista, nega, assegurando que o problema é a “mentalidade” de quem está a filmar.
Porém, logo depois, avança em direção aos elementos da Casa Odara e, com o telemóvel que gravava caído no chão, ouvem-se insultos e gritos.“A nossa gestora cultural, Gabriela, foi empurrada com uma cotovelada e, quando estava no chão, agredida com pontapés. Um outro elemento da Casa Odara também foi agredido da mesma forma”, frisa Janaína Kruger.
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Os agredidos conseguiram fugir até à Casa Odara e, na manhã desta quarta-feira, foram apresentar queixa na PSP. Em seguida, estiveram no Instituto de Medicina Legal para realizar exames às lesões sofridas. Às 18.30 horas, participarão na manifestação, em frente à Casa Odara, “de repúdio à violência xenófoba/racista”.
JN/MS
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