O voluntariado como humanização da economia

Sabemos que o terceiro sector é o conjunto de atividades voluntárias desenvolvidas em favor da sociedade, por organizações privadas não governamentais e sem o objetivo da obtenção do lucro. Ao conjunto das atividades económicas podemos chamar de Economia Solidária no que diz respeito a produção, consumo, crédito e poupança.
Quem pratica estas atividades em cima descritas são cooperativas, associações, redes de cooperação, entre outras, que realizam atividades de produção de bens e prestação de serviços assentes numa organização da produção, consumo e distribuição de riqueza onde a valorização do ser humano será tida sempre como o mais importante, deixando o capital para outras vertentes de negócio. Mas para existirem estes agentes económicos têm que existir pessoas que os suportem, seres humanos e aqui temos muito do que deve ser o voluntariado. Embora nos tenhamos habituado a ver voluntários em hospitais, por exemplo, este tipo de boa-vontade deve sair destas esferas tradicionais e caminhar para as empresas de outros sectores. A gestão do trabalho voluntário desenvolvido em sectores sem ser o social pode ser uma mola que ajude a impulsionar a economia para rácios interessantes. O trabalho voluntário tem que contribuir para a humanização e uma maior integração dos setores. O grande problema é que, nos tempos que correm, a gestão do trabalho voluntário não tem o número de pessoas necessárias para fazer face a uma maior profissionalização da potencialização deste. Aquilo que julgo devia acontecer seria uma melhor qualificação da gestão do voluntariado e com esta mesma melhoria teríamos uma diferença positiva na melhoria da qualidade organizacional deste tipo de trabalho.
A principal missão das organizações do terceiro sector será sempre a importância para a sociedade dos serviços que emanam e do valor social projetado. Veja-se as Organizações Sem Fins Lucrativos (ONG’s) que têm crescido de forma exponencial reclamando para si mais espaço nos diferentes Governos. Espaço este que tem crescido, mas não ainda de forma sustentada. Mas estas organizações devem apostar nas mudanças dos indivíduos, como referi no princípio desta opinião, o ser humano, sempre o ser humano, tem que ser sensível a uma mudança da maneira como usa a sua responsabilidade perante a sociedade. As ONG’s estão claro inseridas no terceiro sector, mas dependem do apoio incondicional da própria sociedade para poderem ter sucesso no conjunto das atividades que se propõem realizar. Aqui chegamos ao trabalho voluntário que é de capital importância na organização, sucesso, consistência e longevidade destas organizações, entenda-se trabalho não remunerado. Mas não fiquemos apenas pelo trabalho não remunerado, ajudar quem precisa não pode ser a mola para desenvolvimento económico? Claro que sim! Dando atenção aos problemas sociais, ajudando individualmente, ressalve-se fazendo economia solidária estamos a dar grande importância económica e com esta atitude podemos mesmo não só dar uma vida digna às pessoas ou mesmo salvar vidas. Isto também é voluntariado social. Muitos têm ainda, na minha opinião, uma visão tradicional errada do que deve ser o voluntariado, pois falta-lhes perceber a força que tem este movimento fora do mercado, basta que se juntarmos todas as ONG’s elas seriam a sétima economia do Mundo.
Nós devemos construir um mundo onde todos tenham lugar, onde se ajude e dê oportunidades, não nos devemos envergonhar de ajudar, nem devemos nunca, repito nunca, criticar o governo por ajudar. Temos que deixar de agir sistematicamente individualmente e temos que ser mais coletivos, e aí sim poderemos com a ajuda aos outros humanizar a economia.
“Humanização é uma das chaves. As pessoas estão cansadas de receitas prontas. Querem algo pessoal. Mais sensível. Uma linguagem mais clara e menos robótica” Pedro Habacuck
Vítor Silva/MS
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