Vítor M. Silva

O respeito pela língua

 

Há uns dias, no Parliament Hill, em Otava, um deputado federal Liberal optou por responder a uma pergunta de um deputado federal conservador em francês, à qual ele respondeu: “The question is in English, but I digress.”. Isto é um insulto a todos os canadianos bilíngues, e uma falta de respeito tremendo pela língua e pela escolha que cada um livremente tem para se expressar.

No Canadá, o bilinguismo é um princípio fundamental do país, mas esta falta de consideração pela língua não é infelizmente um ato isolado da oposição canadiana. Atente-se ao que se está a passar na coordenação do Ensino do português em Toronto. Não será o vazio coordenativo desta importante valência uma gravíssima falta de respeito pela língua portuguesa e pelos portugueses da parte do Governo da República Portuguesa, liderado pelo primeiro-ministro Luís Montenegro? É verdade que o Consulado Geral de Portugal em Toronto, outrora alvo de grande contestação, mais ou menos justa, ultrapassa um momento em que todos temos de concordar estar a funcionar com excelência, mas não é mérito deste Governo e sim da excelente Cônsul-Geral, Dra. Ana Luísa Riquito que tem administrado este Consulado com uma gestão e mestria portentosas. Já agora, tem este Consulado-Geral excelentes recursos humanos o que também ajuda substancialmente no bom desempenho do qual falo atrás. Note-se que a nomeação da Cônsul-Geral e o aumento de funcionários deste posto consular foram ainda obra do anterior Governo do Partido Socialista. Ao contrário, a saída ainda não explicada por ninguém do Dr. José Pedro Ferreira, e a sua não substituição, é claramente um sinal do desinvestimento do Ensino da língua portuguesa e um claro desinteresse pelos portugueses que vivem no Canadá.

O Centro de Língua Portuguesa de Toronto foi criado por nesta região viver o maior número da comunidade portuguesa residente no Canadá. Desde agosto que nada se sabe e ninguém explica a ausência do referido coordenador. O que fazem agora todos os interessados em aprender a língua e cultura portuguesa? Onde está a coordenação ao apoio de alunos e professores de línguas no seu processo de aprendizagem? Quem tem a obrigação primária de promover as atividades culturais de língua portuguesa para a comunidade em geral?

assaram 3 meses e ninguém ouviu falar de nada organizado pelo Instituto Camões fossem palestras, seminários, encontros de cariz profissional, exibição de filmes, exposições ou cursos extracurriculares. O Senhor Secretário de Estado das Comunidades visitou 2 vezes Toronto num espaço de 6 meses, mas não deu uma palavra sobre esta infeliz ideia do abandono a que estão a deixar a língua e os portugueses.

Os jovens portugueses nas comunidades, e concretamente aqui em Toronto, querem aprender português para terem mais uma língua no seu currículo e quem sabe não conseguirem mais facilmente entrar no mercado de trabalho, e quem já trabalha quer aprender mais para potencialmente ser promovido. A boa notícia é que muitos querem aprender, a má notícia é o desinvestimento deste governo de Portugal no Ensino da nossa amada língua. Não nos restará outra opção que não seja o protesto veemente numa manifestação pública chamando a atenção para este problema gravíssimo da falta de coordenador da língua portuguesa em Toronto.

“Minha pátria é a língua portuguesa” – Fernando Pessoa

Vítor Silva/MS

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