O Problema Trump II
O resultado das eleições desta semana nos Estados Unidos da América terão, com toda a certeza, graves consequências para a política europeia e mundial. Não podemos até ao dia de hoje prever a escala dessas consequências, mas não se espera, tendo em conta o conteúdo das declarações do vencedor Donald Trump, nada de animador. Refiro-me especialmente à área da segurança. Como se consolidarão as relações transatlânticas UE com EUA? Esta interrogação prende-se com a imprevisibilidade política do eleito Presidente americano tanto com os seus aliados como com os seus inimigos.
O Mundo terá de estar preparado para uma mudança substancial em relação à presidência de Joe Biden em questões como a Guerra da Ucrânia/ Rússia. Sei que é normal chegarem de todo o mundo os parabéns para quem ganha eleições é mesmo uma tradição diplomática, mas os amigos e aliados que o fizeram com maior regozijo, a meu ver, são um motivo de grande preocupação, vejamos a nata da extrema-direita mundial:
Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel: “O maior regresso da história”
Feitas as pazes depois deste ter dado os parabéns a Biden na última vitória deste.
Viktor Orbán, primeiro-ministro da Hungria: “Uma vitória muito necessária para o mundo!”
- No início deste mês, Orbán disse: “Abriremos algumas garrafas de champanhe se Trump regressar”. Trump descreveu anteriormente Orbán – que foi acusado de liderança autoritária – como “uma das pessoas mais respeitadas” do mundo.
Giorgia Meloni, primeira-ministra de Itália: “Bom trabalho, Senhor Presidente”.
- Meloni ligou a Trump na noite de quarta-feira (6) para o felicitar e confirmar a sua “amizade profunda e histórica”.
Javier Milei, presidente da Argentina: “Pode contar com a Argentina para tornar a América grande outra vez”.
- Falando sobre Miley num comício em março, Trump disse: “Ele é um tipo grande, eu amo-o, porque ele ama-me” (que ridículo).
O resultado destas eleições não foi só excelente para estes senhores(as) de extrema-direita, mas também para as pessoas mais ricas do mundo, sendo que as dez pessoas mais ricas ficaram mais ricas num total de 64 mil milhões de dólares em apenas 4 horas. O grande amigo Elon Musk, a pessoa mais rica do mundo e um dos apoiantes mais abertos e dedicados de Trump, cuja riqueza “saltou” para 290 mil milhões de dólares. A fortuna do fundador da Amazon, Jeff Bezos, aumentou em US$ 7,1 bilhões. O cofundador da Oracle, Larry Ellison, outro, viu seu património líquido aumentar em US$ 5,5 bilhões. A verdade é que no primeiro mandato de Trump os ricos ficaram mais ricos e os pobres mais pobres.
Infeliz também o apoio de muitos imigrantes, que votaram Trump, que este se prepara para deportar. Ninguém duvida que serão deportados, em grande escala, migrantes que vivem nos Estados Unidos. Quando Trump se tornar presidente eleito, espera-se que estes preparativos acelerem.
A pergunta é como o nosso débil mundo vai digerir este mandato. Os bons diplomatas, bons políticos, bons cidadãos têm agora de mostrar o que valem neste tempo nublado. Com tantos governos de extrema-direita teremos um retrocesso ao antes da Segunda Guerra mundial?
A nota positiva da noite foi que quem perdeu aceitou os resultados pacificamente, ao contrário do que tinha acontecido aquando da vitória de Biden. Como defensor do regime democrático, aceito obviamente a decisão de tantos que votaram em Trump. Esta vitória de Trump é um “recado” para todas as democracias do mundo. Temos de cultivar a democracia, não a deixar perder.
“Em Springfield, as pessoas que chegaram estão a comer cães, estão a comer os gatos. Estão a comer os animais de estimação que vivem lá.” Donald Trump
Vítor Silva/MS
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