O divórcio
O assunto do momento na política canadiana prende-se com o divórcio entre o Partido Liberal e o NDP. Este namoro começou em 2019 e consumou-se num casamento em 2022. Este acordo nupcial tinha duração de 4 anos e ninguém sabia muito bem se estrategicamente o NDP se iria aguentar ou pedir o já citado divórcio antes do tempo. Nunca os dois partidos dividiram a cama, dormindo assim no mesmo quarto, mas em duas camas de solteiro.
Com o anúncio feito esta semana por Jagmeet Singh, o acordo de confiança para manter o governo Trudeau, no poder até 2025, ruiu. Este anunciou que decidiu cortar laços com o partido do governo antes da sessão de outono do Parlamento, porque acha que os liberais são “muito fracos” e “muito egoístas” para lutar pela classe média e deter os conservadores. Declarações que, na minha opinião, estão carregadas de oportunismo político de quem quer salvar a pele e, sobretudo, de falsidade.
Estes Governos minoritários como o que Trudeau agora lidera tendem a durar em média cerca de dois anos, mas esse acordo poderia permitir que durasse todo o mandato de quatro anos. Quem dececionou os canadianos foi o NDP e seu líder Jagmeet Singh, ao rasgar o “Acordo de Fornecimento e Confiança”. O partido Liberal continua a ser aquele que tem a maior capacidade de continuar com a mudança mantendo a esperança. Vejo que os Liberais finalizam o mandato sem eleições antecipadas, tendo para isso que buscar apoio político caso a caso, em votações importantes, como orçamentos, para se manterem vivos e evitar uma possível eleição. Esta posição do NDP não pensa nos canadianos, mas sim no futuro político do NDP e seus dirigentes, por isso este anúncio de JagmeetSingh foi basicamente um anúncio de campanha eleitoral. O NDP obedeceu ao Partido Conservador quando este solicitou o fim do acordo de confiança com o partido Liberal. Com isto o NDP abandonou por completo os canadianos, virando as costas a políticas progressistas e colocando programas importantes em risco de cortes conservadores.
Na minha opinião, teremos eleições no primeiro trimestre de 2025 entre fevereiro e março. Os grandes culpados destas prováveis eleições antecipadas foram o partido Conservador, ao pressionar, aliás cumprindo o seu papel, diga-se de passagem, e do NDP que não soube cumprir e honrar, levando a cabo um acordo que tinha firmado até 2025.
Quem ganha com estas eleições antecipadas? Ninguém. Em primeiro lugar, não ganham os canadianos e, depois, tenho dúvidas se os partidos Conservador e NDP levam vantagem com este acontecimento político.
Será muito interessante também observar como esta política federal poderá ter o resultado de provocar mais rapidamente, ou não, eleições antecipadas na província do Ontário.
De uma coisa o partido Liberal deve ter a certeza, que a popularidade de Justin Trudeau está em queda e este partido deve ter a capacidade de reconhecer este fenómeno, e tentar convertê-lo nem que seja com a mudança de liderança.
“Todo o divórcio começa, mais ou menos, ao mesmo tempo que o casamento. O casamento talvez comece algumas semanas mais cedo.” – Voltaire
Vítor Silva/MS
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