Vítor M. Silva

A Ucrânia não pode estar sozinha

Créditos: DR.

A Ucrânia foi deixada sozinha e os países do “bem” (agora parece que alguns deixaram de ser) pouco ou nada fizeram. Não me parece que todas estas manobras militares sejam simplesmente para anexar meia dúzia de metros de terra. Será que o mundo não vê que a Rússia pretende transformar a Ucrânia naquilo que já tinha feito com a Bielorrússia e o Cazaquistão? Onde estávamos todos quando, em 2008, a Rússia invadiu a Geórgia e a Crimeia? 

A guerra na Geórgia teve a curta duração de apenas cinco dias, mas morreram 500 pessoas, aproveitando a Rússia, no tempo, para anexar as províncias da Ossétia do Sul e da Abecásia, por acaso as zonas mais ricas, não esquecendo a capital importância da ligação ao Mar Negro. E onde estão agora os 160 mil georgianos que tiveram de abandonar o seu país, a sua terra natal?  Muitos como refugiados no seu próprio território, outros amargurados longe das suas famílias. 

Em 2014, as forças armadas soviéticas invadem a Ucrânia, anexando a província da Crimeia, uma zona de enorme importância estratégica, mas também cultural e económica. 

Infelizmente, parece que o Mundo só agora percebeu que estamos em guerra, esta começou com tudo aquilo que de mau pode trazer para a economia, pelo menos como estamos habituados a vê-la.  É profundamente sabido que na Europa uma esmagadora maioria dos países continua dependente do gás russo sendo que a maior potência europeia, a Alemanha, depende deste quase exclusivamente. Os Estados Unidos da América têm um Presidente agora eleito que levanta dúvidas muito pertinentes quanto à sua ação no combate ao criminoso Putin. Sejamos claros, as sanções económicas são insuficientes para travar um conflito desta escala, e nem está em causa a solidariedade com a Ucrânia por parte do Ocidente. O grande problema é que os países democráticos não sabem como lidar com autocratas (é um regime político em que as leis e decisões são baseadas nas convicções do governante). Na autocracia, o poder do líder é absoluto e ilimitado, e o governo acaba por ter as suas políticas confundidas com as ações pessoais do autocrata, como uma personalização do poder. 

Os autocratas no poder estão claramente próximos, Moscovo aproximou-se de Pequim e podem ter apoio de outros países, não estranhando uma aliança para atacar Taiwan em breve, tudo isto com a cumplicidade do novo autocrata na Casa Branca. 

O Presidente russo nunca viu com bons olhos o reforço da NATO que desde os anos noventa chamou a si países de leste com as adesões de Estónia, Letónia, Lituânia, Hungria, República Checa e Polónia. Os 3 primeiros pertenciam à antiga União Soviética, e Putin nunca gostou do desmembramento da União Soviética, chamando-lhe o maior erro geopolítico do século passado. E temos aqui uma das possíveis explicações, se é que é possível, para este conflito. A civilização ocidental não tem na sua maioria de países uma cultura bélica, a não ser os Estados Unidos da América (?????), Reino Unido e França, a generalidade dos restantes nem sequer lhes passa pela cabeça a possibilidade de ter dentro dos seus territórios uma guerra, aliando a isto as restrições que o pós-guerra deu à Alemanha. Quem nos defende? 

O Presidente Putin alterou a Constituição russa e pode agora governar até morrer, qual líder totalitarista. Boris Nemtsov Alexei Navalny, Alexander Litvinenko, Pyotr Verzilov, todos morreram tragicamente, todos assassinados pelo mesmo regime, e isto não foi passado há séculos, mas sim há dias. (Putin ainda diz que as eleições na Ucrânia levantaram muitas dúvidas, pelo menos não assassinaram os candidatos).  Só uma forte aproximação do Reino Unido e União Europeia, fazendo da NATO o pilar de unidade, poderá resolver este problema. 

 Lembro a célebre frase de Churchill, segundo a qual “um apaziguador é aquele que vai alimentando um crocodilo na esperança de ser o último a ser devorado”.

Vítor Silva/MS

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