Vítor M. Silva

A Pasta das Comunidades

 

 

O Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas esteve de visita a Toronto, durante a semana que agora finda. Parece-me assim oportuno abordar aqui algumas alterações que, a meu ver, deveriam ser introduzidas nesta secretaria de estado.

A população portuguesa residente em Portugal Continental e Ilhas totaliza, aproximadamente, 10 milhões e 700 mil pessoas, e aqueles que residem fora do território nacional são mais ao menos 20% do valor referido, ou seja, 2 milhões, as próprias Nações Unidas chegaram a apontar para 2 milhões e 600 mil portugueses. Perante estes dados demográficos, as políticas voltadas para as comunidades não deveriam ter outra importância e outros orçamentos? Muitos defendem aumentar o número de deputados que são no presente quatro, dois representando a Europa e outros dois fora da Europa. Eu iria mais longe e transformaria a secretaria de Estado num ministério onde as políticas fossem muito mais abrangentes e direcionadas a que cada um, dos milhões que residem fora do território português, usufrua dos mesmos direitos daqueles que são residentes em solo luso. Um Ministério que respondesse diretamente a problemas de solidariedade social, que vão ser cada vez mais frequentes devido à idade que esta população vai ganhando. Ao nível da cidadania, os consulados vão sendo poucos e com poucos recursos para “acudirem” à necessidade de tantos que orgulhosamente querem ser Portugueses, sendo a solução a criação de centros de atendimento desmultiplicados por vários lugares do território que o próprio consulado ocupa.

A nível cultural e desportivo muito mais se poderia fazer se as políticas apoiassem e guiassem aqueles que estão ávidos de fazer mais, mas não têm enquadramento para o fazer. Ao nível da economia, poderia ser feito um trabalho mais profundo e mais direto (não estou a criticar o bom do trabalho do AICEP, mas que me parece insuficiente) já para não falar da educação (língua portuguesa) onde existe um caminho muito longo a percorrer e que, como sabemos, aqui em Toronto (Instituto Camões) já passou por melhores dias, mas sobre isto falarei num artigo brevemente . Uma outra maneira seria manter a secretaria de estado, mas tirando-a da alçada do ministério dos Negócios Estrangeiros e ficando sob o olhar diário do primeiro-ministro como já aconteceu com o desporto, por exemplo, há bem pouco tempo. Se Portugal é o somatório de todos os portugueses, os de cá e os de lá, e se nos querem, a todos os que estamos fora de Portugal, como representantes da República Portuguesa, têm de nos dar a importância que ao fim de 50 anos de abril nunca foi dada. Somos e seremos os melhores representantes do nosso país, os melhores embaixadores da cultura e da história de Portugal.
“Um homem separado de um só homem é excluído de toda a comunidade.”-Marco Aurélio (imperador).

Vítor Silva/MS

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