Opinião

Programa de reunificação familiar… da lotaria à corrida

Dezenas de milhares de pessoas, sob um programa que permite que cidadãos canadianos e residentes permanentes, com mais de 18 anos, tragam para o Canadá membros da própria família, tentaram garantir a oportunidade de patrocinar a entrada no país de pais ou avós. O processo, iniciado na segunda-feira passada, servia para os eventuais candidatos poderem mostrar o seu interesse em avançar com uma aplicação formal. 

O governo Liberal tinha anunciado que admitiria um total de 20.000 pais e avós em 2019, um aumento em relação à cota de 17.000 de 2018. Mas para muitos dos que estavam ansiosos para se registar, o que aconteceu foi totalmente inesperado. 

Em poucos minutos, uma notificação apareceu nos écrans dos computadores, informando que já haviam recebido 27.000 inscrições e que o programa de 2019 estava encerrado.

Como se esperava, muitos dos que foram excluídos na segunda-feira (28) recorreram às redes sociais para expressar a sua frustração. As 27.000 inscrições recebidas na segunda-feira serão selecionadas para avaliar a sua elegibilidade e, com base na hora da chegada, os primeiros 20.000 considerados elegíveis serão convidados a inscrever-se. 

Entre os defensores do novo programa, que afirmam que este elimina a questão da “sorte” do sistema de lotaria e a sensação de impotência sentida pelos milhares que ficaram de fora, eu acredito que este novo processo se transformou numa espécie de competição para ver quem consegue teclar mais rápido. 

Eu vi, com os meus próprios olhos, essa corrida caótica para colocar as informações dos clientes no sistema informático no escritório do meu filho Jason.

Toda a equipa de Ferreira & Koach estava pronta para começar e preparada às 12:00 (como determinado pelo governo), mas o processo durou meros segundos.

Não é preciso dizer que o que aconteceu não podia, de modo nenhum, ter sido previsto. Além disso, devo dizer que nunca tinha visto nada parecido desde o dia em que comecei a trabalhar na imigração, em 1975. Seria quase engraçado, se não fosse tão trágico, que as famílias se mantivessem separadas por um processo arbitrário, que depende tanto da velocidade de digitação e da conexão à Internet como de qualquer outra coisa.

Acredito que este novo sistema foi criado para se tornar numa corrida, mas parece que alguns nem sequer conseguiram começá-la. Como indiquei em artigos anteriores, o anterior sistema da sorte ou lotarias era problemático e injusto, porque se estava a apostar na vida das pessoas. Como a política de imigração Liberal sugere que a reunificação familiar é um “pilar” ou, noutras palavras, um princípio importante, eu esperava melhor desta vez. 

Muitas famílias da nossa comunidade confiavam que esta seria uma opção transparente e viável para trazer seus entes queridos para o Canadá. Por enquanto, só lhes resta esperar pelo próximo plano revolucionário. Até lá, só podemos desejar que o governo considere seriamente a questão de reunir as famílias.

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