Opinião

Porque estamos neste labirinto?

SNC- Lavalin

Foi um começo interessante para um ano eleitoral. Aliás, o que tem acontecido faz-me pensar no que cada dia nos trará nesta saga. Depois de algum tempo e consideração das informações apresentadas até ao momento, acredito que há muito mais que não sabemos. Como afirmei no passado, o timing é tudo na política. Não pretendo acrescentar mais dados a essa confusão ou escândalo como é conhecido nos círculos políticos, mas sim comentar a principal razão pela qual nos encontramos neste labirinto.

Existem 117 empresas canadianas que, atualmente, aparecem na lista negra do Banco Mundial, constituída por 250 empresas, por participarem em projetos em todo o mundo sob a política de fraude e corrupção da organização. A maioria é afiliada da SNC-Lavalin, a empresa no centro de um escândalo crescente envolvendo o gabinete de Justin Trudeau e a ex-ministra da Justiça Jody Wilson-Raybould, depois de, alegadamente, o gabinete de Trudeau ter pressionado Wilson-Raybould a abandonar o caso de corrupção e as acusações de fraude contra a SNC-Lavalin. Graças a empresas como a SNC-Lavalin, o jornal Financial Post sugeriu que o Canadá está, rapidamente, a ganhar a reputação de ser “o lar das empresas mais corruptas do mundo”. Mas, segundo especialistas, os problemas enfrentados pela SNC-Lavalin e o gabinete de Trudeau são realmente sintomas de uma economia que se tornou dominada por um pequeno punhado de corporações muito poderosas e muito influentes.

Alguns comentadores afirmaram que seria compreensível, se o escritório de Trudeau tivesse pressionado a ministra da Justiça para adiar a acusação da SNC-Lavalin, já que esta empresa, um participante importante em contratos federais e um empregador de milhares, é grande demais para fracassar. Como a imprensa canadiana sugeriu, a chance de a SNC ser proibida de concorrer a contratos federais foi um choque para a comunidade financeira, que esperava que a ação judicial fosse adiada.

É um assunto delicado sem dúvida, pois pode ter havido interferência da parte do governo. Acredito que o Canadá tem tido um sistema de controlo sobre aqueles que são vistos como ligados ao governo há muito tempo. Com uma população grande e uma economia relativamente pouco diversificada, os governos tendem inclinar-se à vontade das gigantes corporações para “manter a economia estável.

Muito disto tem a ver com o tamanho da nossa economia. Dado que ela é uma economia menor, torna-se mais fácil alguns dominarem.
Seis empresas dominam o setor bancário no Canadá. Quatro empresas dominam o mercado de prestadores de serviços de internet. Três empresas dominam a transmissão de televisão em língua inglesa, a indústria de supermercados e as telecomunicações sem fio. Um duopólio domina o setor aéreo. E assim por diante.

Note-se que cinco dos bancos canadianos têm 90% da participação financeira. É como os postos de gasolina que têm magicamente o mesmo preço. Não é bom para os consumidores, mas bom para os proprietários. Quanto à energia, na prática, três empresas – Cenovus, Suncor e Canadian Natural Resources – dominam também. E, a menos que os preços do petróleo disparem drasticamente, os três grandes participantes da indústria de petróleo sentir-se-ão incentivados a aproximarem-se e colaborar. Na realidade, há uma tendência geral de concentração de participação de mercado em quase todos os lugares do mundo onde a concorrência é limitada e o mercado é partilhado por um pequeno número de produtores ou vendedores. Temo o dia em que eles se tornem “governos”.

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