Opinião

Os nossos emigrantes e o país!…

Enquanto o verão parece ter vindo para chegar e o calor amplifica os fogos, criminosamente ateados no interior do país, os partidos políticos aquecem as suas máquinas eleitorais, os nossos atletas ganham medalhas de ouro, os portugueses vão vivendo, embora com alguns problemas, de forma mais desafogada e o Estado com as “contas certas”.

Para que essa realidade económica seja possível muito contribui, entre outros fatores, a confiança que a governação tem imprimido ao seu povo e que não é apenas aquele que vive no país.

Tal como sempre tem acontecido, quando Portugal apela à solidariedade dos que habitam no país, também os vários milhões de portugueses que vivem no estrangeiro seguem a realidade portuguesa e continuam a aumentar as transferências das suas poupanças para o país. Desde 2010 que um total de 23 mil milhões de euros foi enviado, o que representa, em média, cerca de 600€ por minuto.

Em abril de 2018 essas receitas tinham atingido 289 milhões de euros para, em abril de 2019, chegarem a 357,6 milhões de euros, representando um aumento de 23,6%.

Em 2018, os países de origem desses principais fluxos financeiros, onde trabalham portugueses, foram (em milhões de euros): a França (1.133,3); a Suíça (899,5); o Reino Unido (343,9); os Estados Unidos (254,4); Angola (223); a Espanha (121,5) e o Luxemburgo (111,9).

Se verificarmos os elementos disponíveis dessas transacções entre Portugal e o resto do mundo, verificamos que, entre 1996 e 2018, os saldos foram sempre positivos para Portugal, entre as remessas que entram e as que saem do país, por via dos imigrantes residentes em Portugal, com um saldo de +3.152,7 milhões de euros.

Para muitos países, entre os quais o nosso, as remessas dos seus emigrantes representam uma considerável fonte de rendimento para as suas famílias nos territórios de origem, fomentando o seu crescimento e desenvolvimento e que vão fortalecendo uma forte ligação dos nossos emigrantes ao seu país, ajudando grandemente a economia portuguesa.

E esse impacto na economia portuguesa não é apenas no parque habitacional das terras de origem, nem tão pouco nos eventos lúdicos e comerciais que habitualmente por lá se realizam, nem apenas nas ideias de investimento que surgem com as suas continuadas visitas a Portugal, criando redes de negócio. A mobilidade humana atualmente existente e evolutiva fazem das sucessivas visitas ao país, por parte dos nossos emigrantes, uma enorme contribuição para o nosso exponencial aumento do setor do turismo, contribuindo para o desenvolvimento de todos os setores que a ele estão associados.

Mas (há sempre um “mas”, entre outros…), se por um lado os nossos emigrantes representam uma enorme fonte de divisas que entram no nosso país, também reduzem o nosso desemprego, a precisar cada vez mais de mão-de-obra e acabam por despovoar sobretudo o nosso interior, a precisar dramaticamente de mais habitantes. Razão pela qual o Governo português passou a apelar para o regresso dos emigrantes ao país, mas cujos incentivos que lhes propõem estão muito longe dos rendimentos que auferem nos países de acolhimento, não me parecendo vir a surtir efeitos práticos.

Da mesma forma, se as remessas monetárias dos nossos emigrantes contribuem para o equilíbrio das nossas contas do Estado, elas não são geralmente aplicadas na macroeconomia, desenvolvendo a base económica do país e criando empregos bem remunerados, mas antes na microeconomia, proporcionando uma elevação do poder de compra das famílias, o que, só por si, não consegue estancar a fuga dos nossos “cérebros” (trabalhadores mais qualificados) para países onde lhes são oferecidas muito melhores condições de trabalho e remuneração. É de facto interessante ter portugueses responsáveis em grandes instituições internacionais, mas não basta formar milhares de licenciados, mestres e doutorados, sem precaver a sua solução profissional. É preciso criar-lhes adequados empregos em Portugal porque, caso contrário, continuaremos no futuro a ser um país fornecedor de mão-de-obra, desta vez, qualificada – se bem que as condições deste país, “amado por todos” eram, há cinco anos atrás, um chorrilho de problemas políticos, económicos e sociais, não permitindo olhar o futuro com muitas ambições… Chegou agora o tempo de lançar as bases de uma maior consistência da nossa sociedade, suscitando o empenhamento dos residentes e dos não residentes, na construção de um país onde todos possam caber de corpo inteiro. Se as organizações políticas nacionais o considerarem… muito bem! Se assim não for… voltaremos ao tema daqui a dez anos!

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