Luís Barreira

Olha o balão!…

 

balao - milenio stadium (1)

 

Na passada semana os noticiários informativos foram invadidos por notícias acerca de um balão que vagueava pelos céus americanos.

Mas não era um inocente balão, daqueles que se soltam dos dedos de uma criança!

Independentemente das dúvidas sobre a origem daquele enorme balão, o certo é que colocou milhares de americanos a olhar para o balão e a interrogarem-se sobre a origem e os propósitos daquele engenho.

Para uns, os chineses proprietários daquele dispositivo (que tardiamente assumiram o seu património), tratava-se de um balão de recolha de informações atmosféricas que andava perdido e desgovernado pelos ventos. Para os outros, os americanos, tratava-se de um balão espião que fotografava uma zona sensível do território dos Estados Unidos, onde estão instalados os equipamentos nucleares americanos.

Fosse o que fosse, nada permitia que um engenho desta natureza sobrevoasse o espaço aéreo dos EUA, nomeadamente zonas de armazenamento de mísseis, fulcrais para o funcionamento da rede de mísseis balísticos intercontinentais, sem uma autorização especial dos territórios que sobrevoava, após ter passado pela costa Oeste do Canadá e as ilhas Aleutas, no Alasca. Como a autorização não se tinha verificado e as justificações chinesas não foram consideradas convincentes, foi abatido pela Força Aérea norte-americana!

O referido balão, que voava a 60.000 pés de altitude (acima do trajeto dos voos comerciais) e que, segundo os especialistas, dispõe de câmaras fotográficas, controlo por computador e move-se a energia solar (embora sujeito às consequências dos ventos), acabou sendo mais uma pedra no contexto das difíceis relações entre a China e os EUA, levando ao cancelamento da programada viagem do secretário de Estado norte-americano a Pequim, disposto a amenizar as relações diplomáticas entre os dois países.

Confesso que, ao tomar conhecimento desta história, deixei escapar um sorriso porque, mesmo que ainda não estivéssemos a 1 de abril (o Dia das Mentiras), considerava inverosímil que, em pleno século 21, algum país utilizasse um engenho próprio da Revolução Francesa do século 19, para espiar outro!

Numa estratosfera inundada por satélites e outros meios altamente técnicos para espiar o que quer que seja, um balão parecia-me desajustado no tempo e, além disso, utilizado por uma potência bélica recheada de dispositivos modernos para esse fim, como é o caso da China.

Embora este tipo de balões que podem ser utilizados na espionagem sejam, em relação aos satélites, muito mais baratos, mais fáceis de lançar, consigam uma maior área de visualização e um menor risco de serem detetados, sempre pensei que os chineses, com suas antigas tradições culturais, estivessem mais interessados pelos balões que lançam durante a Festa das Lanternas, quando comemoram o Ano Novo Chinês, do que servirem-se deste tipo de antigos artefactos para espiolhar os territórios de outros países. Sobretudo quando há 200 anos atrás eles tinham a vantagem de voar fora do alcance das antigas armas de guerra, situação que não acontece hoje!
Mais perplexo fiquei com a posição chinesa que, após o balão que violou o espaço aéreo norte-americano, do Canadá e o direito internacional, ter sido abatido pelos EUA, acusou estes últimos de “terem exagerado e violado as práticas internacionais” (??) e que se sentem no direito de retaliar!?… Segundo as autoridades norte-americanas, já não é a primeira vez que detetam aparelhos chineses em espionagem sobre o seu território e, além disso, no momento em que ocorreu este incidente, foi avistado outro balão chinês a sobrevoar a América Latina.

Reconhecendo que os chineses têm historicamente uma forma muito atenta e apurada de desenvolver a sua diplomacia e a arte da guerra, só me resta acreditar nos seus argumentos, nomeadamente de que estes balões têm apenas funções meteorológicas, ou seja, andam a “medir as temperaturas” dos países por onde passam!…No caso dos EUA, a temperatura deve ter subido fortemente quando um míssil atingiu este “pacífico” balão!

Luis Barreira/MS

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