Luís Barreira

O trágico ano 20 do século XXI!

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Se a dois meses do final do ano em curso pudéssemos antecipar um balanço deste ano 20, ele seria naturalmente designado como o mais terrível deste século, pela influência direta e indireta da pandemia de Covid-19 no bem-estar físico, material e moral da população mundial, nas dúvidas que suscita quanto ao futuro socioeconómico dos nossos modos de produção, nas suas consequências sobre a estabilidade dos nossos atuais modelos políticos e em todo um conjunto de alterações que se repercutem nos comportamentos sociais dos cidadãos.

Pela sua dimensão e virulência, esta pandemia que já infetou 42,9 milhões de pessoas em todo o mundo, matando cerca de 1,1 milhões e que não pára de se desenvolver, vai continuar a determinar a evolução da nossa forma de vida global, até aos limites de sobrevivência que ignoramos ou que não queremos prever, face à esperança de que uma imediata vacina milagrosa nos acorde deste pesadelo e reponha o mundo (pelo menos…) como estava.

Acordamos e deitamo-nos ao ritmo noticioso dos “recordes” de infeções e mortos Covid pelo mundo fora, como se de um concurso dos maiores países atingidos pelo vírus se tratasse (1° EUA; 2° Índia; 3° Brasil; 4° Rússia; 5° França; 6° Argentina; 7° Espanha; etc., etc.). Sentimo-nos temerosos e assustados com as consequências imediatas da desobediência social às normas preventivas que vão sendo aplicadas e contestadas por alguns líderes dos países mais afetados e alguns cretinos sob a sua influência.

Em Portugal, tal como no resto do mundo, esta pandemia evoluiu, em cerca de dois meses, de uma média diária de cerca de cento e poucos casos de infeções, para atingir atualmente mais de 3.000 mil casos diários, levando o Governo do país e as nossas autoridades sanitárias a decretar o “Estado de Calamidade”, que poderá atingir o “Estado de Emergência” se as infeções continuarem a progredir a esta velocidade. Em consequência da gravidade da situação, foi decretada: a obrigação de usar máscaras de proteção até na rua, durante três meses; a obrigatoriedade dos residentes dos concelhos de Paços de Ferreira, Lousada e Felgueiras, (onde houve um aumento exponencial de casos), ficarem em casa; proibição da circulação entre todos os concelhos do país, entre 30 de outubro e 3 de novembro (período de finados); diminuição dos horários de abertura dos estabelecimentos comerciais; mais limitações nos ajuntamentos, etc., etc. E, como diz o primeiro-ministro, nada impede que não venham a ser tomadas medidas mais gravosas se a situação o exigir, ou seja, se não se conseguir travar o grande crescimento infecioso pela Covid19, que está a começar a lançar o pânico entre os profissionais do Serviço Nacional de Saúde (SNS), a braços com a possível falta de recursos materiais e humanos, se a situação não se acalmar.

Mas, embora esta pandemia, os seus efeitos e a sua evolução, constitua ou deva constituir a principal e urgente preocupação dos humanos que habitam este planeta, a que devemos associar o aumento da pobreza mundial e que, nos últimos 10 dias, fez a Europa duplicar o número de casos em 200 mil infeções diárias, nem só a Covid-19 deve merecer a nossa atenção, no repositório de acontecimentos que vão marcar este ano 20.

Há outro vírus presente no contexto internacional que é preciso erradicar e cuja vacina está encontrada e com data de aplicação prevista a partir da próxima semana.

Trata-se, naturalmente, das próximas eleições presidenciais nos EUA, um país hoje quase irreconhecível, perante aquilo que esperaríamos da sua liderança interna e externa, que veio a acentuar as suas históricas clivagens rácicas e sociais a extremos. Um país dirigido por um personagem que não hesita em mentir descarada e publicamente sobre factos incontestáveis, tecer ameaças que fazem perigar a própria democracia americana ou mesmo abusar da supremacia internacional do seu país, no contexto das suas relações com o resto do mundo, não reconhecendo diferenças entre países amigos ou inimigos, desde que daí resultem vantagens políticas/económicas para si e para a claque financeira dos seus apoiantes.

O comportamento de Donald Trump, nestes quatro anos do seu mandato transfigurou os EUA, tornando a sua controversa presidência num “case study”, cuja avaliação só será corretamente possível muito para além do fim do seu mandato. A fragmentação que produziu na sua sociedade; o estilo “pacóvio” e virulento das suas intervenções públicas; o apelo constante aos valores mais conservadores da sua sociedade; o recurso ao isolacionismo utilitário dos EUA ou as suas estratégias mirabolantes e provocatórias no contexto das nações, fizeram deste protagonista e, pelo poder que representa, um dos homens mais amados ou mais odiados, entre os que já assumiram este cargo.

O pior da sociedade americana vai ficar impregnado com a sua marca. Além disso e considerando a hipótese de Trump perder as eleições e a transferência de poderes acontecer sem problemas, o candidato democrata vencedor (Biden), terá pela frente uma maioria republicana no Senado e no Supremo Tribunal o que, associado ao controlo dos grupos extremistas e outros inimigos internos, no seio de uma sociedade a travar uma enorme batalha contra a pandemia e expectante de uma rápida vacina (prometida por Trump), ao próximo responsável da Casa Branca espera-lhe uma luta de Titãs para conseguir governar esse país, após Trump.

Razões pelas quais estas eleições americanas atraem igualmente a nossa especial atenção, perto do final deste ano 20 do século 21, aguardando esperançadamente que possamos entrar no novo ano 21, mais longe das ameaças destes dois “vírus”: Covid-19 e Trump!

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