Luís Barreira

Das escaramuças à guerra?…

 

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Não! Não vos vou falar no arraial de pancadaria com que terminou o último jogo entre o FCP e o SCP, num desafio recheado de cartões vermelhos, aplicados por um árbitro que nem sempre conseguiu distinguir uma falta cometida, de uma encenação teatral dos jogadores. No final e perante uma espécie de arena romana enraivecida no “dragão”, os jogadores e técnicos envolveram-se num espetáculo extra, que estávamos habituados a ver nos campeonatos sul-americanos. Uma vergonha!

Também não vou perder muito tempo num assunto que é hoje a ordem do dia dos noticiários portugueses. Trata-se do facto da polícia judiciária portuguesa, por informação da sua congénere norte-americana FBI, ter evitado um ataque ”terrorista” contra alunos e professores da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, por parte de um jovem aluno de 18 anos dessa universidade que, segundo consta, sentia-se prejudicado pelo professor que o tinha acusado de plágio num dos seus trabalhos. O rapaz foi preso antes de ter perpetrado o seu desígnio e permanece em prisão preventiva até ao julgamento. Atenção pais que, comodamente, deixam os seus “miúdos” fechados no quarto a consultar sites perigosos, como a “Dark Web”, em vez de os ajudarem a construir a sua socialização.

Mas o que me traz hoje aqui é algo muito mais perigoso para todos os europeus e a que temos assistido no “sofá”, como tudo se desenrolasse habitualmente, longe da vista e, tantas vezes, longe do coração.

Trata-se de uma guerra em preparação que opõe no terreno a Rússia à Ucrânia e que, nas suas consequências diretas, vai envolver a Europa e os EUA.

A Ucrânia, antiga república soviética cuja capital é Kiev e que faz fronteira com a Bielorrússia, a Rússia, a Moldávia, a Roménia, a Hungria, a Eslováquia e a Polónia, que desde 2014 e após a sua aproximação ao Ocidente se defrontou com a anexação da Crimeia pela Rússia, está envolvida numa guerra contra separatistas pró-russos que, com o patrocínio russo, tomaram o poder em duas das suas regiões do leste, formando as Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk, onde vivem cerca de 1 milhão de pessoas. A Ucrânia vê-se agora sitiada pela Rússia, que mantém mais de 150.000 soldados russos, equipados com as suas armas mais letais, concentrados junto às suas fronteiras numa clara ameaça de invasão.

A chamada “revolução de Maidan”, que conduziu ao poder um Governo ucraniano pró-ocidental e que teve como consequência a anexação da península da Crimeia pela Rússia e os conflitos no leste do país, encaminhou a Ucrânia para relações estreitas com o ocidente, entre as quais a perspetiva da sua integração no dispositivo de defesa da NATO, o que não é consentido pela Rússia.

Em 2014/15 a Ucrânia era um “Estado neutral”, não-alinhado em qualquer aliança militar, no entanto viu-se com a perda de território e os conflitos a leste ocasionados pela Rússia. No seu caso particular, verificou-se que a russificação do seu território (uma das bandeiras de Estaline para minimizar conflitos autóctones), levou a que muitos russos no país considerassem justo e legitimo que a Crimeia se juntasse à Rússia, o que aconteceu de forma rápida e sem guerra (lembrando Hitler em 1938 e a anexação da Áustria pela Alemanha).

Enquanto o Ocidente considera que é inaceitável negar a um país independente o direito de escolher a que aliança militar deve pertencer, acusando a Rússia de pressão militar nas fronteiras da Ucrânia e os EUA ameaçam claramente o suposto invasor com uma guerra total, os europeus tentam encontrar um acordo diplomático possível, perante um clima agudizado e a aproximar-se perigosamente de uma fase sem retorno, uma vez que ninguém quer perder a face nesta disputa.

A Rússia reafirma não querer invadir a Ucrânia e até pode haver algo de verdade nas suas afirmações. Afinal bastar-lhe-ia fazer da Ucrânia uma manta de retalhos com pequenas “repúblicas” controláveis por si, tal como fizeram com Donetsk e Lugansk, retirando a NATO das suas fronteiras (exigência russa que, embora de sinal contrário, nos faz recordar os anos 60 do século passado e a oposição dos EUA à instalação de mísseis da URSS em CUBA).

Pensávamos que após a queda do muro de Berlim e a dissolução da União Soviética, com todas as transformações sociais que, entretanto, se operaram, evitaria o clima de “guerra fria” que atualmente se instalou entre os EUA e a atual Federação Russa, mas parece que a história tem tendência a recuar quando foi mal resolvida!

Pelo perigo que representa para a humanidade e, nomeadamente, para os povos abrangidos por uma guerra em larga escala, é essencial apostar todas as fichas numa solução de compromisso entre as partes envolvidas, que evite esta explosão de antagonismos que atualmente parece imparável. Há até quem pense numa solução à sueca, país que se mantém neutral, em relação aos blocos militares, desde o fim da 2° Guerra Mundial, mas que mantém uma ligação muito forte com a Europa ocidental.

É preciso evitar a guerra, não procurando incentivá-la, mas construir pontes de aproximação entre as partes que, no atual estado das coisas, tem de corresponder a cedências mútuas. Que nenhuma das partes envolvidas se julgue capaz de defrontar e ganhar à outra porque, pelo meio, teríamos de chorar os muitos milhares de vítimas.
No caso de uma guerra na Europa, com inevitáveis consequências mundiais, ninguém está a salvo, quer seja pelas suas consequências militares ou pelas necessidades energéticas dos países, nomeadamente a Alemanha. Além de que a Europa não tem uma formação internacional militar, dependendo da NATO e das suas iniciativas, pelo que serão os americanos a decidir no caso de um conflito mais geral o que, nem sempre fizeram na direção certa!…

Que a paz ilumine os espíritos dos nossos atuais políticos mundiais, respeitando os justos direitos dos seus povos, sem agredir os direitos dos outros!

Luis Barreira/MS

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