Luís Barreira

Covid em Portugal. O regresso ao passado recente!?

 

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Créditos: Surprising_Shots

Tendo em consideração a difícil situação em que se encontra praticamente toda a Europa e a subida das infeções e internamentos hospitalares no nosso país, provocadas pela estirpe SARS-CoV-2 (que, na passada semana, atingiu uma média de 3.000 infeções diárias), e apesar da população portuguesa ter atingido um elevado nível de vacinação, era inevitável que o Governo português tivesse que adoptar um conjunto de medidas restritivas que, embora moderadas para não provocarem grande desgaste na economia nacional, permitissem controlar minimamente os efeitos da transmissibilidade da doença, nestes momentos particulares de convívio que são o período natalício e de fim de ano.

Assim e porque esta informação pode ser interessante a todos os nossos concidadãos que residem no estrangeiro e vêm a Portugal neste período, assim como a todos os outros que nos visitem, observei que na passada semana, o Governo decretou o “Estado de Calamidade” a partir de 1 de dezembro, no qual se incluem um conjunto de apelos à contenção dos cidadãos, evitando grandes concentrações e incentivos à generalização do uso de máscaras de proteção, além das seguintes medidas:

-Todas as pessoas que entrem no país por via aérea, ou utilizando as fronteiras terrestres, marítimas ou fluviais, são obrigadas a apresentar teste negativo à Covid-19, assim como o certificado digital de vacinação da União Europeia, para todos os voos com destino a Portugal continental, aplicando-se pesadas multas às companhias aéreas que não observem esta determinação. Significa que, para entrarem no avião, os passageiros terão de exibir um certificado “na modalidade de certificado de teste ou comprovativo de teste negativo (PCR ou antigénio), realizado nas 48 horas anteriores à hora de embarcar;

-“As máscaras de protecção passam a ser obrigatórias em todos os espaços fechados que não sejam considerados excepcionais pela DGS e o certificado digital passa a ser obrigatório nos restaurantes, alojamentos turísticos, eventos com lugares marcados e ginásios”;

-Nas visitas aos lares, a doentes internados em qualquer estabelecimento de saúde, na presença em todos os grandes eventos (sejam eles culturais ou desportivos), que se realizem em locais improvisados sem lugares marcados e em todos os recintos desportivos, cobertos ou ao ar livre, assim como na entrada em bares e em discotecas, é exigido um teste negativo, além do certificado digital;

-O primeiro-ministro informou igualmente que, entre os dias 2 e 9 de janeiro de 2022, haverá uma semana de “contenção de contactos”. O teletrabalho será obrigatório, as escolas em todos os níveis de ensino serão encerradas através de uma alteração do calendário escolar (com o segundo período a iniciar-se a 10 de janeiro) e os bares e as discotecas serão encerrados nesse mesmo período. Trata-se de tentar perceber se as medidas agora adoptadas resultaram positivamente no período das festas anteriores.

Embora queira acreditar, não sei se todo este conjunto de restrições (consideradas “leves”) será capaz de conter a propagação desta doença e evitar a autêntica situação catastrófica que nos atingiu em janeiro deste ano. E isto porque, para além de não termos ainda conseguido expurgar a variante “Delta” do Covid-19, que continua a ser dominante no país e embora cerca de 87% da população portuguesa esteja totalmente vacinada, assim como 100% dos maiores de 50 anos e mais de 1 milhão dos maiores de 50 anos já terem tomado a dose de reforço (o que, não evitando a eventual infeção, retira perigosidade à doença), este vírus mortal está permanentemente a mudar de formas maléficas, deixando-nos em alerta e de olhos e ouvidos postos na nossa comunidade científica que, como é óbvio, nem sempre tem respostas imediatas face ao desconhecido.

E um desses vírus ainda desconhecidos, a variante “Ómicron”, que é a 12° variante do SARS-CoV-2, já considerada como tendo “um grande número de mutações, algumas das quais preocupantes”, que foi identificada pela primeira vez na África do Sul e igualmente localizada em países e regiões como: Portugal, Espanha, Bélgica, Israel, Hong Kong, Botswana, Essuatíni, Lesoto, Namíbia, Zimbabué, Austrália, Reino Unido, Alemanha, República Checa e Itália e que já conduziu Portugal, entre outros países, a anular os voos para Moçambique e África do Sul, exigindo uma quarentena de 14 dias a todos aqueles que entrem em Portugal oriundos dessas paragens, começa a preocupar-nos pela rapidez com que tem vindo a alastrar e a levantar-nos dúvidas sobre a eficácia das vacinas que já tomámos, contra esta nova estirpe.

Salvo um bando de “iluminados” negacionistas que não acreditam, ou não querem acreditar, nos benefícios da vacinação contra esta epidemia e alguma percentagem das gerações mais novas, descuidadas e irreverentes, que fazem desta doença um “jogo de vida ou de morte virtual”, arriscando-se e arriscando os outros, muita gente começa a acreditar que este “super vírus” veio para ficar obrigando-nos, até que o conhecimento científico o permita, a prepararmo-nos para tomarmos novas vacinas anuais!

Tais circunstâncias a verificarem-se, vão exigir-nos uma permanente adaptação a estas epidemias, no plano pessoal e coletivo, recorrendo aos fármacos e proteções que nos vão sendo aconselhados pelos especialistas e reorganizando os nossos aparelhos produtivos às cíclicas situações que nos acontecerem.

Não sei se, ao fim de algum tempo e pela habituação disciplinada e precavida à coexistência com estes vírus por agora mortais, não passaremos a uma atitude rotineira e ausente de pânico, igual àquela que tantas vezes assumimos face a tantos outros vírus que nos infetam.

Até lá rogamos individualmente “a todas as capelinhas” para não sermos infetados, esquecendo-nos (??) que, neste mundo global, um espirro numa região recôndita e pobre de uma qualquer parte do planeta (onde se morre mais por fome do que por ação de um qualquer vírus…), pode vir a originar uma “gripe” mortal na nossa bela a apetrechada casa!

Luiz Barreira/MS

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