Luís Barreira

Coisas do clima daqui e de acolá!…

Coisas do clima daqui -uk-mileniostadium
Crédito: cop26.

Neste pequeno país à beira-mar plantado, rodeado de montes e vales de (des) inspiração política por todos os lados, banhado por um oceano que lhe vai lavando as feridas causadas pela dissolução do parlamento e um sol de inverno que lhe aquece o ânimo até às próximas eleições marcadas para 30 de janeiro próximo, Portugal vai rodopiando ao sabor dos ventos soprados por uma “esquerda” que se diz não culpada e uma “direita” que é  pouco  dotada.

Habituados a caminhar sobre os escolhos provocados pelas crises económicas, financeiras, sociais e políticas, quase sempre em simultâneo, os portugueses estão apreensivos por esta alteração climática da estabilidade nacional poder parecer apenas política, quando tempestades se avizinham, pela leitura meteorológica do estado sanitário da Europa face ao Covid, o aumento de preço da energia e as preocupações com a eventual falta de bens de consumo.

A tudo isto acresce pensarem que a solução encontrada, no rescaldo do ciclone que nos atingiu com esta crise, essa mesma crise tem tendência a repetir-se, em consequência do carbono e do metano, expelidos pela irritação de parte da nossa comunidade política, que continua a fazer aumentar o buraco de ozono que afeta o temperado clima que antes desfrutávamos, pondo-nos a torrar pelos raios que “os partam”, cuja cor ultravioleta está para além da carvoada ideológica com que pintam os seus menus!

Mas… basta de sarcasmos!

A pensar nos climas nacionais e planetário, têm estado reunidos os líderes mundiais numa conferência em Glasgow, designada por COP26 (26° Conferência das Partes), tentando (mais uma vez…) chegar a um acordo sobre a forma de curar o planeta dos males que lhe temos causado.

A 12 de dezembro de 2015 em Paris, quando os países decidiram limitar o aquecimento global cortando as emissões de gases com efeito de estufa, para limitar o aquecimento a 1,5°C, cortando para metade até 2030 e zero até meados de metade do século e apesar de toda a base científica que validava essas propostas, os grandes poluidores “esqueceram-se” dos compromissos assumidos, em nome dos “climas económicos nacionais” e outros, em nome dos mesmos “climas”, puseram em causa a verdade científica outorgando-se de “sabichões das teorias da conspiração”. Resultado disso: há um aumento de 16% de emissões de gases de estufa em 2030, comparativamente a 2010, que vai conduzir a um aquecimento de +2,7°C, muito longe dos objetivos traçados dos 1,5°C, decididos no Acordo de Paris, o que prenuncia a continuação de dilúvios, inundações, furacões cada vez mais fortes, incêndios e secas devastadoras um pouco por toda a parte.

Independentemente das medidas que têm vindo a ser assumidas por alguns países, onde se destaca a União Europeia, para diminuir o recurso aos combustíveis fósseis, o problema do planeta é global e, perante tamanha diferenciação entre as economias nacionais mundiais e a continuada utilização desses recursos por parte de certas economias desenvolvidas para não comprometerem o status quo do seu crescimento económico: o petróleo, o gás e o carvão representam ainda 80% do consumo final de energia, sendo responsáveis por 75% das alterações climáticas.

Bem certo que estamos perante um problema muito sério para ser resolvido globalmente, que exige uma grande ajuda financeira a países que não a dispõem e, em particular, às sociedades em trânsito para as energias verdes ou ecológicas. O mundo está submerso em hábitos de produção e consumo nocivos ao ambiente e a sua alteração não se compadece com os gritos juvenis “fim dos combustíveis fósseis já!” , dos jovens que muitas vezes se deslocam para as manifestações com aviões ou carros poluidores (…), embora se compreenda a sua preocupação com o estado do planeta que as mais velhas gerações lhes deixam e o impacto que tais manifestações têm nas suas sociedades.

Não há imediata solução para toda a panóplia de problemas que as emissões de gases de estufa ou a desflorestação das nossas florestas causam ao ambiente. As energias renováveis embora mais caras, seguem o seu caminho; a pesquisa e utilização de fontes de abastecimento de hidrogénio, para converter viaturas a combustíveis fósseis, permitindo que os lixos deixem de ser despejados em aterros, utilizando na sua produção resíduos domésticos, ar e uma pequena quantidade de água, está em franca expansão; a reflorestação das florestas colhe cada vez mais apoios; os veículos movidos a eletricidade, através de baterias, pese embora as dificuldades e contrassensos com a criação destas, são hoje um produto praticamente de todos os fabricantes automóveis e tantas outras descobertas científicas neste domínio e em todos os setores da nossa vida social, indica-nos que estamos no bom caminho, mas a solução global… não é para já!

Transformar toda a produção industrial, consequência da Revolução Industrial do século passado e alterar os hábitos de consumo das sociedades desenvolvidas e de toda a sua geração de bem-estar e que é objeto da esperança de muitas outras sociedades subdesenvolvidas, tem um preço que, por vezes, é muito elevado. Para que não se volte aos primórdios da Revolução Industrial em que os anarco-sindicalistas destruíam as novas máquinas para evitar o desemprego, é preciso alargar os conhecimentos científicos e novas formas de produção humanas e materiais, capazes de assegurar o novo enquadramento dos trabalhadores e a dignidade do seu esforço, bem como a consciencialização das sociedades para os objetivos em causa, ou seja, a sua sobrevivência!

Esta COP26 aumentou o nível de preocupação entre os líderes mundiais que a ela assistiram, embora agora como antes, subsista a dúvida se levarão à prática todos os compromissos que assumiram no papel. No entanto, há algo no seu resultado residual que me deixa satisfeito: nenhum desses dirigentes tem agora a coragem de afirmar que a iminência das grandes catástrofes planetárias atuais não é uma consequência das alterações climáticas que produzimos no planeta, o que já é significativo e retira espaço a todo o tipo de negacionistas que influenciam as decisões a seu belo prazer e interesse!

Luis Barreira/MS

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