Luís Barreira

As diatribes do governo e a exigência de bem governar!

 

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Na passada semana dei-vos conta da crise política que envolveu o Governo português, a braços com uma trapalhada causada por si próprio, com um “corridinho” de governantes nomeados para o governo a serem posteriormente demitidos, ou a demitirem-se, após terem sido publicamente conhecidas razões que os impediam de se manter nos lugares para os quais tinham sido designados.

Esta embrulhada de nomeações e demissões (12) é consequência da incapacidade do atual governo em analisar convenientemente todas as situações que envolviam as pessoas que designava para os cargos governamentais e ao qual se podia adicionar a ambição pessoal de alguns dos envolvidos para obterem lugares no governo, escondendo ou evitando revelar ao governo algumas das “nódoas” do seu comportamento anterior.

Entretanto e no seu estilo “soft”, o primeiro-ministro tentou passar uma esponja sobre o assunto (perante um coro de protestos por parte da oposição e dos comentadores políticos, queixando-se das inúmeras falhas de informação sobre quem sabia, ou não, da indemnização milionária da ex-secretária de Estado das Finanças), nomeando novos ministros e secretários de Estado e remetendo as respostas às dúvidas para um inquérito que está a ser realizado pala Inspeção Geral das Finanças (IGF). Na mesma ocasião, decidiu também substituir a atual secretária de Estado da Agricultura, por motivo de doença da anterior, colocando no seu lugar Carla Maria Gonçalves Alves Pereira.

Então não é que, no dia seguinte à nomeação desta última e depois de toda a confusão gerada, um jornal quotidiano português, denuncia que a tal Carla Alves Pereira tem várias contas conjuntas com o marido arrestadas, pelo facto de que o seu marido, antigo presidente da Câmara Municipal de Vinhais, estava a ser investigado pela Polícia Judiciária desde 2013. E isto porque, nas contas do casal, entrava muito mais dinheiro do que era declarado. Informação que consta na acusação que lhe é imputada, ou seja, culpado de crimes de prevaricação e corrupção ativa. Segundo a acusação, nas contas do casal entraram 763 mil euros não declarados ao fisco.

Embora Carla Alves Pereira não tivesse sido acusada de nada e o primeiro-ministro tivesse vindo a público em sua defesa, tentando demonstrar que o facto de a senhora estar casada com alguém que é acusado de um crime não belisca a inocência dela, o facto é que o ambiente criado depois de tudo o que se tem passado com as nomeações para cargos políticos e a enorme contestação gerada (entre os quais a do Presidente da República) por mais esta “bomba”, a adicionar a mais de uma dezena de outras semelhantes, em tão pouco espaço de tempo desta governação, a senhora acabou (ao fim de 24 horas…) por também se demitir do cargo, evocando problemas pessoais e profissionais.

Por ser evidente que o atual governo, eleito há tão pouco tempo tem: a maioria absoluta no parlamento; que as atuais sondagens de opinião dos portugueses continuam a manter o Partido Socialista com maioria de votos e o principal partido da oposição, o PSD, continua a não se apresentar ao eleitorado com um programa alternativo e apelativo (talvez por isso a sua criticada fraca atitude contestatária face a estes momentos críticos do governo), o Presidente da República, após muitos apelos à sua intervenção, veio a terreiro informar que não dissolverá a Assembleia da República! Antes quer que o governo governe e bem!

E bem precisa de governar muito bem!

Para além da guerra que assola a Europa sem previsão do seu futuro, a inflação consequente que afeta a nossa sociedade e alguns dos problemas crónicos de algumas das nossas instituições que prejudicam os cidadãos, o ano de 2023 é um ano decisivo para que Portugal possa aplicar convenientemente os muitos milhões de euros de que vai ser dotado pelos Fundos Europeus.

Independentemente dos maiores ou menores atrasos na concretização dos projetos sujeitos à aplicação das regras estabelecidas pela União Europeia, quanto à utilização dos referidos Fundos, os montantes financeiros incluídos nos programas Portugal 2020, o novo Portugal 2030 e a “bazuca” do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) podem exceder tudo o que temos recebido de Fundos Europeus.

A situação inédita de se acumularem três grandes quantias em simultâneo, pode ocasionar que o país possa obter uma média superior a um milhão de euros por hora!…

É muito dinheiro para se poder perder em crises governamentais intestinas, em incompetências na gestão dos dinheiros públicos ou em situações de bloqueio governativo, fomentadas por algumas forças políticas da atual oposição, tentando impedir a ação do governo e, simultaneamente, captar o interesse de algum eleitorado, face à aproximação (embora ainda distante), de próximos períodos eleitorais, nomeadamente: as eleições europeias (2024); eleições autárquicas (2025); legislativas (2026), ou mesmo as presidenciais portuguesas em 2026.
Se a situação internacional provocada pela guerra na Ucrânia não o vier a impedir, por muitas dificuldades políticas ou sindicais que o futuro próximo nacional apresente à ação governativa, será imperdoável se o atual governo de maioria absoluta no parlamento e já uma longa experiência de resolução de conflitos, não concretizar a correta aplicação destes Fundos Europeus, uma das grandes esperanças na modernização do país e do bem-estar do seu povo.

Luis Barreira/MS

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